O Reino Unido detectou dois casos de covid-19 causados por outra variante “mais transmissível” do coronavírus, disse o secretário de saúde britânico, Matt Hancock.
Ambos os pacientes tiveram contato com pessoas que viajaram nas últimas semanas para a África do Sul, onde a nova cepa tem sido apontada como causa para um número recorde de hospitalizações, inclusive entre pessoas mais jovens e sem comorbidades.
O governo britânico impôs restrições para viagens ao país e instruiu a todos que tenham passado pela África do Sul nas últimas duas semanas, bem como aqueles que eventualmente tenham tido contato com essas pessoas, que entrem em quarentena imediatamente.
“Estamos extremamente gratos ao governo sul-africano pelo rigor de sua ciência e pela abertura e transparência com que agiram, de forma correta, como o fizemos quando descobrimos uma nova variante aqui”, disse Hancock.
As duas variantes recentemente identificadas — uma encontrada primeiramente no Reino Unido e a cepa sul-africana — compartilham algumas semelhanças, mas evoluíram separadamente.
Ambas têm uma mutação — chamada N501Y — localizada em uma parte crucial do vírus, usada para infectar as células do corpo humano.
A epidemiologista Susan Hopkins, da Public Health England (PHE), agência ligada ao Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, disse que “as duas variantes parecem mais transmissíveis”, mas ressaltou que “ainda estão aprendendo” sobre a cepa “importada” da África do Sul.
Ela declarou estar “bastante confiante” de que as regras de quarentena e as restrições a viagens controlarão a disseminação da nova mutação.
Cientistas da África do Sul dizem que a cepa, que tem marcado a segunda onda da pandemia no país, “se espalhou rapidamente” e se tornou a forma dominante do vírus em algumas partes do país.
“Embora o significado completo das mutações ainda precise ser melhor entendido, os dados genômicos, mostrando o rápido deslocamento de outras linhagens, sugerem que esta linhagem pode estar associada a um aumento da transmissibilidade”, constatou o estudo.
O que se sabe sobre a nova variante
Na última sexta-feira (18/12), o Ministério da Saúde da África do Sul anunciou que uma nova cepa do coronavírus fora detectada no país.
Segundo as autoridades, ela poderia explicar a rápida velocidade de transmissão da segunda onda da pandemia no país, com uma maior incidência entre pacientes mais jovens do que na primeira.
A variante, 501.V2, foi identificada por pesquisadores sul-africanos e relatada à Organização Mundial de Saúde (OMS), disse o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, em um comunicado.
A equipe sequenciou centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia, em março.
“Eles perceberam que uma determinada variante domina os resultados dos últimos dois meses”, informa nota.
As evidências coletadas, acrescenta o ministro, “sugere fortemente que a segunda onda atual que estamos experimentando está sendo causada por esta nova variante”. Apesar do cenário, o titular da pasta disse que “não há motivo para pânico”.
A equipe de pesquisadores sul-africanos compartilhou suas descobertas com a comunidade científica.
E também alertou ao Reino Unido, o que permitiu aos investigadores britânicos “estudarem as suas próprias amostras e encontrar uma variante semelhante”, potencialmente implicada na transmissão veloz observada em algumas regiões do país, segundo Mkhize.
Mutações anteriores do Sars-CoV-2 já foram observadas e relatadas em todo o mundo.
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