As tentativas de controle da pandemia têm sido comprometidas , principalmente, pelo cabo de guerra político travado entre prefeitos, governadores e governo federal. E, para jogar luz nesse debate , o capítulo IX da série documental “A tirania da minúscula coroa: Covid-19” traz uma composição de importantes visões acerca do tema.
Um dos participantes é o líder da tribo indígena Yanomami , Maurício Ye’kwana. No episódio 9º episódio, “A (des)politização da panemia”, Ye’kwana afirma que o garimpo está destruindo a comunidade Yanomami e pede ações do governo federal. “O número de garimpeiros está, cada vez mais, aumentando nas terras indígenas. Os garimpeiros entram, poluem, trazem a violência e levam o que não tem que ser levado”, diz.
O líder – que também é diretor da Hutukara Associação Yanomami -, acredita que a quantidade de pessoas vindas de fora das terras indígenas é responsável pelo aumento no número de casos de Covid-19 entre os membros da tribo. “São 94% de infectados, principalmente crianças e idosos. Esses são os maiores problemas que enfrentamos hoje”, aponta. “Onde não tem atuação do garimpo, não tem essa doença, aonde tem atuação dos garimpeiros tem essa doença. E mais de 200 (indígenas) estão infectados. Os yanomamis estão sofrendo”, afirma.
Ye’kwana aproveita a oportunidade e faz um apelo ao governo federal . “Que o governo cumpra o seu papel de tirar os invasores das nossas terras, dando autonomia para que a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) faça uma operação.”
Além do líder dos Yanomami, o documentário ainda conta com nomes como o escritor Pablo Ortellado, Fernando Abrucio, Marco Aurélio Nogueira, Carlos Melo, o professor André Singer e a ex-secretária adjunta do Bolsa Família Letícia Bartholo.
Entendimento
O jornalista Gustavo Girotto, diretor da série, destaca que o episódio ouviu cientistas políticos, antropólogos e lideranças indígenas para traçar uma linha de compreensão .
“Tentamos entender os efeitos e os impactos dessas medidas na vida das pessoas, mais que isso, as possíveis consequências dessa politização. As ruas se tornaram virtuais e, diariamente, popularidades estão sendo testadas. Qual o efeito prático dessas ações?”, questionou Girotto, mencionando que partiu dessa premissa.