Os jornalistas Rogério Bié e Euziane Bastos farão, nesta quinta-feira (11), às 19 horas, a pré-estreia do documentário “Filhos do Vento”. Desenvolvido durante a conclusão do curso de Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o trabalho aborda impactos da energia eólica em comunidades tradicionais. A gravação foi feita na comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati, e será mostrada no Cineteatro São Luiz, com entrada gratuita.
Atualmente, os dois profissionais atuam na Assessoria de Comunicação da Secretaria da Educação (Seduc), na área de redes sociais.
Cleomar Ribeiro é uma das residentes do quilombo do Cumbe. No documentário, ela conta sua história de luta contra as restrições ao território trazidas pela instalação do parque eólico (Foto: reprodução “Filhos do Vento”)
Em meio a uma acalorada discussão nacional sobre energias renováveis, em que se sobressai a matriz eólica e o hidrogênio verde, o longa traz a versão de quem vive de perto as consequências socioambientais da instalação de parques eólicos. O foco são os “filhos do vento”, crianças e adolescentes que nascem de relações entre moradores da comunidade que recebe o grande empreendimento e trabalhadores que vêm de outras cidades para trabalhar na obra.
A comunidade escolhida para as gravações foi o quilombo do Cumbe, que fica localizado no município de Aracati, litoral leste do Ceará. A escolha dessa comunidade para o documentário foi motivada pelo histórico de grandes projetos instalados no local ao longo dos anos, sendo o último deles um parque de energia eólica com 67 aerogeradores, em 2008, que se tornou foco de diversos conflitos associados à interferências na mobilidade pelos campos de dunas, soterramentos e privatização das lagoas interdunares, fomento às desavenças internas, alteração da paisagem estética, modificação das atividades de subsistência e alteração dos espaços de lazer.
Durante a construção do parque eólico até os dias de hoje, os moradores da comunidade têm dificuldades em circular no território de dunas, que antes era utilizado para lazer e atividades econômicas (Foto: reprodução “Filhos do Vento”)
“Esperamos que as pessoas que assistirem ao doc possam criar uma leitura mais crítica do discurso de grandes empreendimentos sobre energia limpa”, explica a jornalista Euziane Bastos. “Acredito que esse é o papel do jornalismo. Não apenas mostrar o que é conveniente a quem possui o capital, mas trazer a perspectiva de quem está do outro lado”, completa.
Desafios
O jornalista Rogério Bié destaca que o documentário é resultado de um processo rico de pesquisa, entrevistas e mapeamento de campo. “Ao todo, fomos três vezes ao Cumbe para as gravações, que foram feitas com uma câmera semiprofissional, equipamentos emprestados e com nossos celulares”, explica.
Para as entrevistas em Fortaleza, os profissionais contaram com a ajuda de dois amigos que possuem câmeras profissionais. Já na terceira visita ao Cumbe, tiveram a companhia de dois amigos produtores, que cederam parte de seu equipamento para as gravações.
Bié também ressalta que, apesar das dificuldades, está orgulhoso do trabalho entregue, que foi aprovado com nota máxima pela banca avaliadora. “Como estudantes universitários dando a cara a tapa em um projeto dessa magnitude, precisamos enfrentar muitos perrengues e lidar com as diversas limitações. E essa garra está muito presente em cada detalhe do filme. É por isso que ele tem tanta alma e força”, diz.
As gravações no Cumbe foram feitas em três idas à comunidade, com recursos próprios e de forma independente (Foto: arquivo pessoal)
Sinopse de “Filhos do Vento”
O documentário é um longa-metragem de 74 minutos que mergulha nos conflitos socioambientais vivenciados na comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati (CE), diante da chegada de um parque eólico em 2008. Sem serem consultados, os moradores deram início a uma campanha de oposição contra os impactos que o empreendimento causou aos seus modos de vida, cultura e relação com o território.
O documentário revela o cenário de conflitos e contradições por trás do discurso de “energia limpa” dos grandes empreendimentos que se expandem pelo Ceará e pelo Brasil. Humano e sensível, o filme é uma narrativa direta sobre a luta pela preservação de uma comunidade quilombola frente às mudanças trazidas por grandes empreendimentos.
Serviço
Pré-estreia do documentário “Filhos do Vento”
Quando: dia 11 de abril (quinta-feira), às 19h
Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 – Centro)
Entrada gratuita
Contato: [email protected]
Instagram: https://www.instagram.com/filhosdovento.doc/
Fonte: Governo do Estado do Ceará
