Governo está usando pandemia para desmonte da educação, dizem professores

Em debate de docentes promovido pelo deputado Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi (ambos do PSOL), a professora Luciana afirmou que muitas escolas estão se aproveitando da pandemia para negar pedidos de matrícula no primeiro ano de EJA. Para ela, isso é mais um passo do governo na sua política de fechar escolas, que foi impedida em 2015 pela mobilização de alunos, mas que prossegue de forma dissimulada com o fechamento de salas e turnos. A percepção foi corroborada pela experiência de Ana Lima. “Em Osasco, as salas do noturno que foram fechadas nunca mais foram reabertas. ”

A pandemia também está sendo usada como ponta de lança para antecipar a implantação do EaD na rede pública, intenção evidente desde a elaboração da BNCC, comandada pelo próprio secretário Rossieli quando foi ministro de Temer. Mas, para Silvana Soares, isso pode ser um “tiro no pé” do governo, já que a atual experiência abriu os olhos da população. “Agora teremos a comunidade do nosso lado. ”

Já a professora Nádia diz que os docentes estão sendo forçados a atribuir notas aos alunos ausentes. Ela crê que o motivo seja para criar uma fachada de eficiência à gestão Doria, provavelmente a ser usada nas eleições de 2022. Essa política de notas não é aceita por dois modelos tidos como referências mundiais na educação: o francês e o do estado de Massachusetts, nos EUA. Conforme pesquisa de Davi Vinicius, que mantém no youtube o canal Conversa de Professor, a existência de alunos imigrantes, sem acesso a computador ou à internet, impede a avaliação de 100% do alunado, motivo suficiente para que hão haja atribuição de notas no período.