Entre os convidados do deputado Carlos Giannazi e do vereador Celso Giannazi (ambos do PSOL) para a live “Poesia periférica resiste”, transmitida em 20/7, o poeta Sérgio Vaz destacou o caráter marginal dessa literatura: “A gente cansou de ouvir nossas histórias na boca dos outros.” Cofundador da pioneira Cooperifa, em Taboão da Serra, Vaz não esconde o orgulho de seu trabalho. “A juventude negra e periférica nunca leu tanto.”
Do Sarau do Vinil, na Vila Joaniza, Alê Ferraz desenvolve nas escolas o projeto DISCObrindo o Brasil, que ensina a história recente por meio da música. Ela descreveu o Rap dos anos 1990 como uma revolução que despertou as letras na periferia. “Nós nos sentimos representados e passamos a ter voz.”
Não por acaso os encontros literários acontecem em bares. Nessas regiões praticamente não há equipamentos de cultura. Para Edmilson Oliveira, do Sarau das Imbuias, mais artistas conseguiriam divulgar seus trabalhos se houvesse espaço específico para eles. “Tem muita coisa boa sendo produzida”, disse.
Outro ato de resistência desses territórios veio do poeta e escultor Casulo, que periodicamente transforma sua oficina de funilaria em espaço cultural. “Não era para nós escrevermos. Quando expressamos nossos pensamentos, nós afrontamos o sistema.”