InícioTRIBUNAL DE JUSTIÇA DFAdoções na pandemia ressignificam Natal de famílias do DF

Adoções na pandemia ressignificam Natal de famílias do DF


Vivian1.jpegVivian Isabelle tinha 12 anos quando ganhou uma nova família em 2020. Mesmo em meio ao cenário de incertezas imposto pela pandemia de Covid-19, Tatiana Vieira e Fábio Marques tiveram certeza quanto à decisão de adotá-la. Desde a chegada da menina à casa, em novembro deste ano, tudo está diferente. Mudanças também no lar de Juscelino Monteiro e Dennys Vasconcelos. O casal recebeu em casa a pequena Laura, de 1 ano e 2 meses, em junho.

“Tudo mudou por aqui: decoração da casa, compras de mercado, horários de acordar e dormir e principalmente os nossos sentimentos internos”, divide Tatiana. Com a proximidade das festas de final de ano, expectativa também com relação às primeiras festividades juntos. “Será um Natal de amor, de felicidade, de paz. O ano de 2020 trouxe a Vivian pra gente”, conta Fábio. “O Natal será contagiado de esperanças para a nova vida que nos espera”, compartilha Juscelino.

Nunca é tarde para a adoção tardia

Pais do Miguel, de 13 anos, Tatiana e Fábio contam que a adoção era há tempo um sonho do filho. “Ele queria muito uma irmã e sempre falou em adoção. A gente não entendia muito bem isso”, explica Tatiana. Os pais resistiram inicialmente ao pedido do filho, mas Miguel insistia na irmã. “Foram três anos com o desejo guardado até que enxergamos a realidade por um outro ângulo. Conversamos e decidimos que iríamos partilhar desse desejo”, divide o pai.

Vivian2.jpegPor conta das restrições impostas pela pandemia, o processo de adoção da Vivian foi diferente. Rotinas marcadas pela presença ganharam feições digitais e reforço nos protocolos de segurança. Quando uma criança ou um adolescente encontra uma família apta a adotá-lo, inicia-se a aproximação através do estágio de convivência. Em condições normais, a primeira fase aconteceria na instituição de acolhimento e em passeios e visitas à casa dos futuros pais. Por conta da pandemia, o estágio foi adaptado. “Ficamos nos reunindo virtualmente com ela por muitos meses. Os vínculos foram sendo criados por ligações, chamadas de vídeos, cartas e mensagens. Foi uma aproximação a distância”, explica Tatiana.

Com todos os cuidados devidos, seguiram-se visitas da família à instituição de acolhimento em que Vivian estava acolhida e dela à casa da família, até a chegada definitiva ao novo lar. “Por ela ser uma pré-adolescente, a adaptação não foi tão simples. Sempre entendemos isso. É uma caminhada que abraçamos e na qual estamos juntos, de que não abrimos mão de acontecer”, relata Tatiana. Resultados positivos já são vistos desde a chegada à casa em novembro. “É sempre muito diálogo, paciência e respeito”, completa o pai.

E quanto ao irmão que ensejou o pedido de adoção? A mãe afirma que os dois se dão muito bem. “Eles cumprem muito bem o papel de irmãos”, conta a mãe. A família não tem dúvidas de que Vivian veio somar. “Estamos muito felizes, somos muito gratos. Nossa família está completa. Se estou arrependida? Sim, de não ter escutado o Miguel lá atrás. De não ter adotado antes. Mas agora entendemos que tudo tem seu tempo e o nosso chegou”, finaliza Tatiana.

Paternidade testada

Laura1.jpeg“Nós dois sempre tivemos o sonho de ser pais”, conta Juscelino. Nos planos do casal, no entanto, o filho seria um menino e, de preferência, recém-nascido. Nove meses depois da habilitação para adoção, veio ao casal a apresentação da Laura, de 1 ano e 2 meses, e com sugestão de microcefalia leve e retardo global. “Com a Laura, os planos se reinventaram. Ela veio para desconstruir nossas imagens, nossos referenciais, para tirar certezas”, afirma Juscelino.

Como toda adoção, seguiram-se os desafios à adaptação. “Nos três primeiros dias, ela chorava dia e noite. Chegamos à exaustão emocional. Mas logo ela entendeu que já tinha um novo lar, e que seríamos uma família”, relata o pai. Para Dennys e Juscelino, os custos foram rapidamente recompensados: “Todo o trabalho e ajustes são compensados quando ela chega de mansinho e nos beija, nos abraça, nos olha ‘daquele jeito’, sem nenhuma pretensão que não seja a de dizer ‘muito obrigado por vocês terem me escolhido’”.

Laura2.jpegDesde o início, a menina os surpreendeu. “Passaram um diagnóstico ainda não fechado da Laura que me deixou preocupado. Imaginava uma criança bem debilitada”, conta Juscelino. Enfermeiro, ele relata que começou a questionar o diagnóstico inicial a partir das capacidades que a filha demonstrava desde o primeiro encontro. “Quando ela veio pra casa, a avaliação passou a ser cada vez mais favorável. Ela andou muito rápido, com três meses aqui. Hoje ela não anda, corre”, relata. Os pais contam que ela interage muito bem com eles e os dois moradores precedentes da casa: os cachorros do casal, Ayla e Bethoveen. Além de “papai”, que aprendeu a falar ainda na instituição de acolhimento, e o próprio nome, Laura acrescenta cada vez mais palavras ao seu vocabulário. 

Na última visita à médica que acompanha Laura na Rede Sarah Kubitschek, as percepções do pai foram confirmadas. Apesar da microcefalia diagnosticada em exames, a profissional disse que não acredita em sequelas ou no comprometimento neurológico e motor da menina, o que resultou em sua alta médica. “Que isso sirva de exemplo para que a gente não se deixe prender por diagnóstico, a não tratar a imagem, tratar as pessoas”, completa Juscelino.  

Apesar de ter sido alterado, Juscelino acha que o diagnóstico inicial não foi por acaso: “Penso eu que ela tinha que vir dessa forma para nos testar, ver se iríamos negá-la como já haviam feito”. O aceite da bebê fora dos padrões desejados pela maioria dos pretendentes à adoção diminuiu o tempo de espera na fila. “Recebemos nossa filha em nove meses, o que também é muito bonito, pois equivale ao tempo de uma gestação”, finaliza o novo pai.

Adaptação após adoção

No novo episódio do podcast Prioridade Absoluta, a psicóloga Rebeca de Paula, da Seção de Colocação em Família Substituta da Vara da Infância e da Juventude do DF, fala sobre a adaptação familiar depois da adoção.  Você pode ouvi-lo no canal TJDFT Podcast, nos principais gerenciadores de áudio. Clique aqui para acessar o episódio.

Fonte: TJ DF

Últimas Notícias

MAIS LIDAS DA SEMANA