O aumento de casos de Covid-19 em Manaus, no Amazonas, tem relação com o início da campanha eleitoral no Brasil. A informação foi divulgada pela diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Rosemary Pinto, em coletiva de imprensa na sede do Governo do Amazonas, Zona Oeste, nesta terça-feira (27).
Ontem (26), o Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) denunciou uma série de irregularidades no tratamento e internação de pacientes do Hospital 28 de Agosto, em Manaus. Vídeos gravados dentro da unidade mostram macas amontoadas, aglomeração entre pacientes e acompanhantes.
“Alguns estão indo a óbito, principalmente quem se expôs em comícios, passeatas e andanças, ou que tiveram contato com pessoas que frequentaram esses lugares”, explicou Rosemary Pinto. “Estamos vendo pessoas aglomeradas. A maioria não usa máscaras nesses eventos”, acrescentou.
Rosemary ressaltou que, em setembro, a FVS enviou recomendação ao junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) e fez uma consulta junto ao órgão sobre medidas para coibir aglomerações.
O secretário estadual de Saúde Marcellus Campêlo anunciou medidas para desafogar a demanda no Hospital 28 de Agosto, como a transferência de pacientes para abertura de leitos e a realização de 180 cirurgias ortopédicas no período noturno.
“Existe um protocolo estabelecido em toda a rede de saúde. O quinto andar do hospital é destinado aos pacientes com a doença. Na sala rosa são levados os suspeitos para diagnóstico; em caso de confirmação, ele é transferido para o Delphina ou, se houver vaga, permanece no 28 de agosto”, explicou.
No Hospital Delphina Aziz, 60% dos leitos estão ocupados por pessoas em fase de recuperação de sequelas da Covid-19, como diabéticos e pacientes renais, alguns hospitalizados há mais de quatro meses. De acordo com o governador Wilson Lima, a terceira fase do plano de contingência já foi acionada em caso de necessidade de ampliação da estrutura.
Decreto prorrogado
O aumento de casos e de internações pelo novo coronavírus (Covid-19) em Manaus e nos municípios do interior do Amazonas resultaram na prorrogação por mais 30 dias do decreto que suspende o funcionamento de bares, praias, casas de shows, balneários e flutuantes no estado.
Durante o anúncio do prolongamento da medida, o governador Wilson Lima destacou que o aumento dos casos tem a ver principalmente com as campanhas políticas que tiveram início no Amazonas e causam aglomerações.
“Os eventos políticos, convenções, reuniões, caminhadas, fizeram com que os casos aumentassem no interior. Também estamos tendo a antecipação do período chuvoso, o que aumenta a incidência de doenças respiratórias”, disse. “Todo esse cenário tem causado uma pressão sobre a nossa rede e tem feito com que algumas unidades cheguem a sua capacidade máxima”, revelou.