Diagnóstico e tratamento chegaram a ser avaliado por uma junta de 17 profissionais, ligados a universidades, instituições privadas e ao próprio Parque
Com idade já avançada para indivíduos da sua espécie, Léo – como é carinhosamente chamado o leão do Parque Estadual de Dois Irmãos – foi diagnosticado com um tipo de câncer comum em felinos idosos. Esta semana, ele iniciou um tratamento especial para conter a doença e principalmente garantir o seu bem-estar. O estado de saúde de Léo e os recursos terapêuticos em uso foram divulgados, nesta sexta-feira (18), pela instituição. O diagnóstico e cuidados médicos a serem seguidos chegaram a ser avaliados por uma junta de 17 especialistas, ligados à Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal da Paraíba, instituições privadas e ao próprio Parque.
O diagnóstico foi de uma neoplasia (presença de células cancerígenas) na região da gengiva abaixo do canino inferior esquerdo e um comprometimento das suas funções hepáticas. As doenças estão ligadas à idade avançada do animal, que está perto de completar 21 anos. Segundo dados da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil – AZAB, os leões vivem, em média, até 12 anos em vida livre, e 20 anos em cativeiro. “Léo já é um animal muito idoso e este tipo de câncer é associado à sua idade, conforme indicam as pesquisas científicas relacionadas aos felinos selvagens. Atualmente, a neoplasia é uma das principais causas de óbito de animais desse tipo sob cuidados humanos”, explica Márcio Silva, veterinário e gerente técnico científico de fauna do Parque.
Ainda de acordo com ele, a doença não tem relação com seu histórico de vida, sendo considerado um animal com uma trajetória muito saudável, nunca tendo apresentado intercorrências. “Léo foi resgatado do circo com cerca de 5 meses, muito magro, assustado e com todas as garras retiradas. Mas, aqui, foi tratado, recuperou-se rapidamente, ganhou peso, desenvolveu comportamento social excelente com os tratadores, biólogos e veterinários. É um animal que teve uma vida muito saudável e repleta de carinho de todos que cuidaram dele nesse tempo. Tudo isso levou que ele alcançasse uma longevidade tão grande e infelizmente também desenvolvesse essa enfermidade”, pontuou o veterinário.
O câncer que acomete Léo é considerado agressivo e não responde bem a tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia. A junta de especialistas também descartou a possibilidade de fazer uma cirurgia para remover o tumor, pois representaria a retirada de parte da mandíbula do animal. Isso inviabilizaria que o leão se alimentar sozinho, impossibilitaria o manejo dele no pós-cirúrgico e haveria um risco muito alto dele não conseguir retornar após aplicação da anestesia devido à sua idade avançada.
Tratamento – Desde outubro, quando foram notados os primeiros sinais da existência de um problema e a realização de exames, o Parque Estadual de Dois Irmãos intensificou a rotina de acompanhamento de Léo, com visitas e avaliações diárias de veterinários e biólogos. Tudo registrado em um prontuário próprio para ele. Já de posse dos resultados e diante da gravidade do câncer e das circunstâncias envolvidas, a junta de especialistas decidiu adotar medicações para melhorar o funcionamento do fígado do animal, conter o crescimento do câncer e também para manter o animal sem dor ou desconforto.
“Já iniciamos o tratamento para melhorar a função hepática de Léo, usando um protetor hepático de última geração que é inserido na comida dele diariamente. Iniciamos também os tratamentos de medicina oriental e homeopatia para diminuir a taxa de crescimento do tumor. Tudo isto está associado às medicações que garantam melhor estabilidade e conforto dele”, assegurou Márcio Silva. Segundo ele, a equipe do Parque de Dois Irmãos está trabalhando de forma incansável, com o apoio dos parceiros e seguindo orientações da AZAB, para uma gestão eficiente de acordo com altos padrões éticos e de bem-estar animal.
“A equipe do Parque de Dois Irmãos está profundamente sentida. Mas, queremos assegurar a todos que estamos firmes no compromisso de proporcionar a manutenção da qualidade de vida de Léo e do seu comportamento natural”, finalizou o gestor.
Junta veterinária para diagnóstico e tratamento de Léo
Parque Estadual de Dois Irmãos
Márcio Silva – Médico veterinário – especializado em animais selvagens.
Dênisson Souza – Médico veterinário de Léo há 9 anos.
UFRPE
Prof. Dra. Lilian Andrade – Anestesista e Oncologista
Prof. Dr. Fabio Mendonça – Patologista
Unibra
Dra. Flávia Maia – Anestesista
Clínica Vatface
Dra. Mariana Ramos – odontoestomatologista
Dra. Cecília Carvalho – cardiologista
Do hospital Vetmais
Dra. Tassia Pires – Oncologista e Cirurgiã
Dra. Thabata Morales – Cirurgiã
Dra. Mariana Pontes – Anestesista
Clínica Animalis:
Dra. Maria Cristina Coelho – Cirurgiã
Dra. Andreia Laís – Anestesista
Focus diagnósticos
Dra. Lorena Costa – Imagenologistas
Dra. Ieverton Silva – Imagenologistas
Dra. Amanda Henriques – Imagenologistas
Veterinárias autônomas
Dra. Adriana Melo – Especializada em Animais Exóticos e Terapias Alternativas
Dra. Roberta Rosalie – Especializada em Animais Exóticos