Centenas de imigrantes na França que trabalham na linha de frente contra a covid-19 tiveram seu serviço ao país reconhecido com a concessão de cidadania.
Profissionais da saúde, de limpeza e trabalhadores de supermercados estão entre os que, conforme a convocação feita pelo Ministério do Interior, têm direito à naturalização acelerada.
Desde setembro, quando a iniciativa foi anunciada, 74 pessoas já receberam passaporte francês e outras 693 se encontram na fase final do processo. Um total de 2.890 pessoas se inscreveram até agora.
“Profissionais de saúde, faxineiras, trabalhadores de creches, caixas de supermercado: todos eles provaram seu compromisso com a nação, e agora é a vez de a República dar um passo em sua direção”, disse, em nota, o gabinete de Marlene Schiappa, ministra-delegada para a Cidadania, na terça-feira (22/12).
A França está entre os dez países do mundo mais afetados pela covid-19, com mais de 2,5 milhões de casos confirmados e perto de 62 mil óbitos.
Assim como no restante do mundo, os trabalhadores da linha de frente, especialmente os profissionais de saúde, estão entre os mais expostos. Em quase dez meses de pandemia na Europa, muitos morreram pela doença causada pelo Sars-CoV-2.
Em tempos “normais”, para ter o pedido de cidadania aprovado um candidato deve ter residido na França por cinco anos com uma renda estável e demonstrado integração na sociedade francesa.
Agora, em reconhecimento aos “excelentes serviços prestados” pelos trabalhadores da linha de frente contra a pandemia, o pré-requisito para esses profissionais caiu para dois anos de residência no país, segundo o governo.
Em 2017, a população de imigrantes da França era de 6,4 milhões, incluindo um número significativo de cidadãos de ex-colônias, como países do norte e oeste da África. O processo para se tornar um cidadão francês pode ser complexo e demorado — e o número de naturalizados vem diminuindo. Foram 10% a menos em 2019 do que em 2018.
Não é a primeira vez que a França reconhece a contribuição de imigantes para a nação com cidadania.
Em 2018, o malinês Mamoudou Gassama obteve a naturalização depois de ser apelidado de “homem-aranha” por resgatar um menino pendurado em uma varanda de Paris.
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