O papa Francisco completou 84 anos nesta quinta-feira (17), mas cumpriu sua agenda rotineira de compromissos, com audiências privadas com líderes religiosos e políticos e a publicação da mensagem pelo Dia Mundial da Paz, que é comemorado em 1º de janeiro.
O Papa reiterou seu pedido para que as vacinas contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) sejam disponibilizadas para toda a população mundial, em especial para os países e pessoas mais pobres .
Além disso, o Pontífice voltou a alertar para os riscos do nacionalismo e do racismo, que voltaram a aumentar durante o período da crise sanitária.
“O ano de 2020 ficou marcado pela grande crise sanitária da Covid-19, que se transformou num fenômeno plurissetorial e global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática, alimentar, econômica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e incômodos”, destacou.
Francisco ressaltou que, em primeiro lugar, pensava tanto naqueles “que perderam um familiar ou uma pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho”, bem como nos “médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, pesquisadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde” que trabalharam incessantemente.
“Ao mesmo tempo que presto homenagem a estas pessoas, renovo o apelo aos responsáveis políticos e ao setor privado para que tomem as medidas adequadas para garantir o acesso às vacinas contra a Covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para dar assistência aos doentes e a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis”, diz ainda o texto.
O Pontífice também afirmou que “é doloroso” perceber que, ao mesmo tempo em que a crise sanitária provocou “numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente ganharam novo impulso várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos que semeiam morte e destruição”.
Por conta desses problemas vividos ao longo de todo o ano, “escolhi como tema desta mensagem ‘a cultura do cuidado como percurso de paz’; a cultura do cuidado para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer”.
Ao longo de toda a mensagem, Jorge Mario Bergoglio faz uma série de recapitulações históricas sobre o cuidado com o outro desde a época de Jesus Cristo até os tempos atuais e reforça a mensagem de que “ninguém se salva sozinho e nenhum Estado nacional isolado pode assegurar o bem comum da própria população”.
Entre as propostas apresentadas pelo líder da Igreja Católica, está a criação de um “Fundo Mundial” para poder “eliminar definitivamente a fome e contribuir com o desenvolvimento dos países mais pobres”.
“Quanta dispersão de recursos para armas, em particular para as armas nucleares, recursos que poderiam ser utilizados para prioridades mais significativas a fim de garantir a segurança das pessoas, como a promoção da paz e do desenvolvimento humano integral, o combate à pobreza, o remédio das carências sanitárias! Aliás, também isto é evidenciado por problemas globais, como a atual pandemia Covid-19 e as mudanças climáticas. Como seria corajosa a decisão de criar um ‘Fundo mundial’ com o dinheiro que se gasta em armas e outras despesas militares, para poder eliminar a fome e contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres”, ressalta o religioso.
Ao fim da mensagem, o Papa pontua que “não há paz sem a cultura do cuidado”.
“Neste tempo, em que a barca da humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com dificuldade à procura de um horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da pessoa humana e a bússola dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum. […] Não cedamos à tentação de nos desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis, não nos habituemos a desviar o olhar, mas empenhemo-nos cada dia concretamente por formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros”, finaliza