Compartilhar
ALPB debate causas e tratamentos para dermatite atópica durante audiência pública
Notícias
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 18:55
A Comissão de Saúde, Saneamento, Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, na tarde desta quinta-feira (6), uma audiência pública voltada à discussão sobre a dermatite atópica — suas causas, formas de tratamento e os impactos da doença na qualidade de vida dos pacientes. O encontro reuniu médicos, especialistas, pacientes e representantes de entidades ligadas ao setor de saúde.
A dermatite atópica no Brasil afeta cerca de 15% a 25% das crianças e até 7% dos adultos. A doença é crônica e não é contagiosa, mas tem um impacto significativo na qualidade de vida, podendo causar problemas como insônia, baixa autoestima e impacto na produtividade.
O deputado Eduardo Carneiro, autor da propositura, destacou a relevância do tema, lembrando que a dermatite atópica vai além de um problema de pele. “Nós debatemos sobre a dermatite atópica, uma doença que, por muitas vezes, é invisível, mas é crônica e vai além dos problemas de pele. Ela mexe com a autoestima das pessoas, com a atividade profissional, com o preconceito e com uma série de questões que precisam ser publicizadas. É necessário alertar e cobrar do Sistema Único de Saúde providências, como medicamentos modernos e tratamentos condizentes com a necessidade desses pacientes”, ressaltou o parlamentar. Ele reforçou ainda a necessidade de união entre as esferas de governo e o SUS para garantir políticas públicas eficazes.
O vereador de João Pessoa, Fábio Carneiro, também participou da audiência e destacou a importância do debate diante dos desafios enfrentados por pacientes de diferentes faixas etárias. “É muito importante estarmos aqui hoje debatendo um tema que tem um alcance social impressionante. Temos crianças e adultos com dermatite atópica grave. As crianças, até os 12 anos, têm cobertura pela nova portaria do Ministério da Saúde, mas os adultos, especialmente os mais graves, ficam descobertos. Estamos aqui para alertar o Governo do Estado e as secretarias municipais sobre a necessidade de garantir tratamento adequado pelo SUS e oferecer todos os recursos possíveis à população”, ressaltou.
Na oportunidade, a médica dermatologista Renata Rodrigues, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, fez uma palestra sobre a doença, “enfocando os tratamentos disponíveis e a jornada do paciente, que enfrenta grande dificuldade para conseguir acesso às medicações, mesmo com opções seguras e eficazes já existentes”. De acordo com a médica, “a dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele que coça bastante, causando manchas vermelhas e feridas, e está associada a outras condições, como asma, rinite e alergias”.
“É uma inflamação sistêmica, que acomete vários órgãos e tem consequências devastadoras na vida das pessoas, inclusive financeiras. Por isso, é essencial que esse tema continue sendo discutido e planejado para que se chegue a soluções que beneficiem todos os envolvidos”, explicou a especialista.
O presidente da Atópicos Brasil, Mário Cavaca, lembrou dos tratamentos disponíveis para dermatites atópicas. Ele destacou que o foco central reside nos tratamentos e soluções, tanto imediatas quanto a longo prazo. Ele acrescentou que ainda há um desconhecimento das pessoas sobre a doença, com pesquisas indicando que 41% a 50% da população não a conhece.
“Um ponto crucial, além da prescrição de medicamentos, é o acompanhamento da trajetória do paciente. Em muitos casos, a necessidade de medicações específicas pode ser mitigada por políticas públicas estaduais que ofereçam suporte e acesso a tratamentos mais simples, mas igualmente eficazes. A criação de uma política pública estadual que promova a coordenação do tratamento é essencial, permitindo que o paciente receba o cuidado adequado, inclusive, quando necessário, medicamentos de alto custo que solucionem a condição”, disse.
A professora Ana Cláudia Maia, é portadora da dermatite atópica, e ressaltou que o acesso aos tratamentos é um grande desafio. “Estive aqui hoje para pedir que todos nós, pacientes e autoridades, trabalhemos juntos para aumentar a visibilidade e a compreensão sobre a dermatite atópica. Precisamos de políticas públicas que garantam acesso a tratamentos adequados e que ajudem a aliviar o sofrimento de tantas pessoas. É hora de dar voz a quem vive essa realidade todos os dias”, declarou.

