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Movimento é vida

O corpo humano é essencialmente movimento. Voluntária ou involuntariamente, estamos movimentando todas as partes do nosso corpo, a todo momento. O movimento tem até uma ciência para estudá-la: a cinesiologia. Compreensível, já que essa função, além de ser (ou até por ser) inerente ao ser humano, pode ficar prejudicada por diversos fatores e, até mesmo, por nossa movimentação feita de modo errado. Só por isso já é possível vislumbrar a importância do profissional fisioterapeuta. 

Desde a Grécia antiga, as pessoas se interessavam por terapias pelo movimento como uma forma de tratar os doentes. Também na China Antiga, a cinesioterapia era utilizada extensivamente em doenças. Mas foi apenas no século 20 que a fisioterapia ganhou status de profissão, forçado pelo alto número de feridos e lesionados, saldo das duas grandes guerras mundiais, que precisavam ser reinseridos na vida econômica e social. 

Com o tempo, cada vez mais a importância do profissional como agente de promoção de saúde foi sendo reconhecida. Na Assembleia Legislativa de Goiás, vários projetos têm buscado levar a assistência desse profissional à população. Um deles é a proposta do deputado Cláudio Meirelles (PTC), que visa garantir às mulheres mastectomizadas, a realização de fisioterapia de reabilitação nas unidades da rede pública de saúde do estado, tendo como meta a prevenção e a redução de sequelas decorrentes do processo cirúrgico. 

Segundo o parlamentar, entre as complicações mais comuns enfrentadas pelas pacientes após a mastectomia, está o desenvolvimento de linfedema (acúmulo de líquido linfático no tecido adiposo) de membro superior, perda de mobilidade no ombro e limitação no uso funcional de braço e mão, que podem durar vários meses após a cirurgia. “Tais consequências, se tratadas por técnicas de fisioterapia, podem evitar que o linfedema, uma vez instalado, evolua para o quadro mais grave, que são o fibroedema e linfossarcoma. Tão importante quanto a cirurgia, a intervenção fisioterapêutica na pós-mastectomia é essencial para a prevenção e redução de sequelas, devendo ser ministrada o mais precocemente possível”, alerta Meirelles. 

A matéria já recebeu aval favorável da Comissão de Constituição e Justiça da Casa. 

Outra propositura que objetiva disponibilizar os benefícios da fisioterapia à população é do líder do Governo na Alego, Bruno Peixoto (MDB), e estabelece a Política de Fisioterapia para Idosos ou Fisioterapia Geriátrica em toda rede pública estadual de saúde. O projeto de lei propõe tornar obrigatória a presença do fisioterapeuta em estabelecimentos de saúde em todo o estado. 

Peixoto ressalta que estudos realizados comprovam que a fisioterapia é uma estratégia preventiva e que a prática de exercícios físicos para idosos, devidamente planejados e dirigidos por profissionais habilitados, diminui fatores de risco de todas as causas de morte e morbidade, em especial, para certas doenças.

“Os exercícios evitam ou diminuem o envelhecimento precoce. Para os idosos, o trabalho de um fisioterapeuta ajudará na adequação do mobiliário, a lidar com as dificuldades motoras, respiratórias e até quedas recorrentes. O resultado dessa atuação é a melhora significativa da qualidade de vida”, alega o parlamentar.

Esses projetos atestam que a fisioterapia vai muito além do senso comum de que a especialidade cuida apenas da reabilitação e de lesões ósseas e musculares. O fisioterapeuta Estevão Diniz explica que o profissional atua em três níveis: na prevenção, na potencialização e na recuperação das funções humanas. “E isso inclui todo nosso sistema orgânico, de várias funções fisiológicas, desde funções motoras, articulares, respiratórias, com a mesma proposta e princípio de potencializar, prevenir ou devolver funções que estejam prejudicadas ou perdidas”, ensina. 

Diniz esclarece que a atuação do fisioterapeuta é tão ampla que alcança todas as  especialidades médicas, como a área cardiorrespiratória, da traumato-ortopédia, geriatria, pediatria, neuropediatria, uroginecologia, oncologia e até na medicina do trabalho. Ele ressalta que fisioterapia não pode ser confundida com reabilitação, sendo que esse é apenas um dos eixos de atuação do profissional. 

Diniz lembra que a prevenção primária, que é a atuação antes da lesão se instalar, e a prevenção secundária, feita quando já existe a doença, mas não houve perdas funcionais, respondem pela maior parte da atuação da fisioterapia. Já a atenção terciária, que é quando a lesão existe e houve perdas funcionais, nesses casos, é que a reabilitação é adotada, como forma de recuperar ou devolver os movimentos. Segundo ele, esse é um processo que envolve ainda, outros profissionais, a exemplo de médicos, enfermeiros e educadores físicos, entre outros.   

Mudança de paradigma 

Houve um tempo em que se acreditava, especialmente em casos de lesão ou trauma, que alguns movimentos deveriam ser evitados para não agravar ainda mais o quadro. Mas de acordo com Estevão Diniz, atualmente, essas convicções estão ultrapassadas e já existe o consenso de que o próprio movimento do corpo pode ser responsável pela cura, ou mesmo pela prevenção de patologias ou lesões. 

Ele explica que a cinesiologia mostra que estimular os movimentos do corpo humano, é capaz de prevenir e tratar as lesões. Mas, claro, tudo deve ser feito com a orientação do profissional capacitado. “Na fisioterapia nós temos um arsenal muito grande de técnicas, de processos, em que nós conseguimos desenvolver saúde e funcionalidade. Nós usamos o próprio movimento humano para prevenir problemas. Hoje sabemos que para prevenir lesões, temos que estimular o corpo, através de exercícios específicos, bem direcionados e bem indicados pelo fisioterapeuta.”

Outro ponto que o profissional reitera é com relação à prevenção. Ele lembra que a fisioterapia não deve ser uma ferramenta a se recorrer somente depois que o problema acontece. As pessoas devem se antecipar e buscar a orientação de um fisioterapeuta para potencializar as funções do corpo e evitar que doenças e lesões venham aparecer. 

Diniz esclarece ainda que o fisioterapeuta é um profissional da área de saúde, de primeiro contato, ou seja, ele pode ser procurado diretamente pelas pessoas que querem, por exemplo, começar a prática de uma atividade física ou mesmo ajustar um programa de atividades que visem essa prevenção citada. “A partir de uma boa avaliação, vamos montar uma estratégia de trabalho personalizada, em que o objetivo final é manutenção e estabelecer saúde e função plenas.”

Atuação na pandemia

Desde o início da pandemia de covid-19, o mundo inteiro passou a conhecer os desafios diários dos profissionais da área da saúde. Rotinas, que já eram estressantes e estafantes, passaram a exigir muito mais dos trabalhadores. Por outro lado, com a maior exposição, a população pôde reconhecer a amplitude da atuação, especialmente de algumas categorias. 

A fisioterapia foi uma delas. Especialista em fisioterapia intensiva, Estevão Diniz explica que hoje a maioria dos hospitais já conta com o profissional de fisioterapia, não somente  nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), mas também, praticamente, em todos os prontos-socorros (PS), onde essa presença tem se mostrado decisiva na abordagem inicial ao paciente. 

Diniz atuou por sete anos em UTI, e trabalha atualmente na emergência de um hospital em Brasília. Ele explica que toda a parte de assistência respiratória e ventilatória do paciente é de responsabilidade do fisio. Mas que o profissional tem ainda muitas outras atribuições.  

Ele detalha que no caso do paciente covid-19, o acompanhamento do especialista é ainda mais relevante. Já no PS, o fisioterapeuta ajuda a estabelecer a melhor estratégia respiratória, também atua no ajuste de exames, como a gasometria arterial, por exemplo, que mede as dificuldades de absorção de oxigênio e outras questões metabólicas, além de dosar as quantidades de oxigênio que o paciente vai precisar.   

Também na enfermaria e na UTI o fisioterapeuta é responsável por estabelecer estratégias de posicionamento e de movimentação do paciente, para evitar que ele fique muito tempo na mesma posição no leito. Segundo o profissional, uma estratégia adotada pelos fisioterapeutas e que ficou muito conhecida na pandemia foi a técnica chamada “pronação”, na qual o paciente é colocado de barriga para baixo, para ajudar a melhorar a função dos pulmões dos doentes. Inicialmente realizado somente em UTIs, passou a ser feito com pacientes também em enfermaria, com excelentes respostas. 

O profissional informa que os fisioterapeutas são responsáveis ainda pelos ajustes de  ventilação não invasiva (VNI), procedimento realizado para evitar que o doente evolua para uma entubação. “E nos casos que exigem a entubação, nós (os fisioterapeutas) acompanhamos todo o procedimento médico e fazemos os ajustes de toda parte respiratória do paciente. O fisioterapeuta estabelece os parâmetros ventilatórios, a melhor estratégia ventilatória, para que o paciente se restabeleça da melhor forma possível.”

Na atividade esportiva 

Uma outra área em que a atuação do profissional tem crescido bastante e sido reconhecida  é na área esportiva, não apenas no espectro profissional, mas também para a população em geral, aquelas pessoas que se dedicam à prática de uma atividade física, em busca de saúde e qualidade de vida.

Diniz, que também é especialista em fisioterapia esportiva, lembra que também nessa esfera, a atuação acontece nos três níveis: ele atende o paciente antes do início da atividade, fazendo a avaliação e prescrevendo estratégias de prevenção de lesões. Em seguida busca formas de potencialização de funcionalidades e, em último caso, quando há alguma intercorrência, o fisio atua na reabilitação, indicando o melhor tratamento para que ele volte o mais rápido possível à sua atividade física.

Se com atletas amadores, o profissional tem tido uma forte atuação, quando se fala em esporte profissional, essa relevância é ainda maior. E o trabalho de prevenção de lesões e a otimização das funções ainda mais valorizado. “Hoje o fisioterapeuta não está só nos departamentos médicos, trabalhando com reabilitação após uma lesão, mas trabalhando em conjunto com a preparação física, com os fisiologistas, com o técnico na prevenção das lesões e na potencialização das funcionalidades do atleta”, reforça Estevão Diniz.

Luca Berguer, atualmente profissional no voleibol e em beach tennis, sabe bem a importância do acompanhamento de um fisioterapeuta. Atleta desde criança, teve sua primeira lesão aos 8 anos de idade, quando jogava tênis: uma entorse de tornozelo. No consultório do fisio recebeu uma verdadeira “aula” do que tinha acontecido. O tratamento também foi certeiro: “Os métodos orientais utilizados por ele, alinhado aos bands fizeram a minha recuperação ser rápida e eficaz.” 

Dois anos depois ele migrou do tênis para o voleibol e logo teve outra entorse no tornozelo esquerdo. Dessa vez, bem mais séria. Durante um mês ficou com gesso, logo em seguida voltou para a fisioterapia. “Pelo fato da lesão ter sido grau 2 quase 3, foi um processo longo porém muito eficiente. Depois de 3 meses eu estava praticamente normal, um tempo recorde de recuperação”, conta Luca, hoje com 25 anos. 

Nos anos seguintes, foram tendinite nos dois joelhos por conta dos saltos no voleibol, dores no ombro, também em função do esporte e mais uma entorse complicada no tornozelo. Tudo recuperado pelo fisioterapeuta. 

Todos esses processos deram mais força e confiança ao atleta, que em 2013 entrou para o esporte de alto rendimento. Nessa época descobriu também que tinha síndrome do impacto posterior no tornozelo direito. No clube em que jogava, o Sesi-SP, teve o acompanhamento dos fisioterapeutas do time, mas foi com o profissional que o tratava em Goiânia, que ele conseguiu a recuperação total. 

Nessa temporada, o trabalho preventivo também foi fundamental para que ele enfrentasse o próximo desafio: em 2015 foi para os Estados Unidos estudar e jogar e passou um ano sem apresentar nenhum problema sério. Depois de algumas lesões de menor gravidade, em 2019, veio o maior problema que enfrentaria: fratura por estresse no navicular do tornozelo direito e tendinose no ombro direito. “Cheguei um caco em maio de 2019 e sai ‘voando baixo’ em agosto de 2019.  Caso piorasse a lesão no ombro, eu teria que operar.  O fisioterapeuta me salvou e sem o uso de anti-inflamatório. Meu tornozelo também foi totalmente recuperado. Eu sou muito grato a ele e tudo que ele me ajudou”, agradece Luca.

Com o início em um novo esporte este  ano, o beach tennis, já desenvolveu algumas lesões de menor gravidade, sempre tratadas pelo fisioterapeuta da sua confiança. E já se prepara para mais uma grande competição. “A minha previsão é de jogar a copa do mundo de beach tennis representando o Brasil ano que vem ou em 2023”, conta com orgulho. 

Sorte ao Luca como representante do nosso país as competições internacionais. E parabéns aos fisioterapeutas nesse dia dedicado a eles. E que toda a população possa ter acesso ao atendimento desse profissional tão importante na promoção da saúde . 

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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