Cerca de 87% das empresas paranaenses funcionaram entre 1º e 10 de julho, período em que 134 municípios precisavam cumprir regras mais rígidas sobre o comércio e as atividades não essenciais, segundo o boletim conjuntural divulgado nesta sexta-feira (16) pelas secretarias de Fazenda, do Planejamento e Projetos Estruturantes. O índice caiu em relação aos meses de maio e junho, que registraram 91% e 94% (respectivamente), mas foi maior do que março, em que uma semana atingiu 54%, e abril, com média de 81%.
O boletim considera como ativa a empresa que emitiu ao menos um documento fiscal (NF-e ou NFC-e) de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo estadual, e utiliza o índice de 100% para o período de normalidade econômica da pré-pandemia (9 a 13 de março), possibilitando uma comparação da atividade econômica nos meses subsequentes.
Em Foz do Iguaçu e em Curitiba e Região Metropolitana, áreas impactadas pelas restrições em julho, os índices caíram para 71% e 74% na semana entre 6 e 10 de julho. O município da fronteira com o Paraguai e a Argentina também registrou, nesse período, os maiores indicadores de isolamento social entre as cidades que fizeram parte do decreto 4.942/2020.
Em Londrina (83%) e Cascavel (88%) o índice ficou próximo da média estadual e em Cianorte (91%) e Toledo (94%) as médias praticamente não sofreram variações nas últimas semanas. Cidades como Arapongas (100%) e Francisco Beltrão (99%) estão dentro da margem de plena atividade econômica.
Segundo a Receita Estadual, no dia 10 de julho estavam fechados 10,1 mil estabelecimentos do Simples Nacional e 2,5 mil do Regime Normal. O boletim aponta impacto maior da contenção entre as do Simples Nacional, que estavam bem próximas de produção plena, no mesmo patamar de 2 de março.
VOLUME DE VENDAS – Outro indicador sobre o impacto do decreto de quarentena restritiva aparece no crescimento do volume de vendas nos supermercados e farmácias nas primeiras duas semanas de julho, uma vez que consumidores podem ter migrado para esses locais com a suspensão de alguns ramos do comércio varejista.
Por outro lado, houve queda, nesse período, em restaurantes e lanchonetes, variável influenciada pela interrupção do atendimento presencial. Esse setor opera com 40% do volume de vendas do período pré-pandemia, também apontado como 100%.
O volume de vendas de materiais de construção/ferragens,áudio/vídeo/eletrodomésticos e informática/telefonia se manteve em patamar estável e elevado em relação ao começo da pandemia, mas houve queda expressiva no último item na semana passada.
Vestuário/acessórios, calçados e cama/mesa/banho registraram números bem inferiores na segunda semana de julho em relação ao começo do mês, comportamento influenciado pelo fechamento de shopping centers. Esses setores operam com 40% da capacidade de vendas.
O indicador de vendas do primeiro semestre mostra crescimento no primeiro semestre de 2020 apenas em supermercados e hipermercados (7%), farmácias (5%) e áudio, vídeo e eletrodomésticos (2%), e quedas de 1% (materiais de construção e ferragens) a 35% (calçados) nos demais setores. Também sofreram perdas acumuladas veículos (-20%), restaurantes e lanchonetes (-33%) e vestuário (-32%).
PRODUTOS – Em relação aos produtos, o boletim indica estabilidade em setores como bebidas alcoólicas e bebidas não alcoólicas, e bom momento dos itens de consumo duráveis (linha branca, telefone celular, notebooks, móveis, colchões e iluminação), que se afastaram do pior momento da crise, no final de março, e operam ou acima (144%, linha branca) ou perto do período de normalidade (90%, notebooks).
Os principais grupos do ramo alimentício se mantêm estáveis e acompanharam o movimento de alta dos supermercados. Houve crescimento nas vendas de cereais, farinhas, sementes, chás e café (34%); frutas, verduras e raízes (23%); carnes, peixes e frutos do mar (17%); e laticínios, ovos e mel (7%) no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado.
Houve queda pela terceira semana seguida nos segmentos de automóveis, motocicletas e caminhões/ônibus, depois de uma leve alta no final de junho. A venda de motocicletas se mantém distante do padrão normal, na casa de 70%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve perda de 14,6% no comércio de veículos, motocicletas, peças e partes nos primeiros cinco meses do ano em relação ao começo de 2019.
REGIÕES – A emissão de notas fiscais caiu nos primeiros dias de julho na comparação com junho em três dos quatro principais segmentos: a indústria de alimentos opera em 95,4%, enquanto a indústria alcançou 86,4% e comércio atacadista chegou em 76%. Apenas o comércio varejista aponta trajetória levemente ascendente, de 88,7% numa comparação com 100%, período de normalidade.
A macrorregião de saúde Leste (do Centro-Sul ao Litoral, passando por Curitiba, Campos Gerais e Região Metropolitana) registrou pequenas altas nos comércios atacadista e varejista e na indústria de alimentos em julho, mas houve queda na indústria para 84,7%. Esse setor é muito relevante na região por conta dos parques industriais de São José dos Pinhais e Ponta Grossa.
A macrorregião Noroeste (região de Maringá e Umuarama) registrou queda no comércio atacadista, demais atividades manufatureiras e na indústria de alimentos, interrompendo trajetória que tinha alcançado os 104,5% nesse último setor, ou seja, evolução real de 4,5% em relação a março. Apenas o comércio varejista aponta sequência mais regular, com alta para 93,4% em julho.
Na macrorregião Norte (Londrina e Cornélio Procópio) o destaque negativo é o comércio atacadista, que opera com 62,7% da capacidade, diminuição de quase 20% em relação ao mês passado. A indústria também caiu quase 30% nas cidades da região. No Oeste (Cascavel e Pato Branco), indústria de alimentos e indústria geral operam com 97,2% e 96,9% da capacidade, respectivamente, enquanto a atividade no comércio atacadista continua em queda e aponta para 72,1%.
ICMS – Julho também começou com perda de receita de R$ 72,5 milhões de ICMS na comparação com os 13 primeiros dias do mesmo mês de 2019 (-4,2%). Esse período corresponde, em média, a 67,5% da arrecadação esperada para o mês. Os maiores tombos foram em serviços (-12,8%), setor automotivo (-14,8%) e energia (-16%).
A perda de receitas do Governo do Estado chegou a R$ 1,498 bilhão entre janeiro e junho, volume 9,4% menor em comparação com o primeiro semestre de 2019 e que deve ser agravado com a circulação abaixo do padrão de julho. No cálculo sem o primeiro bimestre, retrato mais fiel dos impactos da pandemia nas contas estaduais, as receitas já caíram mais de R$ 1,7 bilhão.
IBGE – O boletim também traz os resultados das pesquisas de maio do IBGE sobre produção industrial, comércio e serviços. Nesse aspecto, o Paraná aponta crescimento entre abril e maio de 2020 nos três setores, resultado da retomada gradual da economia naquele período, mas em relação a maio de 2019 as quedas foram de 18,1%, 3,3% e 16,1%, respectivamente.
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