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Diante de avanço da ômicron, não é o momento de fazer viagens internacionais

Foto de Anna Shvets no Pexels

Infectologista cancela que viagens sejam adiadas por pelo menos seis meses

O avanço da variante ômicron em todo mundo é visto com preocupação por autoridades sanitárias e profissionais da saúde. Mesmo diante da empolgação de conhecer um novo país ou de uma viagem cuidadosamente planejada, o melhor neste momento é recuar e remarcar as viagens internacionais. Uma demonstração disso é o fato de que diversas companhias aéreas estão cancelando voos internacionais e domésticos .

“Recomendo que as pessoas visitem viajar para fora do Brasil neste momento. Não é prudente”, orienta o infectologista Carlos Magno. “A ômicron é uma variante que se espalha com uma rapidez nunca vista antes. Mesmo que ela cause menos casos graves, esse número não é zero”, afirma.

Ou seja, ainda assim há chances que uma pessoa contraia a ômicron e o quadro evolua para um caso grave. “Há um risco no entendimento das pessoas em relação à variante de que, como a ômicron é mais leve, ela é mais leve para todo mundo. Não é. Ela apresenta 75% menos internações comparada com a Delta, que era a variante anterior. Mas, de acordo com a Unicamp, cerca de 1% de quem contrai a ômicron precisa se internar; se o número de infecções for grande, esse número será grande também”, explica o médico.

Magno também cita o aumento de casos que o Brasil enfrenta neste momento e o fato de alguns estados terem retirado a obrigatoriedade de máscaras, o que intensifica as infecções. “Já estamos colhendo os frutos da catástrofe do ano novo. Sabemos que as pessoas estão cansadas, mas é muito importante pensar medidas de controle e manter a obrigatoriedade das máscaras”, afirma o infectologista.

Por fim, o médico alerta que os turistas podem enfrentar imprevistos indesejados relacionados à Covid-19 ao viajar para outros países, principalmente no caso de pessoas que viajam para países menores que testam pouco e têm baixa taxa de vacinação. É o caso, por exemplo, dos países africanos.

“Supondo que uma pessoa vem de Botsuana e faça uma escala em Paris para retornar ao Brasil. Pode ser que o país onde a escala acontece obrigue que o turista realize um novo teste de Covid-19. Caso esse teste seja positivo, ela terá de desembarcar em Paris, por exemplo”, explica o médico.

Além dos riscos sanitários, essa possibilidade pode causar diversos transtornos ao turista, inclusive financeiros. “A própria pessoa vai ter de arcar com os custos porque não foi um erro da companhia aérea. Ela vai ter que ficar com recursos próprios ou pedir abrigo para a embaixada ou o consulado brasileiro no país em que estiver”, diz.

Por esse motivo, o ideal para o médico é renegociar viagens que não sejam feitas por necessidade extrema, como motivos familiares e de trabalho. “Se tem uma viagem comprada, fale com o operador. Deixe para daqui a seis meses ou para o fim do ano. Não é o momento de ir para o exterior agora”, afirma.

Viajei e testei positivo para Covid-19. E agora?

No caso de viagens nacionais, Magno indica que o mais apropriado é não sair do local em que se está para não expor outras pessoas. “Se isso não for possível e a pessoa estiver em um veículo próprio, ela deve voltar ao local de origem usando máscara e adotando todos os cuidados. Ao chegar em casa, deve permanecer isolada”, diz.

Esse protocolo deve ser seguido no momento em que os sintomas surgirem ou o teste der positivo, independentemente se o tempo de duração planejado da viagem não tenha sido cumprido por inteiro. O infectologista sugere que, em primeiro sinal de sintoma, seja buscado atendimento médico pelo convênio ou em postos de pronto atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em caso de teste positivo de Covid-19, o turista não será admitido em transportes coletivos como aviões e ônibus, o que torna a situação ainda mais complicada em viagens internacionais, já que não há possibilidade de retornar de outra forma. Caso o teste de retorno tenha sido positivo, é preciso acionar o setor responsável por aeroportos e fronteiras da agência sanitária daquele país.

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Os custos de estadia devem ser bancados pelo próprio turista. Caso isso não seja possível, há a possibilidade de buscar os setores diplomáticos brasileiros, como as embaixadas ou os consulados, para pedir abrigo. O turista deverá ser redirecionado para instalações públicas para cumprir o período de quarentena corretamente. “Essa é uma das principais medidas que essas autoridades estão tendo atualmente”, aponta.

Período de isolamento

Devido aos impactos da Covid-19 terem chances de ser mais brandos em pessoas vacinadas, abriu-se a discussão sobre a necessidade do tempo em que uma pessoa deve ficar em quarentena até parar de transmitir a doença. No entanto, Magno explica que a razão para isso não é o tempo de transmissão, mas uma estratégia econômica.

“Isso está sendo adotado por diversos países para evitar gastos e a falta de pessoas para trabalhar. Reduzir o tempo de afastamento de uma pessoa com Covid-19 não tem nenhuma razão científica”, diz o infectologista. Anthony Fauci, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), reconheceu isso em dezembro do ano passado.

Por esse motivo, Magno recomenda que o tempo de quarentena continue sendo de 14 dias. “Ninguém descobriu que o vírus transmite por menos tempo. Não existe nenhuma evidência”, ressalta.

Planejamento e documentação necessária

No caso de pessoas que precisam viajar por razões de trabalho ou familiares, o importante é fazer um planejamento de segurança que considere imprevistos, como ter garantia de que tem acomodação para permanecer em casos emergenciais e ter recursos guardados caso seja necessário permanecer por mais de dez dias no destino.

Além disso, as malas devem ser preparadas considerando mais dias do que o planejado, tanto em roupas e utensílios de higiene como com itens para trabalhar à distância.

O primordial, no entanto, é realizar a contratação de um seguro viagem que cubra os custos hospitalares e de internação, caso sejam necessários. “Esse é o primeiro passo. Em países como os da Europa, o seguro saúde é obrigatório pelo Tratado de Schengen e deve cobrir pelo menos o atendimento básico.

No entanto, nem todos cobrem os custos no caso de adquirir Covid-19 e doenças infecciosas em geral, já que o tratamento para essas doenças podem ter custos muito elevados. Portanto, o melhor é pesquisar planos que tenham uma estrutura pensada para a cobertura de doenças epidêmicas.

Mantenha os cuidados para não se contaminar

Magno aponta que é necessário que, seja ao viajar ou no cotidiano, as pessoas mantenham os mesmos cuidados rigorosos para evitar uma contaminação de Covid-19. Isso pode ser feito seguindo recomendações simples, como realizando a higiene rigorosa e frequente das mãos e utilizando máscaras PFF2 ou N95. “Essas máscaras não são tão caras, podem ser compradas por R$2 a R$4 reais em farmácias e lojas de material de construção. Elas podem ser reutilizadas desde que estejam limpas”, indica Magno.

O infectologista também indica que é necessário ter ainda mais cuidado em restaurantes, bares e lanchonetes. “São locais em que se passa mais tempo sem máscara. O consumo deve ser o mais rápido e cuidadoso possível. Opte por locais afastados e em área aberta. Coma rapidamente e coloque a máscara de volta”, instrui o médico.

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