O Brasil é um país com uma biodiversidade riquíssima e as aves são seus elementos mais atrativos. É muito comum as pessoas observarem esses pássaros nas estações mais quentes do ano, como a primavera e verão. Mas como se comportam no inverno?
De acordo com a bióloga Anelisa Ferreira de Almeida Magalhães, que trabalha na Prefeitura, por meio da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente desde sua criação, em 1992, no inverno ocorre uma redução natural na oferta de alimento na natureza. Com isso, as aves se deslocam em busca de novas fontes. Esse fenômeno é facilmente observado nos parques urbanos, pomares e comedouros, que ficam repletos de passarinhos.
“Nessa época, por exemplo, o Pavó, uma ave tipicamente de mata, que gosta dos coquinhos do palmito Jussara, vem visitar a cidade. Foi registrada presença nos parques Ibirapuera e Villa Lobos e teve caso de um que invadiu a seção de frutas de um supermercado”, diz Anelisa.
No Parque Ibirapuera, um casal de Jacuguaçu voltou a frequentar o comedouro, assim como a Saí-Andorinha e o Sabiá-Una, atraídos pela frutificação da magnólia amarela, uma árvore exótica.
Outros grupos que aparecem nessa estação são os patos e marrecos. No Brasil, a região mais rica em anatídeos é o Sul do país. No inverno foram registradas algumas espécies que, fugindo do frio, aparecem pelos parques. A bióloga Anelisa registrou pela primeira vez, em 2017, no município, a Marreca-de-Coleira durante o ” Vem Passarinhar”( atividade para observação de pássaros) no Parque Nove de Julho, na beira da represa Guarapiranga.
Outra espécie avistada no inverno na Guarapiranga foi a Marreca-Colhereira. “É neste período que aumenta a população de Irerê no lago do Parque Ibirapuera. Eles aparecem em busca da alimentação fornecida para o acervo de aves do parque”, explica.
As aves com hábitos migratórios – que se deslocam em períodos determinados com a finalidade de se reproduzir e depois retornam aos seus locais de origem- também podem ser observadas no inverno. “No caso, elas estão migrando para o Norte fugindo do inverno austral. Um exemplo é o chamativo Príncipe, que aparece por aqui vindo do Sul e neste ano foi registrada a presença do Papa-mosca-cinzento, outra ave migratória de inverno”, disse.
As penas das aves são muito eficientes para manter a temperatura corpórea. “Eles arrepiam as plumas que recobrem o corpo, criando uma camada de ar que não deixa que o calor produzido seja perdido para o ambiente externo. As aves mantêm a temperatura do corpo entre 40 e 42 o C”, afirma a bióloga.
