A Alameda Couto Magalhães é uma importante via da região Sul de Goiânia, por ligar essa parte da cidade a outras regiões da Capital. Começa na Avenida 4ª Radial, no Jardim das Esmeraldas, corta o Setor Bela Vista e termina em um dos mais belos cartões-postais de Goiânia: o Parque Areião. Em seu trajeto, de pouco mais de um quilômetro, mescla atividades comerciais diversas com imponentes edifícios residenciais. É uma das vias mais bem arborizadas da cidade, o que proporciona uma atmosfera de frescor e acolhimento.
Mas pouca gente sabe quem foi o homem que empresta seu nome a essa alameda tão aprazível. A publicação desta quinta-feira, 25, da campanha “Por trás do nome”, nas redes sociais da Assembleia Legislativa de Goiás, conta quem foi Couto de Magalhães.
Militar, político, intelectual, escritor e industrial, o general José Vieira Couto de Magalhães se destacou em quase todas as atividades que desempenhou. Durante o Segundo Reinado, foi governador e deputado por Goiás, cargos também exercidos em Mato Grosso. Foi, ainda, governador do Pará e de São Paulo e teve participação no Governo de Minas Gerais. Quando da Proclamação da República, em 1889, ele estava à frente da província de São Paulo, tendo sido preso e levado ao Rio de Janeiro. Acabou sendo liberado em reconhecimento às suas ações em prol do desbravamento dos sertões brasileiros.
No campo intelectual, era acima da média: falava francês, inglês, alemão, italiano, tupi e numerosos dialetos indígenas. Essas últimas aprendeu durante suas incursões pelo interior do Brasil e sobre as quais escreveu exaustivamente. Estudou matemática na Escola Militar do Rio de Janeiro e artilharia de campanha em Londres, na Inglaterra. Cursou Direito no largo de São Francisco, em São Paulo. Tinha, ainda, conhecimentos sobre botânica, linguística e etnologia. Também estudou física, mecânica, medicina e astronomia. Foi quem iniciou os estudos folclóricos no Brasil, publicando “O selvagem” e “Ensaios de antropologia”, entre outras obras.
Magalhães fundou, em 1885, o primeiro observatório astronômico do estado de São Paulo, na sua chácara em Ponte Grande, às margens do rio Tietê. Por conta de todo esse legado é patrono das academias Tocantinense de Letras; Mato-grossense de Letras e Sul-Mato-Grossense de Letras.
Ele teve uma vida intensa, interrompida aos 61 anos, ironicamente por uma doença intimamente ligada ao preconceito e à discriminação: a sífilis, uma enfermidade incurável e fortemente atrelada à moral e associada à prostituição. Mas, mesmo na doença, foi grande. Segundo Maria José Surita Almeida, cuja dissertação de mestrado em História Social foi sobre Couto Magalhães, ele “foi um dos raros homens de seu tempo que deixou registradas preciosas informações cotidianas quanto aos medicamentos e cuidados com seu próprio corpo na busca por reestabelecer a saúde”. Atitude nobre de um homem que enfrentou a morte com a mesma bravura com que viveu a vida e não se furtou a deixar para a posteridade seus momentos de fragilidade. Como pertencia a uma classe privilegiada, o general se consultou com os melhores médicos do Brasil e também da França, onde esteve por duas vezes a tratamento, mas em vão.
Como se vê, a homenagem a Couto Magalhães é mais que justa. E se você quer saber sobre outros personagens que dão nome a ruas, avenidas, praças e outros estabelecimentos, acompanhe a série “Por trás do nome”, publicada nas redes sociais da Alego. Quinta-feira é dia de conferir as postagens da campanha.