Desde o início da epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o número de mortes de idosos no Rio de Janeiro aumentou, os óbitos envolvem doenças além da Covid-19. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que três em cada quatro vítimas do vírus no estado são da terceira idade.
Comparada aos meses de abril a junho de 2017-2019, este ano morreram 36% mais idosos no estado do Rio e 57% no município. Entre eles, 78% no município e 54% no estado faleceram fora de hospitais , em abrigos ou em suas próprias casas. As principais causas que justificam esses óbitos são a hipertensão, câncer e a diabetes.
Os dados são do estudo “O excesso de óbitos de idosos no Município do Rio de Janeiro analisados segundo o local de ocorrência” , realizado por pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) ao analisar dados das secretarias estadual e municipal do Rio.
Entre as constatações, está a de que a maior parte dos óbitos ocorreu na capital: 7.023 mais idosos mortos . O número de mortes em 2020 foi ainda maior entre os negros, com um aumento de 109%, contra 74% dos idosos brancos.
Os bairros da cidade do Rio que, proporcionalmente, registraram maior aumento de óbitos de idosos foram Paquetá, Penha, Ramos, São Cristóvão, Zona Portuária, Centro, Lagoa, Rocinha e Guaratiba. Já os bairros de Méier, Madureira, Jacarepaguá, Bangu e Campo Grande tiveram o maior crescimento de morte de idosos em domicílio.
A especialista em saúde pública do Gise/Icict/Fiocruz, Dalia Romero comenta o fenômeno: “O aumento expressivo do número de mortos em residências indica claramente falhas do no sistema de saúde e da assistência social, com carência de atenção oportuna e preventiva”.
Causas da mortalidade
A hipertensão foi apontada pelo estudo como a maior causa de mortalidade entre a terceira idade fluminense, em 2020. No triênio de 2017-2019 a média era de 153 óbitos entre abril e junho, este ano o número subiu para 364, com um aumento expressivo de 137%.
Ainda na mesma análise de período, as mortes por diabetes duplicaram, registrando um aumento de 89% (252 óbitos) em relação ao triênio (133 óbitos).
A pesquisa foi publicada em Nota Técnica do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (Gise/Icict/Fiocruz), que diz que “tanto a hipertensão quanto a diabetes são causas consideradas evitáveis de mortalidade e internação. Como estudos já demonstraram, o aumento da cobertura da Atenção Primária à Saúde reduz a mortalidade por causas consideradas evitáveis”.
Segundo os pesquisadores, a carência de testes para Covid-19 e a falta de rede de atendimento adequada para casos graves pode ter colaborado para um aumento expressivo no total de mortes em domicílio por causas mal definidas. Comparadas ao triênio de 2017-2019, o número foi de 334% a mais em 2020.
Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) disponíveis na página da Secretaria Estadual de Saúde, o Estado do Rio de Janeiro acumulou, até 31 de agosto, 16.735 óbitos por Covid-19, sendo 12.521 de pessoas idosas (74,8%). Já o município do Rio de Janeiro registrou 9.153 e 7.047 óbitos (77%), respectivamente.