A proteção ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) — na mira da Justiça por conta da investigação das rachadinhas e, agora, da suposta interferência da Abin em sua defesa — tem sido fator debatido na mesa de negociações da sucessão da presidência do Senado, que terá eleições em fevereiro de 2021.
Segundo apuração da jornalista Andreia Sadi, senadores do MDB afirmam que o planalto teme que o candidato de Davi Alcolumbre, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) , seja “muito independente” e não “segure a onda do senador se ele precisar”. Eles se referem a eventuais desdobramentos dos casos no Conselho de Ética, por exemplo.
O pedido de cassação do filho de Jair Bolsonaro (sem partido) está, atualmente, ‘parado’ no Conselho de Ética. Com Alcolumbre, aliado do governo, o planalto estava em posição confortável. Agora, com o veto do STF, o governo teme a perda de controle dos casos, e monitora a situação para que o sucessor de Alcolumbre mantenha a mesma linha.
Fritura de Pacheco
Senadores que aspiram uma candidatura do MDB e integrantes do governo têm articulado um processo de ‘fritura’ de Pacheco; uma das causas é que, quando Pacheco era presidente do Conselho de Ética, foi duro com as denúncias contra o então presidente Michel Temer.
À época, Pacheco fazia parte do MDB, mesmo partido de Temer. Ainda assim, não garantiu a blindagem do ex-presidente. Esses senadores garantem que outro candidato do MDB ajudaria a ‘blindar’ o filho 01 do presidente.
Senadores da oposição afirmam que vão cobrar que o candidato que apoiarem não garanta proteção a Flávio Bolsonaro. Os parlamentares da esquerda devem se reunir no dia 23 de dezembro para discutir o apoiador na sucessão do Senado.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), “não há veto a Pacheco”, que tem bom trânsito no Senado. No entanto, diz Rodrigues, senadores de oposição não aceitarão qualquer candidato que se “converta ao bolsonarismo e garanta blindagem a Flávio”. “Transformar o Senado em puxadinho do Planalto não dá.”