Beneficiando cerca de 8.500 produtores rurais dos municípios de Itabaiana, Areia Branca, Malhador e Riachuelo, os perímetros de irrigação pública Poção da Ribeira, Jacarecica I e Jacarecica II estão sendo revitalizados, através de ações de modernização da irrigação; reparo e segurança de barragens; conservação ambiental da água, do solo e dos biomas da bacia hidrográfica do Rio Sergipe (BHRS). De 2015 a 2020, cerca de R$ 45,5 milhões foram aplicados pelo Governo do Estado no Programa ‘Águas de Sergipe’ (PAS), com cofinanciamento do Banco Mundial, em ações da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), administradora dos perímetros na região.
Entre essas ações, um Painel de Inspeção e Segurança de Barragens foi formado, composto por quatro especialistas independentes nas áreas de Hidrologia, Hidráulica, Maciço de Concreto e Geotecnia. Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca avalia que, apesar de todas as ações serem fundamentais, a mais importante é o Plano de Segurança das Barragens. “Foram contratados especialistas para fazer uma vistoria nas barragens estaduais, onde fizeram um levantamento e apontaram ações a serem executadas em médio, curto e longo prazo. A última destas ações previstas pelo PAS está em campo, sendo executada, com a previsão de finalizar até o final do ano, tanto nas nossas três barragens [perímetros irrigados da Ribeira, Jacarecica I e II], quanto na Jaime Umbelino, da Deso”, afirma.
Segundo o diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, as outras ações do programa já foram desenvolvidas, como a recuperação da estrutura física das três barragens da Cohidro, envolvendo a limpeza, recuperação e pintura do concreto, remoção de arbustos nos taludes das barragens, limpeza e recuperação dos drenos, a recomposição do rip-rap, plantio de grama e recuperação das galerias com iluminação. “Também foram promovidas ações de conservação de água e solo, com a contratação de serviços especializados para capacitação no uso adequado de agrotóxicos para os irrigantes agricultores familiares, técnicos e colaboradores dos perímetros irrigados; a contratação dos serviços de cercamento, reflorestamento e revegetação para atender aos projetos de preservação, conservação e recuperação de mananciais na região da BHRS e a execução do georreferenciamento das bacias hidráulicas, permitindo identificar as ocupações irregulares”, complementa o presidente.
Diones Passos é irrigante no perímetro Jacarecica I, onde cultiva quiabo, batata-doce e pimenta malagueta. No seu lote de 2,3 hectares, a irrigação é toda feita com o sistema de irrigação localizada fornecido pelo PAS. O produtor conta que pretende realizar algumas adaptações, mas já aprovou a melhoria em sua área. “A gente foi beneficiado com microaspersores e foi muito bom, porque com os canos de alumínio, a gente desligava a irrigação e às vezes chegava a queimar as mãos para mudar de um canto para outro”, relembra. Diones se refere a um sistema de irrigação móvel que, depois de aguar cada parcela, precisava ser transferido manualmente para outro setor do lote. Hoje, essa mudança é feita ao girar de um registro e pode até ser programada no controlador eletrônico do sistema. Essas facilidades, somadas ao fato de o produtor ter integrado, ao novo sistema, um dosador para fertirrigação, fez com que economizasse nos custos com mão de obra para adubar e manusear os antigos aspersores.
O PAS também previu intervenções que resultassem em maior economia de água, em função do aumento da eficiência de irrigação e redução dos desperdícios dentro dos lotes irrigados. Isso se deu com a completa troca dos sistemas de irrigação adotados nos perímetros da Ribeira e Jacarecica I, implantando a microaspersão, fixa e automatizada. Isso promoveu também a redução da mão de obra na operação e manutenção do equipamento, influindo nos custos do produtor irrigante. Ainda, segundo o diretor de Irrigação da Cohidro, a modernização dos perímetros permitiu a diminuição dos custos com energia elétrica. “Antes da implantação do projeto, eram irrigados 639 hectares com o consumo de 901 cavalos no eixo da bomba, perfazendo um consumo unitário de 6,51 cv/ha. Depois, se irriga 869ha com o consumo de 705cv, perfazendo um consumo unitário de 3,77 cv/ha”, detalha João Fonseca.