A Fundação Casa de José Américo lança, no próximo domingo (10), em formato digital, a galeria artística “Gente de Casa”, com telas a óleo pintadas pelo artista plástico Tônio, retratando perfis de personalidades envolvidas no universo literário, político e pessoal do patrono da casa, que estaria completando 134 anos.
A intenção da instituição é ampliar as possibilidades de estudos das diversas vertentes culturais da Paraíba, tendo a vida e obra do escritor como epicentro documental e histórico, reforçado pela ótica privilegiada dos que conviveram ou estudaram o romancista e homem público.
“Pretendemos restabelecer as conexões que o legado de Zé Américo proporciona, ampliando o olhar contemporâneo sobre outras pessoas, ambientes e circunstâncias, permitindo um entendimento dos cenários que levaram a Paraíba, tão miúda geográfica e economicamente, a ser tão agigantada, pulsante e respeitada na história do país, com um protagonismo graúdo, cuja façanha é vista de forma displicente pelas atuais gerações. Queremos lembrar o que foi feito, fazendo de outro jeito. A pretensão é conhecer, valorizar e difundir os valores conterrâneos, como fizeram os construtores dessa herança cultural, que muito é devida ao ambiente literário plantado e cultivado pelo autor de ‘A Bagaceira’”, argumenta o presidente da instituição, o jornalista Fernando Moura.
A primeira tela a ser adicionada à galeria virtual será da escritora, ex-secretária e confidente de José Américo, Lourdes Luna, que o acompanhou por 17 anos, contribuindo, até 2018, quando faleceu, a configurar a própria Fundação, sonho acalentado por ela desde a ascensão do memorialista à Academia Brasileira de Letras, em 1967. Beneficiada com o acolhimento da biblioteca, correspondências e documentos do arquivo pessoal da ex-servidora, a instituição decidiu acelerar os processos de catalogação e análise do precioso acervo, fazendo o cruzamento com o vasto e historicamente inigualável arquivo do próprio José Américo, sob guarda da Casa e disponível a pesquisas, internas e externas. O resultado do trabalho, previsto para 2022, será reunido em publicação com roupagem didática.
Na sequência do “Gente de Casa”, em fevereiro será anexada a tela do escritor Wills Leal, falecido em maio do ano passado, aos 83 anos, cuja biblioteca e eclética documentação foi doada pela família à FCJA, passando a compor um novo ambiente de estudos sobre temáticas essencialmente paraibanas.
Personalidades ainda em atividade, como Gonzaga Rodrigues, José Octávio de Arruda Melo, Ângela Bezerra de Castro e Neroaldo Pontes também vão compor a galeria de notáveis, a exemplo de Celso Mariz, Juarez da Gama Batista, Virginius da Gama e Melo, Linduarte Noronha, Severino Ramos e Hélio Zenaide, assíduos interlocutores da privilegiada varanda da avenida Cabo Branco, 3336.
A ação faz parte do cronograma de comemorações dos 40 anos da Fundação, ocorrido em 10 de dezembro de 2020.