Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das mais perigosas doenças tropicais, a leishmaniose, não ataca só os seres humanos. Nossos pets também podem ser afetados, e requerem atenção para essa enfermidade.
De acordo com a médica veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CTSP/CRMV-SP), essa época é propícia ao aumento de casos e, com a atual pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), há chance de se propagar mais facilmente.
“Especialmente nas regioes endêmicas, com alto índice de transmissão, as pessoas têm que seguir com os cuidados e orientações das autoridades de saúde”, afirma Adriana, que diz que as pessoas estão esquecendo da doença.
Os pets contraem a leishmaniose por meio da picada de um mosquito palha infectado pelo protozoário da espécie Leishmania. “O cão positivo para a doença serve de reservatório para o vetor, o que aumenta o risco de transmissão para os humanos e outros cães. É importante ressaltar que o animal não transmite a doença diretamente para o tutor”, explica Priscila Brabec, médica veterinária da Ceva Saúde Animal.
A doença age silenciosamente no organismo dos animais, e por isso, mesmo infectados, os cães podem demorar anos para apresentar sinais clínicos. Entre os mais comuns estão: lesões de pele, emagrecimento, anemia, crescimento anormal das unhas, insuficiência renal e alterações oculares. Além das manifestações visíveis, a doença pode gerar uma série de complicações e dependendo da evolução do quadro clínico, levar o animal ao óbito.
Como não tem cura parasitológica, tanto para os pets, como para os humanos, a prevenção é a maneira mais eficaz de conter os avanços da doença. “Evitar que o vetor infecte os cães continua sendo a melhor forma de controle da leishmaniose, por isso, os animais precisam estar protegidos”, afirma Priscila.
Cuidados recomendados pelo Centro Regional de Medicina Veterinária para a prevenção da leishmaniose:
- Coleiras repelentes são eficientes para a não contaminação pela zoonose. A deltametrina é o elemento químico recomendado pela Organização Mundial da Saúde para impedir o contato dos animais com o mosquito transmissor.
- Barreiras físicas, como o revestimento de janelas e portas de canis ou viveiros com redes e telas, também são efetivas na prevenção. Como o inseto se alimenta no período noturno, em regiões quentes e com incidência de leishmaniose é recomendável manter os animais abrigados após o fim de tarde.
- Limpeza e higiene são as melhores medidas de prevenção contra a leishmaniose. Como o mosquito-palha se reproduz em locais com matéria orgânica, é preciso manter quintais limpos e evitar o acúmulo de lixo e água parada.
- Inseticidas podem ser aplicados nas paredes de domicílios e abrigos de animais. No entanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos ou em surto de leishmaniose visceral.
- Exames periódicos e consultas regulares ao médico veterinário podem identificar a doença com maior agilidade.
Além das medidas protetivas para os pets é preciso investir em estratégias para mitigar o desenvolvimento do vetor. “O vetor se reproduz em matéria orgânica, como restos de folhas e frutas no chão, fezes, entre outras. Por isso, não deixar acumular esse tipo de material e higienizar corretamente os ambientes é essencial para evitar a reprodução do vetor transmissor”, finaliza Priscila.