InícioTURISMOBrasileira vai para a Austrália e oferece dicas para quem quer imigrar

Brasileira vai para a Austrália e oferece dicas para quem quer imigrar

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Em 2007, Bruna M. Cenço foi para a Áustralia a fim de estudar.

Quando resolveu se mudar para a Austrália, em 2007, o principal objetivo de Bruna M. Cenço era se especializar na área ambiental. A escolha do país aconteceu após considerar alguns fatores, como idioma, clima e oferta de universidades. Bruna é jornalista e desejava imigrar para um país que tivesse o inglês como língua nativa, justamente para aprimorar sua fluência. 

Após descartar alguns destinos como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, Bruna descobriu, por meio de uma amiga, que a Austrália se encaixava nos seus propósitos. A jornalista sempre teve aversão a lugares muito frios, então as temperaturas quentes, semelhantes às do Brasil, colaboraram no processo de decisão. Outra característica que atraiu a atenção dela foi a moeda local: o dólar australiano possui um valor menor que o americano e definitivamente menor que o euro. 

“No final, minha decisão foi bastante prática. Coloquei em uma lista o que era fundamental para mim e comecei a buscar um cenário de curso e local que se encaixasse. Algo que aprendi é que às vezes a gente tem que abrir mão de algo no processo, mas é preciso primeiro entender quais são as suas prioridades para que isso seja feito de forma consciente e sem arrependimentos”, conta. 

Estudos

Segundo o Departamento Australiano de Educação e Treinamento, o Brasil é o quarto país que mais envia estudantes para a região. No entanto, nos últimos dois anos as fronteiras estiveram fechadas por conta da pandemia, então o número de imigrantes caiu consideravelmente. Em dezembro de 2021, o governo australiano voltou a permitir a entrada de estudantes vacinados.

Para Bruna, a primeira grande dificuldade foi decidir qual curso faria e como seria a preparação para tal. A princípio, ela iria para a universidade realizar a pós-graduação, mas mudou de ideia após conversar com a escola de intercâmbio e preferiu fazer um curso curto de seis meses. “Já estava com tudo acertado, curso pago, até que a instituição de ensino me avisou que, por número insuficiente de alunos, não iria abrir a turma naquele semestre e eu poderia escolher entre trocar de curso ou adiar minha viagem para o semestre seguinte. Acabei trocando o curso em cima da hora, fazendo gestão de negócio em vez de relações públicas”, pontua.

Como não iria fazer um curso de inglês, teve que apresentar um teste de proficiência do idioma na faculdade australiana, além do diploma de conclusão do Ensino Médio e um formulário de inscrição. Quando foi aprovada, ela começou a preparar a documentação necessária para que conseguisse efetivar a aprovação do visto. Os documentos exigidos variam de acordo com o motivo da viagem, mas os principais estão listados abaixo:

• Passaporte assinado e válido e passaportes anteriores, se já houver viajado ao exterior; • Formulário 157A vigente, preenchido e assinado pelo requerente (a foto afixada no formulário deverá ser recente e sem alterações digitais – 6 meses no máximo – e do tamanho 5×7 ou 3×4); • Comprovante da Matrícula (CoE – Certificate of Enrollment); • Comprovante de Cobertura de Saúde de Estudantes Estrangeiros (OSHC – Overseas Student Health Cover); • Pagamento da taxa.

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Planejamento

Bruna explica que a dica fundamental para quem deseja morar em outro país é o planejamento. O primeiro passo é definir os objetivos e, então, pesquisar os destinos que se adaptem ao estilo de vida de cada um. A jornalista destaca que é primordial conversar com outras pessoas que vivenciaram a experiência de imigrar, avaliando os lados positivos e negativos. Ela considera que as preocupações mudam conforme o tempo que cada um decide morar fora. 

“Você quer morar um tempo fora e depois voltar, seis meses, um ano, por exemplo? Então, a preocupação é basicamente o curso e as características locais. A partir daí é seguir o passo a passo e as agências de intercâmbio são ótimas para te ajudar com isso. Já se você está disposto a sair de vez do Brasil, é preciso pensar em outras coisas, como: tudo bem ficar fora da área de atuação? Trabalhar em outras áreas, incluindo o chamado subemprego? O quanto para você é tranquilo ficar longe da família? Muitas dessas respostas você só terá certeza quando vivenciar as mudanças, mas essas perguntas são importantes para você se planejar e tomar a melhor decisão”, detalha. 

Diferenças regionais e adaptação

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De acordo com a jornalista, a Austrália é um país belíssimo e acolhe bem as pessoas. Contudo, em comparação ao Brasil, está do outro lado do planeta, logo o processo de separação pode ser mais doloroso. “Enquanto pessoas que moram nos Estados Unidos conseguem vir uma ou mais vezes por ano ao Brasil, quem mora na Austrália diminui esse número pela metade, pelo menos. Por isso, é importante pensar se isso não será um impeditivo”, explica.

Muitos brasileiros buscam um intercâmbio para encontrar melhores condições de emprego. Bruna avalia que a Austrália disponibiliza muitas oportunidades, mas é preciso considerar as áreas de atuação que ofertam mais vagas. Por exemplo, empregos em bares, lanchonetes, na área da limpeza ou da construção, que no Brasil são vistos como subempregos, podem ser suficientes para gerar uma boa renda, mas a jornalista salienta que há pessoas que sentem falta de trabalhar em posições de escritório.

“Se esse é o seu caso, não é impossível você morar em outro país e continuar trabalhando na sua área. Conheço pessoas que fizeram isso e já foram, inclusive, com maiores possibilidades de conseguir vistos de permanência, já que há profissões que são muito procuradas fora do Brasil. Essas profissões variam de acordo com o país e por isso é necessário planejamento, se informar e então providenciar a documentação”, recomenda.

Ao chegar na Austrália, Bruna revela que a maior dificuldade foi em relação à língua. “Mesmo quem fala inglês fluente tem aquele momento de adaptação ao sotaque. Eu senti isso bem forte. É diferente você assistir a filmes ou séries em inglês americano ou britânico e conversar com pessoas que têm o inglês como língua nativa em um sotaque que não é tão disseminado. Conheci colegas americanas que me diziam nem sempre entender o que os australianos falavam, então imagine para os brasileiros. Mas isso é normal e passa com o tempo. Até porque, o que mais tem naquele país é gente de vários lugares do mundo, o que te faz acostumar muito mais rápido com os diferentes sotaques, não só com o australiano”, diz. 

Ela também teve problemas para se familiarizar com a cultura dos australianos. No Brasil, as regras são mais maleáveis, o que não existe na maioria dos outros países. A Austrália tem como costume ter regras para tudo e por isso exige muitos certificados para trabalhar em bar, em cassinos ou com construção civil.

“Outra coisa que eles têm muito sério é a pontualidade. Uma vez, quando estava muito sem dinheiro, decidi que ia tentar vaga no McDonald’s. Saí de casa de bicicleta, me perdi pelo caminho, cheguei dez minutos atrasada e só fui recebida pela gerente para receber uma bronca sem ao menos chance de justificativa. Outro exemplo dessa rigidez foi no colégio: como era turma mista (australianos e estrangeiros), cheguei a fazer uma DP por falta de meio ponto, coisa que a gente dificilmente vê acontecendo no Brasil. No começo a gente estranha, mas depois se acostuma”, afirma.

Embora, em termos culturais, brasileiros e australianos dividam certos traços semelhantes, as diferenças são evidentes. “Os australianos são muito organizados e costumam seguir bastante as regras, como no respeito ao trânsito, por exemplo. A pontualidade é outra marca australiana, assim como o uso da tecnologia para agilizar os processos. Pontos de ônibus e estações de trem costumam ter uma tabela com o horário que cada ônibus ou trem vai passar. Assim você consegue se preparar antes de sair de casa e dificilmente atrasa”, salienta. 

“Uma brasileira no país dos cangurus”

A brasileira retornou ao Brasil em 2009 e, em 2020, decidiu publicar um livro ficcional baseado nas suas experiências como imigrante. Ela aponta que a ideia surgiu, pois com frequência recebia questionamentos sobre o processo para morar na Austrália. Dessa forma, por intermédio de uma campanha de crowdfunding, a jornalista lançou a obra intitulada “Uma Brasileira no País dos Cangurus”. 

“Fui percebendo que, mesmo com as informações abundantes na internet, tanto de agências de intercâmbio quanto de blog e perfis de viagem, as pessoas ainda têm uma carência de histórias mais próximas, daquele contato pessoal, que não é todo mundo que tem a chance de ter. Assim, quando percebi esta necessidade, aproveitei algumas crônicas que tinha escrito na época em que vivia na Austrália para criar este romance, com histórias reais e fictícias, que possibilitam que o leitor tenha um gostinho de como é essa experiência.”

A ideia é que o leitor possa viajar junto com as personagens, participando das conquistas, mas também das angústias de quem mora longe. “Além disso, ao final de cada capítulo, tem uma espécie de post-it com dicas bem práticas, que não interferem na narrativa, mas ajudam quem quer viajar também”, relata.

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