A “Criatividade e Subjetividade na Pesquisa Qualitativa ” foi o tema do quinto encontro virtual promovido pela Secretaria de Estado da Administração (Sead), por meio da Escola de Governo (EGRN), realizado nesta quarta-feira (24). A temática foi apresentada pela professora doutora Keutre Gláudia Soares, docente permanente do Departamento de Educação, do Campus Avançado de Pau dos Ferros da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Mais de cem pessoas prestigiaram o evento online.
O foco da apresentação da professora doutora Keutre foi o estudo da criatividade e da subjetividade a partir da Epistemologia Qualitativa, que é uma proposta metodológica dentro da abordagem qualitativa. Segundo ela, a criatividade é vista como uma expressão da subjetividade. “Muitos consideram a criatividade um dom ou apenas quando se tem uma ideia inédita, mas no campo da pesquisa os especialistas encaram a criatividade como uma expressão da subjetividade”, definiu.
Embasando sua apresentação em vários estudos e pesquisadores da área, a palestrante explicou que a criatividade vai se constituindo a partir das experiências e dos espaços vivenciados pelo sujeito da ação. Essa criatividade é uma forma de evoluir do sujeito social e poderá estar presente em várias situações no dia-a-dia. “Então, ser criativo é uma forma de aprendizado resultado do esforço do sujeito e de um ambiente apropriado. Podemos dizer que é aquela ação que traz um significado novo e valioso para alguém ou para algum lugar”, destacou Keutre Soares.
Subjetividade
Partindo da constatação de que “hoje, o sujeito social é um ser complexo”, a professora Keutre define a subjetividade não por aquilo que é meu, íntimo, individual; mas nessa definição há muito de contribuições sociais, do que o sujeito vivencia socialmente. “A complexidade do subjetivo humano, o psiquismo humano deve ser visto a partir do histórico-cultural”, apontou.
E como isso afeta o pesquisador e seu projeto? Na pesquisa qualitativa se deve considerar todas as características do sujeito histórico, cultural e que está em constante construção. “Alguns autores consideram a subjetividade como pluridimensional. A subjetividade social e individual estão articuladas e vão se constituindo, logo a singularidade do sujeito se configura a partir da convivência social”, disse.
Epistemologia qualitativa
Um dos princípios da Epistemologia qualitativa considera que a pesquisa começa e termina como uma construção, o conhecimento é como uma produção construtiva-interpretativa e tem um caráter interativo. “A pesquisa é um processo em constante construção, que não se encerra ao final do projeto, pois sempre poderá haver novos pontos a pesquisar”, afirmou a professora.
De acordo com Keutre Soares, o pesquisador e o sujeito são agentes da construção teórica. E entre os instrumentos de construção da informação, ela aponta como fundamental que o pesquisador esteja ao máximo no ambiente pesquisado e próximo das pessoas pesquisadas. “Dentro dessa proposta, o pesquisador pode trabalhar em seu projeto até em momentos informais, isto é, a todo momento que estiver no ambiente e com as pessoas poderá fazer parte da pesquisa”, explicou.
O objetivo do pesquisador é chegar a uma construção teórica e nesse caminho a criatividade do pesquisador é muito importante. “A responsabilidade do estudo é do pesquisador e não dos dados, que por si só não produzem conhecimento. Por isso especialistas defendem que o pesquisador não só conheça o espaço e as pessoas, mas também esteja no cenário da pesquisa”, acrescentou.
Novos caminhos
Os desafios do distanciamento social e as novas formas de realizar os projetos de pesquisa científica pós-pandemia foi uma pergunta feita por um dos participantes à professora doutora. “O ser humano está sempre buscando uma nova forma de interagir, é a necessidade do outro, mesmo ele não estando perto e o diálogo sendo a distância. Esse isolamento imposto pela pandemia é sem dúvida um grande desafio, nós pesquisadores temos que pensar novos caminhos. Acredito que haverá mudanças, convido a todos a pensar e construir esse novo caminho”, propôs Keutre Soares.