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Governo de Roraima inaugura nova sede da Secretaria dos Povos Indígenas e centro de artesanato
O Governo de Roraima reinaugurou, nesta segunda-feira, 17, a sede da Sepi (Secretaria dos Povos Indígenas) e do Centro de Artesanato Indígena Ko’Go Damiana, totalmente revitalizados e ampliados. O investimento foi de R$ 1 milhão em recursos próprios do Tesouro Estadual, além de R$ 80 mil destinados pela ex-deputada federal Joenia Wapichana. As entregas vão beneficiar diretamente os 15 municípios, que também receberam implementos agrícolas.
O governador Antonio Denarium destacou que a reinauguração da sede da Sepi representa um novo ciclo para as políticas públicas voltadas aos povos originários em Roraima. Ele ressaltou que o prédio foi totalmente revitalizado, ampliado e preparado para oferecer mais conforto aos servidores e às comunidades indígenas.
“Roraima vive o maior volume de investimentos da história voltado às comunidades indígenas. Nossas ações chegam a todos os municípios e regiões com estradas, pontes, projetos produtivos e equipamentos”, declarou.
Ele reforçou que há iniciativas fortes nas áreas produtivas agrícolas, além da entrega de casas de farinha, tratores, suplementos e diversos apoios que fortalecem a geração de renda. “O Governo do Estado trabalha para criar oportunidades, gerar desenvolvimento e promover prosperidade. Os povos indígenas precisam do apoio do Estado e na nossa gestão contam com o nosso suporte integral”, afirmou.
O vice-governador Edilson Damião destacou que a nova sede da Sepi simboliza o avanço das políticas públicas voltadas às comunidades. Ele lembrou que melhorias estruturais realizadas pelo Governo já transformam o cotidiano de várias regiões.
“A alegria de inaugurar essa obra vem do reconhecimento pelo trabalho das comunidades indígenas. Por exemplo, quem vai para o Uiramutã já percebe como a estrada melhorou, passou por diversas manutenções e hoje o trajeto está muito melhor, graças ao esforço do Governo”, disse, ressaltando o apoio da Assembleia Legislativa no processo, que tem alocado recursos para a Seinf (Secretaria da Infraestrutura).
Edilson ressaltou também os resultados das iniciativas produtivas. “Há poucos dias estivemos em Amajari acompanhando mais de 30 hectares de milho plantados com apoio do Governo. O Estado fornece sementes, o Iater [Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural] prepara a terra e auxilia na colheita, fortalecendo a autonomia das famílias”, explicou.
Participaram da cerimônia a secretária da Sepi, Síria Mota; a conselheira Telma Taurepang; o prefeito de Normandia, Raposo; vereadores dos municípios de Bonfim, Uiramutã, Pacaraima, Cantá e Alto Alegre; o tuxaua Renison Miguel; o deputado federal Stélio Dener; e os deputados estaduais Lucas Souza, Marcelo Cabral, Joilma Teodora e Armando Neto, além de apresentações culturais dos grupos indígenas Kapói, Dunui Sannau e Diri Diri.
O tuxaua Renison Miguel, liderança da comunidade Bom Futuro, no Uiramutã, afirmou que os investimentos realizados pelo Governo já transformam a realidade produtiva das famílias indígenas. Ele lembrou que o apoio começou com o cultivo de milho e agora se estende a projetos maiores.
“Começamos com o milho e hoje temos um projeto de avicultura com mais de 50 mil aves. Além disso, a secretaria está implantando mais de 133 pisciculturas na região”, exemplificando ainda que as iniciativas beneficiam mais de 2.500 famílias, garantindo autonomia produtiva e novas fontes de renda.
“Só tenho gratidão. Roraima é um Estado grande, com muito potencial. Precisamos da agricultura, da piscicultura, da avicultura e da pecuária para melhorar a vida do nosso povo. E esse governo tem trabalhado por nós”, afirmou.
A secretária da Sepi, Síria Mota, afirmou que o novo prédio representa não apenas uma reforma estrutural, mas um marco na forma como o Estado conduz as políticas indígenas.
Ela fez questão de reconhecer a atuação das lideranças tradicionais, coordenadores e mulheres das comunidades e frisou que a Sepi é uma secretaria com gestão feita pela própria população indígena, o que garante maior alcance e efetividade das ações.
“Se não fosse a parceria com as lideranças, coordenadores e mulheres, a secretaria não teria chegado tão longe. Neste governo, as políticas públicas chegaram a comunidades que nunca tinham sido atendidas. Temos uma equipe de excelência, que trabalha todos os dias com respeito e cuidado pelas pessoas. Este é um novo momento da Sepi, e vamos chegar ainda mais longe”, concluiu.
Entregas e nova feirinha da Sepi
Na oportunidade, o governo também anunciou a expansão do projeto de piscicultura para 2025, que será implantado em 133 polos de produção distribuídos por todos os municípios do Estado. Cada polo atenderá grupos organizados de dez famílias, totalizando 1.330 famílias beneficiadas diretamente.
As ações incluem a entrega de chocadeiras para que as comunidades possam manter a produção de aves e ovos dentro das próprias aldeias, sem depender do deslocamento até a cidade, garantindo autonomia, continuidade produtiva e fortalecimento das ações de agricultura familiar indígena. Além disso, a partir da próxima semana, todas as sextas-feiras, das 7h30 às 13h30, será realizada a Feirinha da Sepi, com exposição e comercialização de produtos e artesanato indígena.
Centro de Artesanato Ko’Go Damiana
Damiana Raposo, conhecida como Ko’Go Damiana, nasceu na região da Raposa em 1890, hoje Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no município de Normandia. Casou-se com o também macuxi José Viriato Raposo, com quem fundou a Comunidade da Raposa. Parteira, rezadeira e artesã, utilizava fibra de buriti, cipó-titica e algodão para produzir redes e tipoias, além de confeccionar panelas de barro.
O conhecimento da matriarca foi repassado por gerações, garantindo trabalho e renda às famílias. Cantava e dançava o parixara, areruia e tukui, sempre na língua materna, pois nunca falou português.
Teve filhos que se tornaram grandes lideranças, incluindo Gabriel Viriato Raposo e Caetano Viriato Raposo, ambos tuxauas por décadas, além de Abel Viriato Raposo, primeiro macuxi a assumir o cargo de chefe de posto da Funai na comunidade. Damiana viveu mais de 112 anos e seus ensinamentos mantêm vivos os ritos e saberes do povo macuxi, tornando seu nome uma referência cultural para Roraima.
