O Ministério da Saúde admitiu a falta de sedativos e antibióticos utilizados em procedimentos de intubação em pacientes em estado grave de Covid-19 . Segundo relatório realizado com dados cruzados do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), os medicamentos estão em falta ou com sobrepreço de até 287,44%.
Segundo o levantamento, um dos medicamentos em falta é o midazolam, utilizado antes do procedimento, assim como a fentanila, medicamento utilizado para dor, o relaxante muscular rocurônio, e os medicamentos suxametônio, o pancurônio, cisatracúrio e atracúrio.
O Conass realizou o levantamento com 1500 estabelecimentos de saúde que estão nos planos de contingência dos estados. O relaxante rocurónio está em falta em 96% das unidades ouvidas pelo conselho. Já a Anahp verificou o aumento em 91% do preço cobrado pelo medicamento, em consulta a cinco fabricantes.
O sedativo midalozan, por sua vez, está em falta em 76% das unidades e com sobrepreço de 287,44%, de acordo com os fornecedores avaliados pela associação.
O atracúrio, bloqueador neuromuscular que complementa a anestesia e facilita a intubação endotraqueal, está em falta em 76% estabelecimentos e com 197,47% de sobrepreço. O relaxante muscular suxametônio, para administração endovenosa, está em falta em 64% das unidades e 120,33% mais caro. Em situação similar estão a fentanila e o cisatracúrio.
A diretoria da Anahp respondeu por nota que realizou um levantamento com os associados e observou que muitos hospitais no Brasil estão com dificuldade de abastecimento de medicamentos sedativos nacionalmente, “além de terem registrado um aumento expressivo nos preços praticados por alguns fornecedores”.
A entidade afirmou, no entanto, “que os hospitais membros da associação não deixaram de prestar nenhum atendimento”.
Já o Ministério da Saúde, quando questionado, disse que “o objetivo é normalizar o mais breve possível os estoques de anestésicos e relaxantes musculares nos hospitais.”
“Diante do panorama emergencial, o Ministério da Saúde tem realizado diariamente levantamento dos estados e municípios para atender emergencialmente as necessidades de todas as localidades”, diz a resposta.
A pasta ainda afirmou que realizou três ações para lidar com o problema: requisição administrativa, pregão via Sistema de Registro de Preços e cotação para compra internacional via Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), além de abrir um pregão via Sistema de Registro de Preços (SRP) com a “intenção de proporcionar uma economia em escala e, desta forma, possibilitar a adesão de estados e municípios.”