Secult-PB formaliza entrega do Protocolo de Intenções ao IPHAN com pedido para tornar forró de raiz patrimônio imaterial da humanidade

O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB), formalizou nesta segunda-feira (17), a entrega do Protocolo de Intenções, assinado por representantes dos nove estados do Nordeste, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O objetivo é tornar o forró de raiz patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco. 

A entrega do documento aconteceu em uma audiência pública, no Theatro Santa Roza, em João Pessoa, em uma sessão especial da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), que contou com a participação de artistas nordestinos renomados, forrozeiros e forrozeiras de vários municípios da Paraíba em uma mobilização conjunta com representantes do poder público, de associações do forró de tradição e da sociedade civil organizada. 

Em sua fala, o secretário de Estado da Cultura, Pedro Santos, reafirmou que o forró já é um bem cultural nacional e agora pretende ser reconhecido internacionalmente. “Reforço o compromisso do Governo da Paraíba, da Secretaria de Cultura de abrir portas para que essa candidatura se viabilize. Assinamos com o Iphan a missão de que o forró é o próximo candidato a ser submetido à Unesco. Esta audiência pública é mais um requisito que soma forças no dossiê para que o forró de raiz seja reconhecido como patrimônio da humanidade”.

E completou, “Então a Secretaria de Cultura pavimenta esse caminho. Temos consciência de que o título não resolve todos os nossos anseios, expectativas, de ver o forró valorizado nas festas juninas, com trios pé de serra recebendo cachê digno, mas é um passo a mais nesse processo de reconhecimento. O que vai resolver é luta, é articulação, é processo e para essa luta a Secretaria de Cultura e o Governo da Paraíba são parceiros”, destacou Pedro Santos.

O dossiê de candidatura será encaminhado à Unesco dia 31 de março de 2026, após apresentação da proposta no próximo dia 26 de novembro ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, foi o que afirmou o diretor de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Deyvesson Gusmão. 

“Essa é uma ação de valorização e salvaguarda das matrizes tradicionais do forró e a Paraíba tem sido protagonista desse processo para submissão à Unesco. Esse foi o processo que houve a maior mobilização desse país para o reconhecimento internacional de um bem cultural, nada mais justo que ele seja um desses representantes da identidade cultural brasileira. Hoje vocês têm legitimidade para cobrar ao estado brasileiro melhorias para os trabalhadores do forró tradicional, porque vocês são detentores de um bem cultural já reconhecido como patrimônio nacional e agora vamos encaminhar a proposta de reconhecimento internacional para a Unesco. Graças ao trabalho que iniciou lá atrás com o Iphan da Paraíba junto com a Balaio Nordeste que culminou nessa audiência pública onde discutimos como o forró pode contribuir para uma cultura de paz, de encontro, porque são esses os valores que a Unesco leva em consideração”, frisou.

Deyvesson Gusmão teceu ainda comentários elogiosos ao secretário Pedro Santos pela condução assertiva junto aos processos de cultura na Paraíba e na relação com o Governo Federal. “O secretário Pedro Santos tem sido incansável nessa luta. Vocês têm um exemplo de gestor da cultura, alguém que tem competência técnica e sobretudo sabedoria política para lidar com esse processo do forró e todos os outros processos de cultura. Pedro tem estabelecido uma ótima relação com o Ministério da Cultura/Governo Federal, liderando agora as demais secretarias de cultura do nordeste, por meio do Consórcio Nordeste, com a articulação sobre o pedido de reconhecimento internacional do forró de raiz à Unesco”, ressaltou o diretor do Iphan. 

Já a presidente da Associação Cultural Balaio Nordeste, Joana Alves, ressaltou o tempo de estrada que vem desenhando o caminho até este momento. “São dezessete anos de busca ativa pelo reconhecimento do forró de raiz, agregando com parceiros, dando as mãos, fortalecendo junto com o Governo do Estado e com pessoas que fazem cultura tradicional. É muito importante que estejamos unidos, porque essa é uma politica pública de fato. Então quero ressaltar o trabalho dos parceiros que estão nessa luta desde o início. Vamos para mais um ano trabalhar juntos para tornar o forró patrimônio da humanidade, eu não tenho dúvidas que se tornará”. 

O presidente da Associação dos Forrozeiros da Paraíba (ASFORRÓ-PB), Alexandre Pé de Serra, afirmou que, “o momento é de comemoração pela soma de forças de todas as pessoas que valorizam o forró tradição do nordeste. O nosso forró já é reconhecido por nós e agora vai ser reconhecido pelo mundo. Esperamos que sejamos dignamente valorizados por trabalhar pelo nosso autêntico forró, que tenham respeito pelo forró pé de serra e pelas forrozeiras e forrozeiros que fazem o nosso Nordeste ser visto lá fora”.

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

O título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, concedido pela UNESCO, reconhece práticas, expressões, saberes e técnicas que comunidades e grupos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Esse reconhecimento ajuda a salvaguardar a diversidade cultural frente à globalização, promove o respeito à herança cultural e fortalece identidades locais e regionais.

Saiba mais

A política de articulação para candidatura do forró de raiz como patrimônio imaterial da humanidade, pleito liderado pela Secult-PB e pela Associação Cultural Balaio Nordeste, iniciou em 2024, no mês de maio, com uma reunião com a delegada permanente do Brasil junto à Unesco, Paula Alves de Souza, em Paris/França. Na oportunidade também houve um encontro com Fumiko Ohinata, secretária da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial.

Entre os dias 1 e 2 de junho houve o 1º Fórum Internacional do Forró de Raiz, em Porto/Portugal. O evento teve a presença de artistas forrozeiros do nordeste, além de oficinas e feiras gastronômicas.

Em setembro de 2025, um novo encontro na sede da Unesco (Paris) comunicou a realização do 1º Festival Internacional do Forró de Raiz, em Lille, no norte da França, que reuniu artistas nordestinos, gestores culturais e secretárias(os) de cultura da região. Na ocasião, os representantes dos nove estados do Nordeste assinaram o Protocolo de Intenções junto ao Iphan, fortalecendo a candidatura rumo ao reconhecimento internacional do nosso forró tradicional.