Com uma das menores taxas de óbito por Covid-19 do país para cada grupo de 100 mil habitantes desde o início da pandemia, o Rio Grande do Sul tem a maioria de suas regiões com indicadores mais positivos do que a própria média estadual. Das 21 regiões definidas pelo modelo de Distanciamento Controlado, 13 apresentaram média móvel de morte pela doença nos últimos sete dias inferior a 0,35. Destaque fica com as regiões de Uruguaiana (média móvel nos últimos sete dias de 0,03), Ijuí (0,06) e Bagé (0,08). Das áreas Covid que ficaram com os piores resultados, predomina a macrorregião Metropolitana.
O levantamento divulgado pelo Comitê de Dados do governo para o enfrentamento da pandemia reúne informações atualizadas até quinta-feira (24/9). O estudo traz comparativos do último semestre entre as taxas médias do Brasil, do Estado e das 21 regiões. Pelo monitoramento, a região de Bagé aparece com números abaixo da média móvel nacional e do Rio Grande do Sul desde o mês de maio. As áreas de Uruguaiana, Santo Ângelo e Ijuí igualmente apresentam números positivos há vários meses.
Mesmo com uma queda bastante acentuada na última semana, a região de Porto Alegre segue com uma média móvel (0,48) acima do RS e do Brasil. A capital gaúcha e outras cinco cidades do entorno (Alvorada, Cachoeirinha, Glorinha, Gravataí e Viamão) superam o indicador estadual desde o início de julho. Além de Pelotas (0,55) e Porto Alegre, a média móvel dos últimos sete dias apresenta mais seis regiões com números acima da taxa de óbitos para cada 100 mil habitantes medida para o Estado como um todo: Guaíba (0,48), Taquara (0,42), Novo Hamburgo (0,41), Canoas (0,38), Cruz Alta (0,38) e Santa Maria (0,36).
“Apesar de termos um número acumulado de mortes bem abaixo da média nacional, no momento o Estado registra taxa móvel um pouco superior. Por isso, as pessoas precisam seguir com os cuidados individuais e evitar aglomerações”, alerta o pesquisador André Augustin. Responsável pelo monitoramento, Augustin integra o Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) e atua junto ao comitê.
Modelo
Na avaliação da coordenadora do Comitê de Dados, Leany Lemos, o estudo reforça o acerto do modelo de Distanciamento Controlado ter adotado a divisão do Rio Grande do Sul em regiões Covid-19 para monitorar o risco do avanço do novo coronavírus. “O Estado tem características muito próprias em cada região, desde o perfil populacional, a atividade econômica preponderante e a estrutura de atendimento. Por isso, o modelo estabeleceu um sistema que buscasse refletir essas realidades distintas e o comportamento do vírus no território”, observa.
O Distanciamento Controlado entrou em vigor no mês de maio e, desde então, é atualizada semanalmente a classificação do risco epidemiológico de cada região por meio de bandeiras (amarela, laranja, vermelha e preta)
Leany Lemos salienta que o Rio Grande do Sul está alcançando importantes indicadores nesses seis meses de enfrentamento da pandemia. Com 4.544 óbitos no acumulado, o Estado tem uma taxa de 39,94 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o que representa a quarta melhor média nacional. Se o RS reproduzisse a média nacional (66,53), mais de 7.500 pessoas teriam perdido a vida para a Covid-19 até agora. Se forem considerados apenas os casos de morte entre pessoas com mais de 50 anos de idade, a relação de óbitos para 100 mil habitantes cai para 12,6, a segundo menor do país. “Esse é um dado significativo na medida em que o Rio Grande do Sul vê aumentar seu contingente de idosos a cada ano. Temos hoje o mais baixo crescimento vegetativo da população”, destaca Leany.
A coordenadora ressalta que o RS tem o menor excesso proporcional de óbitos em todo o país. Recente levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) confirma estudos internos do Comitê de Dados e aponta que o Estado registrou, em cinco meses de pandemia, apenas 2% de óbitos além dos projetados para o período, enquanto que a média nacional ficou em 22%.
“Isso mostra que, na luta contra a Covid, o Estado não descuidou das demais doenças. Estamos há meses monitorando os óbitos em geral, uma vez que o modelo sempre teve este propósito: preservar vidas com o menor impacto econômico possível”, resume Leany. Durante a pandemia, o Rio Grande do Sul conseguiu ampliar em 102% o número de leitos de UTI adulto para atendimento de pacientes do SUS: hoje são 1.884 disponíveis.
REGIÕES COM MENOR MÉDIA MÓVEL
• Uruguaiana: 0,03
• Ijuí: 0,06
• Bagé: 0,08
• Santa Cruz do Sul: 0,12
• Santa Rosa: 0,13
• Cachoeira do Sul: 0,14
• Erechim: 0,18
• Palmeira das Missões: 0,21
• Santo Ângelo: 0,26
• Caxias do Sul: 0,28
• Passo Fundo: 0,30
• Capão da Canoa: 0,32
• Lajeado: 0,32
REGIÕES COM MAIOR MÉDIA MÓVEL
• Pelotas: 0,55
• Guaíba: 0,48
• Porto Alegre: 0,48
• Taquara: 0,42
• Novo Hamburgo: 0,41
• Canoas: 0,38
• Cruz Alta: 0,38
• Santa Maria: 0,36
Confira aqui o levantamento divulgado pelo Comitê de Dados.
Texto: Pepo Kerschner/Ascom SPGG
Edição: Vitor Necchi/Secom