Deputados da CPI das Quarteirizações receberam, na manhã desta quarta-feira (4/11), Wilson Mello Neto, presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe SP). O encontro, realizado em ambiente virtual, foi presidido pelo deputado Edmir Chedid (DEM).
Na ocasião, Wilson disse que “em virtude de nós termos pessoas trabalhando em Xangai e em Dubai, onde São Paulo possui escritórios comerciais, a Secretaria de Saúde pediu, em um determinado momento da pandemia de Covid-19, ajuda à Investe SP para entender melhor o mercado e os fornecedores de respiradores que se apresentavam, em especial na China”.
Para a deputada Janaina Paschoal (PSL), autora do convite ao presidente da Investe SP, é importante entender a razão pela qual, mesmo tendo havido contato direto com o presidente da empresa responsável pela venda dos aparelhos, foi necessária a intervenção de um terceiro na negociação.
Em resposta, o representante da agência explicou que a instituição teve o papel de fazer uma espécie de auditoria, analisando documentos, propostas e informações, e realizando visitas a repartições públicas chinesas e a instalações das empresas.
“Não fizemos escrutínio sobre a pessoa responsável pela proposta ou pela negociação. Falamos com um terceiro sobre o negócio porque a empresa nos escreveu dizendo que ele a representava em território brasileiro, não cabendo a nós indagar o porquê escolheram aquela pessoa para representá-los”, afirmou.
Ainda durante a reunião, os parlamentares ouviram o médico anestesista Cleudson Garcia Montali, que responde na justiça a uma ação em que é acusado de integrar um grupo especializado em desviar dinheiro da área da saúde por meio de contratos milionários com Municípios e Organizações Sociais e atualmente cumpre prisão preventiva por peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e corrupção.
O deputado Edmir Chedid (DEM), autor do pedido para a participação do médico, questionou o convidado sobre o envolvimento dele no suposto esquema narrado pela denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).
Cleudson descreveu a tese defendida pela promotoria no processo em curso. “Inicialmente, as licitações eram fraudadas para vencer a concorrência em algum projeto. Depois, o valor do contrato era superfaturado e parte do dinheiro usado para corromper políticos. Também havia a transformação de recursos ilícitos em lícitos por meio da lavagem de dinheiro”, disse.
O anestesista também acrescentou que, a seu ver, a acusação de liderar uma organização criminosa não procede porque o seu nome não aprece em documentos relacionados às investigações.
Além dos já citados, também participaram da reunião as deputadas e os deputados Analice Fernandes, José Américo e Vinicius Camarinha.