Candidatos aos cargos de prefeito e vereador enfrentam, nessa última semana de campanha, a reta final de uma batalha para consolidar, ou não, a sua candidatura, no dia 15 de novembro. Façamos, aqui, uma observação da disputa eleitoral como se fosse um clássico roteiro de um filme hollywoodiano. Mas, claro, sem spoiler.
Na maioria dos roteiros, percebe-se uma estrutura que pouco muda: o filme dura em torno de 120 minutos e é dividido em início, meio e fim (Ato I, Ato II e Ato III), ou seja, partes relativas à apresentação, ao clímax e à resolução da história. “Todo drama é um conflito. Sem conflito não há personagem; sem personagem, não há ação; sem ação, não há história; e sem história, não há roteiro”, diz Syd Field, roteirista estadunidense, referência na cinematografia.
Esse script hollywoodiano lembra um pouco as eleições. O candidato é apresentado aos eleitores, bem como toda sua proposição, buscando conseguir algo, que é ser eleito; se alia aos apoiadores e vai para a disputa. Do outro lado, um ou alguns concorrentes e certos empecilhos dificultam essa conquista. Ele consegue avanços; repentinamente sofre ataques; oscila nas pesquisas. O desfecho acontece. Chega o dia da eleição. As urnas são apuradas, a história se resolve e, em seguida, se encerra com a divulgação do resultado final.
No “Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico”, Field explica que os primeiros minutos são dedicados a apresentar os personagens, a premissa dramática, a situação (circunstâncias em torno da ação) e para estabelecer os relacionamentos entre o protagonista e os outros personagens que habitam os cenários do seu mundo.
A partir daí o personagem principal enfrenta obstáculos que o impedem de alcançar sua necessidade dramática (relativa ao que ele quer vencer, ganhar, ter ou alcançar); há sempre alguém ou alguma coisa criando empecilhos e o impedindo de conseguir o seu objetivo. Esse conflito vai se acirrando até atingir o auge; a reviravolta da trama. Nessa disputa, vão acontecendo surpresas, avanços e os retrocessos até que, por fim, a história é resolvida e, em seguida, termina.
Algumas pessoas preferem filmes épicos a filmes de ação, suspense, drama, aventura, comédia, ou tantos outros gêneros. Existem aquelas que se apaixonam pela fotografia da filmagem, outras pelo figurino; as que enaltecem os efeitos visuais e as que se comovem com a trilha sonora. Há pessoas que gostam do roteiro, mas não gostam do diretor; que aplaudem a interpretação dos atores, mas criticam o discurso do personagem.
Como em todo filme, alguns ficarão felizes e eufóricos com o final; outros, tristes e frustrados. Muitos dirão que não deveriam ter gastado seu tempo indo ao cinema assistir aquele desfecho, e outros esbravejarão o seu desinteresse na continuação. E isso é democrático.
Na democracia é assim: vence o conjunto da obra que agrada mais a maioria do público. No dia 15 de novembro de 2020, cerca de 11,5 mil urnas eletrônicas serão a tela de cinema dos mais de 4,6 milhões de eleitores aptos a votarem nos 246 municípios do estado de Goiás; 971.221, só na Capital.
Esse é o único filme que o telespectador pode escolher o final.