A busca por uma alimentação mais saudável tem provocado mudanças e incentivado o resgate de sistemas de produção antigos, tradicionais, tornando-os mais sustentáveis. Nesse sentido, a redução do uso de agrotóxicos, inclusive na perspectiva da transição, é uma realidade e, nesse contexto, os bioinsumos são incentivados no Brasil, especialmente a partir de maio de 2020, quando foi instituído o Programa Nacional de Bioinsumos.
“Importante destacar que avanços nas pesquisas também estão acontecendo”, avalia o engenheiro agrônomo Gervásio Paulus, que é mestre em Agroecossistemas e extensionista rural da Emater/RS-Ascar, que participou do painel sobre Bioinsumos – Potencialidades e perspectivas para a agricultura, realizada na tarde de sábado (3/10), por meio da plataforma Expointer, durante a Expointer Digital 2020, que se encerra no domingo (4/10).
Também participaram do debate sobre bioinsumos a engenheira agrônoma e extensionista da Emater/RS-Ascar Patrícia da Silva Grinberg, responsável pela Clínica Fitossanitária, mantida por meio de convênio entre Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, e Emater/RS-Ascar, e a engenheira agrônoma, doutora em Fitotecnia e analista agropecuária florestal da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Sepadr), Agda Regina Ikuta. O painel teve a moderação da jornalista da Emater/RS-Ascar Adriane Bertoglio Rodrigues. O objetivo foi apresentar informações relevantes do cenário de bioinsumos no Brasil, incluindo o Marco Legal, perspectivas e potencialidades.
Para o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri, o momento de transformação vivido pela sociedade leva à agricultura a responsabilidade pela sustentabilidade. “A agricultura já teve como foco a produtividade, agora devemos nos adequar e garantir a sustentabilidade dos processos produtivos também na agropecuária”, analisou, ao defender a capacitação constante do agricultor, para que tenha acesso a informações e seja sensibilizado para as mudanças.
Programa e desafios
Em maio de 2020 foi criado o Programa Nacional de Bioinsumos, que propõe ampliar e fortalecer o segmento de insumos de base biológica, ofertando tecnologias, produtos, processos, conhecimento e informações sobre uma gama de bioinsumos aplicados à nutrição do solo; ao controle de pragas, parasitos e doenças; aos tratos culturais e zootécnicos; e à otimização de produtos e processos relacionados à pós-colheita e à agroindústria.
Essa política pública envolve Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Embrapa e três representantes da sociedade civil, como a Emater/RS-Ascar, que presta assistência técnica e extensão rural e social aos agricultores.
Em sua apresentação, Patrícia falou sobre as vantagens, os potenciais e os desafios do uso de bioinsumos na produção de alimentos, já que, em pesquisa recente, foi constatado que 57% dos agricultores brasileiros os conhecem, mas 61% não utiliza. “A gente entra para mudar esse cenário”, disse, ao destacar a disponibilidade crescente da informação. “Mas é preciso promover e incentivar capacitações e experimentações por parte dos agricultores, apresentando práticas já realizadas, cujos resultados são expressivos.” Dessa forma, complementa Patrícia, será possível atender à demanda crescente de consumidores cada vez mais exigentes.
Como desafios, Patrícia defende a urgência crescente em identificar ações exitosas e buscar meios para atuar em cenários desafiadores, como o das mudanças climáticas, a crescente consciência ambiental de produtores, consumidores e gestores públicos, a crise energética e novos e mais exigentes mercados, oferecendo cultivos mais sustentáveis.
Políticas públicas
Para Agda, diante de todo esse contexto, é importante estimular políticas públicas que incentivem o uso de bioinsumos em sistemas de produção no Rio Grande do sul. Segundo ela, existem programas, como o Plano Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (Pleapo), que ela coordenou de 2015 a 2018, que incentivam o aumento do uso de bioinsumos. “O monitoramento é fundamental e é uma ferramenta que auxilia o agricultor nessa adaptação”, avalia.
“O uso de bioinsumos não serve apenas como substituição de insumo químico, mas deve estar integrado a um sistema de produção que reúna práticas de manejo que estimulem a vida no solo e seu reinrequecimento, articulando ações de fomento, pesquisa, extensão”, observa Agda, ao defender a satisfação do produtor e alimentos mais saudáveis ao consumidor.
O painel Bioinsumos pode ser visto no canal de transmissão da Expointer Digital 2020.
Texto: Ascom Emater
Edição: Secom