A ação do MP é urgente porque a Cinemateca deve R$ 450 mil à Enel, que deu prazo até 25/6 para a quitação do débito, caso contrário cortará a energia, desligando o sistema de ar-condicionado do acervo.
Sem climatização e inspeções constantes, os filmes de nitrato de celulose usados pela indústria cinematográfica até os anos 1950 ficam sujeitos à autocombustão. Para agravar, esse material produz uma chama que não pode ser extinta com água ou pó químico, já que a própria queima gera oxigênio. Isso já causou quatro incêndios na Cinemateca (1957, 1969, 1982 e 2016). Também as películas mais modernas, de acetato de celulose (safety film), sofrem com o calor e a umidade. Nessas condições, o material libera ácido acético (vinagre), deteriorando as imagens.
A crise na fundação vem desde 2013, com a redução dos repasses do Minc e o fim da parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca, e se agravou a partir de 2018, quando a Associação Roquette Pinto foi contratada por dois anos. Em dezembro, cessaram de vez os recursos federais. Os poucos funcionários que restaram estão com salários atrasados desde abril.