Saúde de populações quilombolas é monitorada durante pandemia
22 de junho de 2020
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) tem monitorado a saúde de comunidades quilombolas fluminenses durante o período de pandemia. A ação é realizada pela Coordenação de Equidade em Saúde para Populações Específicas da Superintendência de Atenção Psicossocial e Populações Vulneráveis (CESPE/SAPV) da Secretaria de Saúde em parceria com a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ).
– Nos últimos meses, diante dos desafios impostos pelo novo coronavírus, intensificamos o diálogo com as lideranças quilombolas. Juntos, estamos criando uma agenda para o monitoramento das demandas de saúde, buscando dar visibilidade aos principais problemas e articular a atuação intersetorial. No mapeamento realizado em abril, em conjunto com a ACQUILERJ, identificamos 50 quilombos no estado, distribuídos em 21 municípios – afirma Liu Leal, assessora da coordenação da Secretaria de Saúde.
Segundo Rachel Guimarães Vieira Pitthan, também integrante a equipe da coordenação, o sofrimento psíquico da população quilombola chama atenção.
– O medo, a ansiedade, a negação frente ao preconceito e à estigmatização e as preocupações em garantir a sobrevivência das pessoas estão causando transtornos de estresse. O mapeamento mostra que, durante a pandemia de Covid-19, a maioria dos quilombolas enfrenta dificuldades para garantir a própria segurança alimentar, em função da perda da renda proveniente do trabalho com agricultura familiar. Destacam-se, também, preocupações sobre como cuidar dos idosos quilombolas durante o isolamento social e as barreiras de acesso aos serviços de saúde, já que muitas vezes os quilombos estão afastados das unidades – aponta.
Diante desse quadro, a equipe da SES monitora a população quilombola diretamente com suas lideranças, por meio de reuniões virtuais realizadas semanalmente com a comissão de saúde da ACQUILERJ.
– Essa troca tem sido estratégica para atualizar o mapa da situação de saúde nos quilombos do estado. A equipe sistematiza as questões identificadas e articula soluções com os gestores municipais dos territórios e ações intersetoriais a nível estadual – conta Graciela Pagliaro, técnica da CESPE.
Durante a pandemia, todos os esforços de monitoramento e apoio têm respeitado a dinâmica e especificidades territoriais e culturais, buscando parcerias e articulações internas, a fim de garantir proteção e melhora da qualidade de vida dos quilombolas.
– Alguns territórios adotaram as suas próprias medidas de isolamento, fechando a fronteira dos quilombos e impedindo a entrada e a saída de pessoas de fora. Outros estão em busca de formas de escoar a produção alimentar, fonte de sua subsistência, para alimentar outras populações e garantir a renda familiar – exemplifica Graciela.