InícioPOLÍTICA SPParlamentares realizam ato solene em defesa do patrimônio público paulista

Parlamentares realizam ato solene em defesa do patrimônio público paulista


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Na última quarta-feira (26/8), a deputada Leci Brandão (PCdoB), que é coordenadora da Frente Parlamentar sobre Privatização e em Defesa do Patrimônio e dos Serviços Públicos de Qualidade, promoveu, em ambiente virtual, o ato solene a favor do patrimônio paulista. A solenidade aconteceu em virtude do Projeto de Lei 529/2020 que, encaminhado à Alesp pelo Executivo, busca realizar uma reforma administrativa e tributária no Estado de São Paulo.

“É inadmissível que, agora que está todo mundo com problema de falta de emprego, saúde, precisando trabalhar, haja essa falta de sensibilidade em desempregar as pessoas. O povo paulista construiu um patrimônio por muitos anos e fundações, autarquias, universidades, parques, imóveis são parte de um capital que não pode ser desfeito sem o consentimento do povo”, afirmou Leci, que lamentou a falta de participação popular na elaboração do projeto.

Na avaliação do deputado Sargento Neri (Avante), trata-se de “um projeto realmente complexo, no qual ele (governador) colocou várias matérias juntas, para aproveitar alguma coisa”. Neri defendeu a necessidade de análises do governo sobre o impacto das vendas supostas: “ele joga toda uma autorização para a Assembleia Legislativa, mas não nos dá respaldo sobre esses estudos”.

A solenidade reuniu mais de cem pessoas, entre parlamentares federais, servidores públicos, representantes da sociedade civil e de entidades. Os deputados estaduais Luiz Fernando T. Ferreira (PT) e Teonilio Barba (PT) também participaram.

Projeto

Em resumo, ao longo de 16 capítulos, a proposição versa sobre concessões, vendas de propriedades, extinção de entidades descentralizadas, arrecadação de tributos, entre eles redução de benefícios fiscais concedidos no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), assim como a alteração na legislação do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis. Trata também de fundos de despesa e incentivo, regulação e fiscalização dos serviços públicos, transação de créditos da dívida ativa estadual, além de propor o Programa de Demissão Incentivada (PDI).

De acordo com a matéria, o Estado ficaria autorizado a conceder, após licitação na modalidade de concorrência, a exploração de serviços ou uso de áreas, como as dos parques Villa Lobos e Água Branca, localizados na capital, sendo obrigação da concessionária investir nos locais e respeitar as normas de proteção ao meio ambiente, patrimônio histórico e cultural e uso do solo.

Figuram na lista das entidades descentralizadas que poderiam ser extintas, a Fundação Parque Zoológico, Fundação para o Remédio Popular (Furp), Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU).

“A extinção não trará prejuízo às atividades de prevenção, pesquisa e tratamento de câncer, porque aquelas que ainda não são executadas por outros órgãos da Administração serão a estes transferidas”, justifica o governo sobre a Fosp. Já sobre a Furp, o ofício que encaminhou o projeto à Alesp declara que “as instalações de produção de remédios da fundação atualmente não produzem qualquer produto exclusivo ou inovador, e a demanda por esses medicamentos pode ser suprida pelo mercado produtor privado”.

A propositura também altera um trecho da norma referente ao Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) e propõe contribuição de 2% a 3%, de acordo com a idade do servidor, além da cobrança de 0,5% a 1% dos vencimentos por cada beneficiário.

“Urge a necessidade de se manter o equilíbrio econômico-financeiro na prestação de serviços de saúde pelo Iamspe, deteriorado profundamente com o passar dos anos, inclusive para que não haja risco de solução de continuidade nas atividades, razão porque se propõe a fixação de alíquotas de contribuição para beneficiários de contribuintes, hoje isentos”, detalha o documento.

O secretário da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, e o de Projetos, Orçamento e Gestão, Mauro Ricardo Machado Costa, afirmam conjuntamente que a propositura visa “dotar o Estado de meios de enfrentamento da grave situação fiscal que ora vivenciamos devido aos efeitos negativos da pandemia da Covid-19”, uma vez que, com o aumento das despesas dos cofres públicos e queda da arrecadação, São Paulo pode acumular um déficit orçamentário de R$ 10,4 bilhões em 2021.

Processo Legislativo

O projeto está em regime de urgência por solicitação do governador João Doria e, apresenta prazo de 45 dias para a tramitar na Alesp, contados a partir da data de entrada da propositura na Casa (13/8). Esgotado este período, a matéria segue para a Ordem do Dia, mesmo se não houver parecer das comissões permanentes, mas isso não significa que ela precisará ser votada na ocasião.

A deliberação em Plenário pode se adiantar, caso a análise dos órgãos técnicos seja concluída dentro do prazo de tramitação. No momento, a propositura aguarda parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação; Comissão de Administração Pública e Relações do Trabalho; Comissão de Infraestrutura e Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

É possível ler a íntegra do PL 529/2020 e sua tramitação no link: https://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1000332222

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