No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, para onde quer que se olhe há exemplos de superação e de conquista feminina em espaços antes dominados pelos homens. Na Copel, não é diferente: com 1.511 empregadas em seu quadro, a companhia tem cada vez mais mulheres se destacando em áreas técnicas, construindo linhas e subestações, operando redes, gerenciando eletricistas e dirigindo a empresa. A busca por igualdade de gêneros é um compromisso firmado pela empresa, signatária do Pacto Global da ONU, e já se reflete em números. A ocupação de postos de lideranças é equivalente à participação das mulheres no corpo funcional.
São 105 mulheres em cargos de gestão na empresa, grupo do qual faz parte a engenheira eletricista Suzane Vivian Fritzen Puchta. Ela coordena os trabalhos no Centro Integrado da Distribuição, de onde controla o fornecimento de energia aos 4,8 milhões de consumidores da Copel em todo o Paraná, 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Ela entrou na Copel como operadora do Centro, em 2004, e destacou-se na função, que orienta e dá suporte ao trabalho das equipes de campo, com intervenções em tempo real. Ali, temporal significa certeza de muito trabalho, porque a incidência de raios e ventos é uma das principais causas de desligamento de energia.
Suzane se esforçou para conciliar a atividade com a faculdade de Engenharia Elétrica. Foi promovida a supervisora de sua unidade regional e encarou um novo desafio: “Eu estava concluindo a faculdade e passei em um novo concurso para a Copel, dessa vez para o cargo de engenheira”, conta. Como se fosse pouco, ainda cursou um MBA em desenvolvimento humano de gestores, para aprimorar sua gestão de equipes.
De lá pra cá, ela teve um casal de filhos e concilia a carreira profissional e os cuidado com a família formada com o colega de faculdade e de Copel, Thiago. As crianças já aprenderam que às vezes a mãe precisa trabalhar de noite ou madrugada para que as pessoas tenham energia: “Quando dá uma trovoada, eles falam ‘a mamãe vai trabalhar’. Eles entendem que chuva, raio e vento significam que a mamãe precisa trabalhar para ajudar as pessoas a terem luz”, conta.
ADAPTAR-SE COMO BAMBU – Conciliar conhecimento técnico, gestão de processos e pessoas é também a realidade de Andrea Cristina Brotto Bertolin, superintendente de manutenção da Copel Distribuição. Ela lidera uma equipe de 730 pessoas que está espalhada por todo o Paraná e cuida de redes, linhas e subestações.
Engenheira eletricista, Andrea entrou na Copel em janeiro de 1998 e foi convidada para trabalhar com linhas de transmissão. Na entrevista com o gerente da área, foi alertada: “Vai ter que trabalhar no mato, dirigir Toyota Bandeirantes, não vai ser fácil”. Andrea não apenas topou o desafio como trabalhou por 15 anos na área de projetos de linhas de transmissão. “Aprendi muito. Fizemos desde projetos em áreas urbanas até grandes linhas por todo o Estado.”
Um dos grandes projetos que mais ficaram na memória foi o da linha de transmissão de 500 mil volts em circuito duplo que conecta Paraná e São Paulo, a linha Bateias – Ibiúna. “Nós passamos cabos e torres por regiões montanhosas, com mata fechada, lugares inacreditáveis”, conta.
Até hoje, ao viajar pelo interior do Estado, ela passa por torres de transmissão que projetou. “Eu falo para minha família: estão vendo aquela linha? Fui eu que projetei. Aquela outra ali foi difícil, e vou contando essa história de que participei”.
Em 2014, Andrea recebeu o primeiro convite para gerenciar uma equipe, e dali em diante nunca mais deixou a liderança de trabalhos na empresa. Na liderança de áreas até então chefiadas por homens, Andrea desenvolveu habilidades comportamentais e aprendeu a se adaptar. “Temos que ser como um bambu, nos moldarmos conforme a situação, mas sem quebrar, sem romper com a ética e com os valores”.
EMOÇÃO ÀS EQUIPES – Quem parece ter ouvido o conselho de Andrea foi Claudineia Santos, atual gerente da Agência Curitiba Centro, a unidade que atende ao maior número de clientes da Copel, cerca de 330 mil. Há 18 anos na empresa, com o tempo ela se acostumou a receber a visita de colegas gerentes que querem saber o que ela faz para obter bons resultados.
Poucos sabem que ela começou no teleatendimento da empresa, conciliando a jornada com a faculdade de Administração. Em seguida trabalhou nas áreas de receita e gestão, destacando-se pelo voluntariado nas questões de segurança e responsabilidade social. Em uma gincana entre as áreas para arrecadar alimentos para um asilo, conseguiu incentivar as equipes de Curitiba e Região Metropolitana a arrecadar mais de uma tonelada de mantimentos para doação.
Seu espírito de liderança foi reconhecido, e em 2010 ela foi convidada assumir a gerência de uma agência na Região Metropolitana de Curitiba. Como não costuma desperdiçar oportunidades, Claudineia aprendeu sobre a área técnica e aprimorou-se na gestão de pessoas. Em pouco tempo, o reconhecimento chegou: foi convidada a assumir novas agências, cada vez mais desafiadoras. Passou por Pinhais, Matinhos, Araucária e Fazenda Rio Grande, até chegar a Curitiba.
“O meu desafio foi trabalhar com o emocional das pessoas. Eles são técnicos, conhecem muito, são pura razão. O meu papel é demonstrar que a emoção é importante, que precisamos nos unir. Procuro fazer isso com bastante transparência”, explica.
VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE – Valorizar a diversidade de conhecimento e dedicar-se a fundo no que está fazendo são habilidades que ajudaram Cintia de Carvalho Toledo a se desenvolver na companhia. Atualmente, ela ocupa a presidência da Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEGA), uma das empresas do grupo Copel. Para chegar lá, conta que um dos seus diferenciais ao longo da carreira foi saber como trabalhar em equipe. “Em uma equipe temos pessoas com visões diferentes, culturas diferentes. Quando conseguimos agregar tudo isso, obtemos resultados melhores”, diz.
Engenheira eletricista, ela passou por diversos setores na área de transmissão, morou em diferentes regiões do Paraná e acostumou-se com equipes formadas em sua maioria por homens. “Eu era uma das poucas mulheres. A gente percebe, e inclusive os homens reconheciam, que é bom quando temos um ambiente mais misto. Homens e mulheres pensam de formas diferentes e essa diversidade ajuda na hora encontrar soluções para os problemas.”
O conhecimento agregado em diferentes áreas a trouxe para Curitiba. Em 2016, aceitou um dos principais desafios da sua carreira: foi a coordenadora-geral do Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), o maior evento do setor no Brasil. “Não é apenas pelos aspectos técnicos. Foi um trabalho de um ano e meio para organizar tudo. Pessoas, horários, eventos, foi um grande desafio”, relembra.
A experiência ajudou a credenciá-la para alçar voos ainda mais altos. Em 2017 foi convidada para assumir a diretoria técnica da UEGA e, quando a empresa se transformou em uma sociedade anônima, assumiu também a presidência. “Quando você assume uma diretoria, as atividades ganham um caráter bem estratégico. Você tem que entender do negócio e saber como perpetuá-lo”.
Exemplo ímpar de sucesso na carreira, ela agora valoriza também as iniciativas que são desenvolvidas para estimular meninas ainda crianças a ingressar em carreiras técnicas. “Esses dias vi na escola do meu filho um projeto voltado a meninas que se interessam por ciências, áreas exatas e engenharia. Eu acredito muito nisso, não existe profissão de homem ou mulher. Existe a vontade de você se desenvolver e trabalhar para realizar os seus sonhos”, sintetiza.
OUVIR E RESPEITAR – Entre tantos exemplos de sucesso, um dos mais expressivos é o de Ana Letícia Feller, atual diretora de Gestão Empresarial da Copel. Graduada em Direito pela PUC-PR, ela entrou na Copel em 2002 como advogada na área jurídica da transmissão. “No começo, eu achei que ficaria pouco tempo na Copel. Mas desde o início, eu tive liberdade e fui estimulada a trabalhar com autonomia. Meus líderes sempre me deram espaço para atuar, para trabalhar com criatividade. Em dois anos já me sentia completamente em casa”.
Um convite para atuar na área de direito do trabalho fez com que ela se aproximasse dos recursos humanos. “Uma das minhas características foi sempre aceitar o trabalho e os desafios que me lançavam. Então eu comecei a estudar assuntos trabalhistas mais a fundo”, conta. A partir de então, a carreira de Ana foi marcada por desafios cada vez maiores, e mais próximos da gestão de pessoas, o que se tornou sua especialidade. “Eu escuto muito. As pessoas com quem trabalho opinam, propõem soluções, elas têm liberdade para pensar e criar. Nós construímos juntos”, acrescenta.
Com seu jeito apoiador, Ana foi por duas vezes superintendente de RH, coordenou o Comitê Permanente de Remuneração da Companhia e foi assistente de diretoria. Em 2019, com 17 anos de empresa, recebeu o convite para ser diretora de Gestão Empresarial.
Sob seu comando, a diretoria absorveu ainda as áreas de tecnologia da informação e serviços compartilhados e tem trabalhado para modernizar a gestão da empresa. Diante da pandemia, ela esteve à frente à digitalização da companhia, implementação do home-office e de ações céleres e eficientes para garantir a saúde dos empregados e o funcionamento da empresa.
Combinando determinação e sensibilidade para agir e pensar nos impactos das ações de sua área, Ana deixa um recado às mulheres – e homens – que almejam o sucesso profissional. “Não deixe nenhuma crença imposta pelos outros te limitar. Nós podemos fazer tudo, se queremos e lutamos de verdade por isso”.