São Paulo tem mais uma conquista no enfrentamento da Aids. A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), reduziu a média do tempo para o início do tratamento para pessoas diagnosticadas com HIV de 116 dias, em 2016, para 23 dias, em 2020. A terapia antirretroviral (TARV), tratamento para quem tem o vírus causador da aids, tem agora um tempo 80% menos de espera.
“Esse resultado é fruto da implantação de uma série de iniciativas nesses quatro anos, mudanças de fluxos de trabalho na Rede Municipal Especializada em DST/Aids (RME DST/Aids) da capital paulista, inéditos, inclusive, nacionalmente”, explica a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo (PM DST/Aids), Cristina Abbate.
Desde o ano passado, os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) em DST/Aids passaram a realizar a primeira consulta para as pessoas recém-diagnosticadas com HIV no próprio CTA e também a dispensar a TARV. Depois, o paciente é encaminhado para acompanhamento no Serviço de Atenção Especializada (SAE) em DST/Aids. O novo processo acelera o início do tratamento na RME DST/Aids.
O porcentual de pessoas que iniciam a TARV em até 30 dias também tem aumentado nos últimos quatro anos. Em 2016, 13,8% das pessoas com diagnóstico positivo para o HIV nos serviços municipais especializados em DST/Aids de São Paulo pegaram os seus medicamentos antirretrovirais em até um mês após a realização do teste. Esse percentual era de 25,6%, em 2017, aumentou para 33,7% em 2018, passou a 51,1% em 2019 e foi de 69,2% em abril de 2020.
“O início cada vez mais precoce do tratamento é importante para as pessoas que vivem com HIV/Aids cheguem à carga viral indetectável, quando há baixa quantidade de vírus no sangue, resulta em mais qualidade de vida para esses pacientes e também faz com que o vírus não seja mais transmitido em relações sexuais, desde que a carga viral se mantenha indetectável por pelo menos seis meses, o que implica na manutenção do tratamento”, diz Robinson Fernandes de Camargo, médico e coordenador de assistência do PM DST/Aids.
Meta 90-90-90
Em dezembro de 2014, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) criou a Declaração de Paris, um documento que convida prefeitos e outros líderes municipais a se comprometerem com o fim da epidemia de HIV/Aids no mundo até 2030.
Para isso, a declaração originou a meta 90-90-90, que prevê que 90% das pessoas vivendo com HIV sejam diagnosticadas, 90% destas estejam em tratamento e 90% destas estejam com carga viral indetectável.
A cidade de São Paulo se tornou signatária da Declaração de Paris em 2015 e reforçou seu compromisso em 2018, quando o Prefeito Bruno Covas assinou o documento Declaração de Paris para o enfrentamento do HIV/AIDS na capital paulista.
Dessas três metas, a capital paulista já alcançou a terceira e está prestes a bater as duas primeiras. Atualmente, há cerca de 45 mil pessoas vivendo com HIV/Aids em seguimento nos SAEs paulistanos. Desse total, mais de 95% dos pacientes em uso de TARV estão com a carga viral indetectável.