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Parque temático da personagem Peppa Pig abre em fevereiro; veja fotos

Reprodução / Instagram @likeanomadbr / @eimaetovivo

Pessoas que deixaram a vida tradicional para serem nômades: “O mundo é o maior professor”

Any Caroliny e Guilherme Dalpasquale são nômades digitais , ou seja, trabalham em casa, pela internet, e não têm uma moradia fixa. Desse modo, desde 2017, o casal adotou um estilo de vida diferente do usual, viajando por várias cidades ao redor do globo. Any, que se formou em jornalismo em 2016, conta que a principal motivação foi o seu incômodo com o cotidiano tradicional de trabalho. Ela diz que sempre foi inquieta nas empresas pelas quais passou e a rotina a incomodava e deixava desmotivada.

“Acho que o maior tempo que passei trabalhando no mesmo lugar foi um ano e meio, saí justamente porque queria algo novo. Hoje, já são quatro anos vivendo no estilo nômade digital que, apesar de também ter uma rotina, é mais moldável, mais flexível e bem mais dinâmica. A possibilidade de ter a liberdade de estar onde eu quero é o que mais me faz gostar do nomadismo. Não estar presa a um lugar é uma sensação que gosto muito”, revela. 

Guilherme, formado em publicidade, relata que a liberdade geográfica e a oportunidade de exercer a profissão foram os motivos que o levaram a tomar a decisão. O publicitário comenta que sempre sonhou em viajar e, por isso, o trabalho remoto permitiu que ele ganhasse dinheiro, além de poder percorrer o mundo ao mesmo tempo.

“Meu sonho era trabalhar em grandes agências de publicidade em São Paulo, Nova York, Londres, mas, durante o caminho, com as experiências que eu tive em algumas agências de Floripa, eu percebi que o preço a se pagar para estar nesse mercado tão competitivo era muito mais do que eu estava disposto, e a moeda de troca era o tempo. Ou seja, os publicitários trabalham muito”, salienta. “Com isso, quando eu me deparei com o conteúdo dos nômades digitais, vi ali um estilo de vida que eu queria viver. Minha primeira viagem de avião da vida foi justamente a primeira viagem como um nômade digital, em 2017, quando fomos passar seis meses na Europa”, diz. 

Any conheceu o termo “nomadismo digital” ao final de 2015 e se apaixonou pela ideia. Em 2016, trabalhando em uma agência de comunicação, passou a realizar serviços freelancers, já idealizando se tornar nômade digital. Ela foi a primeira pessoa da agência a ter a possibilidade de fazer home office, ou como gosta de chamar, world office.

“Minha chefe da época aceitou a possibilidade de eu trabalhar remotamente, lá da Europa, e além dos clientes da agência, eu fazia alguns freelas para outros clientes. Ficamos três meses morando em Portugal e os outros três meses viajando pela Europa. Entre muitas cidades, conhecemos os países: Itália, Espanha e França”, descreve. 

Para Guilherme, o nomadismo pode ser solitário em algumas ocasiões, o que o fez pensar em retornar à antiga vida. Ele explica que o trabalho se restringe apenas a ele, o computador, os números e alguns clientes, deixando a rede de contato pessoais diária muito pequena.

“O ritual de sair para trabalhar é muito legal, mas isso, a gente alimenta viajando o mundo, trabalhando em cafés, coworkings e espaços que a gente possa ver outras pessoas, o que na nossa profissão é inspirador. Por isso, uma das principais vantagens do profissional nômade é que a gente está consumindo o mundo ao vivo e não pelas telas dos nossos celulares, apenas. Isso gera uma bagagem que não se adquire em nenhum outro lugar. O mundo é o maior professor”, pontua.

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Passagem só de ida

Pessoas que deixaram a vida tradicional para serem nômades: “O mundo é o maior professor”
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Pessoas que deixaram a vida tradicional para serem nômades: “O mundo é o maior professor”

A primeira viagem de Willy Barros foi em 2008, quando tinha 17 anos. Publicitário e administrador de formação, ele foi sozinho para o continente africano, voluntário em um trabalho missionário. Durante um ano, ele se dividiu entre a África do Sul, Botswana, Reino de Essuatíni e Moçambique. Ao retornar para o Brasil, entrou nas faculdades de Publicidade e Administração, mas continuou realizando mochilões pela África do Sul.

“Eu viajava sempre que tinha oportunidade, nas férias, feriados e promoções de passagens aéreas. Foi assim que surgiu o blog ‘Ei Mãe Tô Vivo’, entre 2013 e 2014. Como ninguém queria encarar essas aventuras comigo, na época não existia Instagram, o Google mal era usado, todos os destinos que eu escolhia ninguém botava muita fé já que a maioria das pessoas viajavam basicamente para os mesmos lugares. Quando eu voltava, mostrava as fotos e contava histórias para meus amigos. Foram eles que me incentivaram a fazer um blog para deixar registrado essas viagens e também mostrar novas possibilidades para as pessoas na internet”, conta.  

No entanto, foi em 2016, quando já estava formado, que a ideia de virar nômade começou a tomar corpo. Willy trabalhava simultaneamente em dois empregos, além de trabalhos freelancers ligados à viagens. Foi aí que ele pensou que não precisava estar rico e aposentado para realizar o maior sonho da vida dele que era dar a volta ao mundo.

“Juntei o máximo de grana possível em um ano, que foi o prazo que me dei pra vazar, sem muita enrolação para a mente não me boicotar com mais desculpas e falsas oportunidades. Em 31 de dezembro de 2016, embarquei só com passagem de ida para Alemanha e, em janeiro de 2017, já estava vivendo a maior aventura da minha vida, e maior viagem também, até então. Então podemos dizer que minha vida nômade começou aí. Um ano e meio viajando só por terra, cruzando a fronteira de 24 países diferentes, o que me levou da Alemanha até a Índia. Conheci lugares e pessoas que jamais imaginei, e, principalmente, para não abrir mais vírgulas e parênteses, descobrir que é possível sim viver de viagem”, relata. 

Quando voltou ao Brasil, Willy reencontrou a namorada, que havia ficado no país. Os dois, então, casaram-se e passaram a viajar juntos, depois de seis anos de namoro. Sara Otoni é advogada de formação e trabalha em uma empresa brasileira de backoffice. A história dela como nômade começou após o casamento com Willy, em novembro de 2020.

“Embarcamos sem passagem de volta. Literalmente saímos da festa de casamento, que a gente mesmo montou junto com nossos amigos mais íntimos e a família, para o aeroporto. Minto, ainda tivemos que limpar o local da cerimônia e arrumar as mochilas que ainda não estavam prontas [risos]. Pegamos o voo de madrugada saindo de Vitória da Conquista, a cidade de Willy, com escala em São Paulo, Alemanha, e depois direto para Turquia”, explica. 

Sara aponta, ainda, que a experiência do marido foi o que deu segurança para que as viagens fossem tranquilas. “Desde o começo sempre foi nossa intenção essa ‘vida de mel’ ao invés da lua de mel comum. Como meu emprego sempre foi remoto, pois a empresa que trabalho nunca teve um escritório físico, nem mesmo encontros presenciais, bem antes da pandemia já tínhamos essa cultura e para o pós e além não pretendemos mudar. Isso facilitou nosso planejamento também, na hora de escolher o destino o único pré-requisito era ter internet, tendo uma boa conexão de internet conseguimos seguir trabalhando e consequentemente viajando”, diz. 

Tal como Willy e Sara, eles não desejam retornar para a vida tradicional. Por mais que o nomadismo seja uma vivência desafiadora, para o casal, os pontos positivos superam os negativos. Liberdade geográfica é uma conquista que eles curtiem, claro, sem esquecer das raízes no Brasil. “Podemos seguir tendo contato com nossa antiga vida, os laços continuam, a memória e lembranças estão aí. Vivemos em um novo mundo, um outro contexto e não vale a pena ficar olhando pra trás. Se formos pessoas positivas, otimistas, conseguimos tirar mais coisas boas do que ruins daqui. Olha quanta gente conseguiu se reinventar, continuar trabalhando na pandemia por causa da internet? Então, bora continuar usando as ferramentas e tecnologias a nosso favor”, incentivam. 

Além disso, o conceito de “casa” não é mais o mesmo. Isso porque, se escolherem viver em uma cidade por um ano, sentem a necessidade de mudar de residência a cada dois meses para bairros diferentes. “Quando a gente mora em um bairro acaba tendo uma visão da cidade de quem vive lá, e cada cidade tem diversas versões. Não é só a liberdade de poder viver onde quiser, mudar sempre, há a ansiedade da mudança, do novo. ‘Carregamos a casa nas costas’ e temos que arrumar ela sempre que precisamos se mudar. Às vezes ficamos um mês, às vezes uma semana, em cada casa. Ter que desfazer e refazer o mochilão desgasta, o que é um desafio. Mas acredito que toda vida tem um desafio, mas quando a gente gosta da vida que vive, o desafio acaba sendo menor que o prazer de viver como se quer. Adaptar é o desafio, como tudo na vida”, relatam.

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