InícioTECNOLOGIAStreamers organizam “apagão” na Twitch para reivindicar pagamentos justos

Streamers organizam “apagão” na Twitch para reivindicar pagamentos justos

Unsplash/Caspar Camille Rubin

Streamers farão “greve” contra a Twitch

Streamers e usuários da Twitch estão se unindo para realizar um “apagão” na plataforma na próxima segunda-feira (23). O movimento pretende fazer uma espécie de greve para se manifestar contra a diminuição dos valores repassados a quem faz transmissões ao vivo na plataforma .

O movimento é organizado por um grupo de cerca de 40 pessoas que se considera anticapitalista. Tanto streamers quanto espectadores organizam a manifestação, e o grupo não tem relação com a União Dos Streamers , espécie de sindicato criado por pessoas que fazem lives na plataforma. A adesão ao “apagão” tem aumentado bastante, afirmam os organizadores.

Twitch muda remuneração de streamers

Em entrevista ao iG, um dos organizadores do movimento, o streamer conhecido como Kinnoko, afirma que o objetivo do “apagão” é chamar a atenção da Twitch para a relação de trabalho abusiva na qual eles estão inseridos.

“A gente trabalha muito para a Twitch e a gente não é remunerado do jeito que merece”, declara. Recentemente, a Twitch reduziu o preço das inscrições pagas pelos usuários o que, na prática, refletiu em uma diminuição do repasse para quem faz transmissões ao vivo.

“Para a gente conseguir um salário mínimo de pagamento na Twitch, a gente precisa de 500 inscrições. Nossa reivindicação é mais para streamers pequenos e médios que não têm esse alcance de público”, continua Kinnoko.

Quando anunciou as mudanças nos valores, a Twitch prometeu que faria um programa de proteção à renda dos streamers nos primeiros meses. De acordo com a plataforma, o período de adaptação teria tempo limitado porque as inscrições mais baixas resultariam em mais inscritos, compensando a diminuição do repasse com o passar dos meses.

Na prática, os streamers não concordam. “Eles querem que a gente só se acostume a ganhar menos ou a trabalhar mais para ganhar a mesma merreca que a gente ganhava antes”, afirma Kinnoko.

Relação de trabalho

Uma das espectadoras que está organizando o movimento e que preferiu não se identificar afirma que outra reivindicação é que a Twitch enxergue os streamers como, de fato, trabalhadores. “Na prática, essas empresas ganham muito com o trabalho que as pessoas fazem”, afirma. “O Kinnoko faz live todos os dias praticamente, fica horas conversando com as pessoas da comunidade, fazendo conteúdo. O trabalho dessas pessoas movimenta um consumo, movimenta uma comunidade”, exemplifica. “A Twitch é muito desonesta nos repasses que ela faz, não tem uma transparência muito boa nem com os streamers e nem com os espectadores”.

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Para Kinnoko, o “mundo ideal” é aquele em que os streamers são vistos como trabalhadores. “Os streamers são vistos pela própria comunidade como uma pessoa que fica jogando e fica ganhando rios de dinheiro por estar simplesmente jogando. Mas essa realidade é uma realidade que abrange poucas pessoas na Twitch, a maioria dos streamers lutam muito para conseguir qualquer tipo de remuneração. A gente tinha que ser visto mais como ser humano”, diz.

Com o apoio de vários streamers e espectadores, os organizadores esperam que o “apagão” tenha bastante adesão na próxima segunda-feira. “A gente pensou que não ia ter tanta adesão quanto teve, a cada minuto que passa, uma pessoa que a gente considera grande está aderindo ao movimento”, afirma Kinnoko.

A reportagem entrou em contato com a Twitch mas, até o momento desta publicação, não obteve retorno.

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