O InterForensics, maior evento internacional de ciências forenses da América Latina, começou nesta terça-feira (2) com minicursos sobre temas desta área do conhecimento. Mais de 400 profissionais das Polícias Científicas do Brasil, além de conferencistas de outros países, estão inscritos no fórum, que segue até a próxima sexta-feira (05) em Foz do Iguaçu, no Oeste.
O evento é promovido pela Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF), com o apoio da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), da Polícia Científica do Paraná e da Secretaria da Segurança Pública.
De acordo com o presidente da Academia Brasileira de Ciências Forenses e da Interforensics 2021, João Ambrósio, o evento deste ano coloca o Brasil no mapa de grandes eventos de ciências forenses.
“A InterForensics propicia um ambiente com dirigentes, profissionais da área e academia, para que essa discussão envolva todas as pessoas que estão no processo. Outro ponto é que podemos ter a dimensão de que o trabalho da área científica tem um papel que vai além de um laboratório, pois ela tem um impacto grande na sociedade, nas resoluções de crimes, nas causas humanitárias e busca de pessoas desaparecidas”, afirmou.
Para o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochocki, esta é uma grande oportunidade para a instituição paranaense. “A troca de experiências com pessoas de outros países e a publicação científica em evento desta natureza estimula a evolução da ciência forense. Por isso, é muito importante este tipo de encontro para a Polícia Científica do Estado, que está reunindo os maiores cientistas do mundo na área”, disse.
MINICURSOS – Os 17 minicursos desta terça foram realizados nos dois períodos e contaram com diversos profissionais. Além dos conhecimentos teóricos, uma simulação prática de crash test (teste de impacto de veículos automotores contra barreiras indeformáveis – bloco de concreto ou ferro – ou deformáveis – bloco metálico, por exemplo) ocorreu em uma rua de Foz.
Uma das palestrantes foi a argentina Letícia Povilauskas, palinológa forense e geóloga da Universidad Nacional La Plata, da província de Buenos Aires. Ela foi convidada para falar sobre palinologia forense (tipos morfológicos de grãos de pólen e esporos que estão envolvidos em uma cena de crime). “Uma experiência muito importante para mim. Ministro cursos por toda a Argentina, mas nunca tinha feito no Brasil”, descreveu.
Representando a Polícia Científica do Paraná, Matheus Pereira falou sobre a análise de solos para fins forenses, rastreamento de objetos e busca de alvos em subsuperfície, com destaques para propriedades morfológicas, físicas e químicas e a dinâmica de vestígios em locais de crime.
“É muito importante este intercâmbio entre a academia e o departamento, com a perspectiva de novas técnicas e tipos de abordagens para dentro da perícia ambiental. Da mesma forma que aprendemos muita coisa, ensinamos aos demais peritos, fazendo com que o produto final, o laudo pericial, seja mais robusto e de maior qualidade, resultando em melhores métricas para a segurança”, afirmou.
O primeiro dia de evento teve minucursos sobre a cadeia de custódia dos vestígios de crimes ambientais; uso das ferramentas do Projeto Brasil Mais nas atividades periciais; balística forense; e arqueologia forense em caso de enterros clandestinos.
NOVAS TECNOLOGIAS – O perito da computação forense da Polícia Científica do Paraná, Marcus Fábio Fontenelle, abordou os desafios policiais das novas tecnologias, alertando sobre a evolução dos crimes cibernéticos.
“O crime está evoluindo, as tecnologias também, e à medida que elas evoluem, novas técnicas surgem. Por isso, sempre temos que estar nos atualizando para combater os criminosos. Este evento vem para nos ajudar com a troca de informações, o que nos motiva cada vez mais”, acrescentou.
INTERFORENSICS – A comissão científica do InterForensics conta com um grupo de mais de 90 integrantes, além de mais de 220 palestrantes, com 24 dirigentes da Polícia Científica do Paraná e 27 autoridades de ciências forenses.
A edição 2021 vai agregar em um mesmo ambiente o público gerador de informação (academia), o envolvido na prática cotidiana (peritos), quem utiliza os dados levantados (meio jurídico) e os responsáveis por desenvolver novas tecnologias e ferramentas para o segmento (indústria), gerando novas parcerias.
Fonte: Agência Estadual de Notícias