Quando o assunto é maquiagem, o acesso às informações e aos produtos para mulheres de pele negra é menor. De acordo com pesquisa realizada pela Avon Brasil, 79% das mulheres negras e pardas no Brasil não sabem qual é o seu subtom de pele e o que isso muda na hora de criar uma make.
Para a maquiadora e professora de auto-maquiagem Natalia Arantes, essa falta de informação é resultado da pouca diversidade na indústria de cosméticos e de treinamento para pessoas que fazem o atendimento ao público, no momento de comprar a maquiagem .
“É preciso qualificar promotores de venda na hora de orientar a pessoa a comprar. Na hora de comprar, atendentes ainda não estão preparadas para ajudar a mulher a enxergar seu subtom, além de testarem a base em áreas que não se deve testar”, diz a profissional.
Natalia explica que o subtom é a cor presente no fundo da pele. Segundo a profissional, os subtons podem variar entre tons quentes, frios e neutros. “Geralmentes as mulheres são instruídas a descobrir se o subtom de pele é amarelo ou rosado, mas essa dica não se aplica à pele preta, já que mesmo a pele mais clara até a mais retinta jamais terá um fundo rosado”, instrui.
Os fundos normalmente presentes em peles negras são amarelados, alaranjados, avermelhados ou até mesmo azulado, no caso de peles bem retintas. “Essa é a pele que mais precisamos prestar atenção na hora de maquiar. Qualquer deslize na escolha do produto e a pele fica acinzentada”, alerta Natalia. Existem também as peles de subtom neutro, também conhecido como fundo oliva.
Como descubro qual é o meu subtom de pele?
Saber o subtom da pele é o caminho para evitar que a pele negra fique acinzentada. A melhor maneira de fazer isso, de acordo com Natalia, é não tendo medo de se observar e de conhecer sua pele.
Para isso, ela orienta que os produtos sejam sempre testados no rosto e jamais na mão, porque os tons de pele do rosto e das mãos diferem do restante do corpo. “O melhor para pele preta é apostar em tons amarelados ou alaranjados, porque é muito mais difícil, diria quase que impossível, acinzentar a pele no resultado final”, orienta a maquiadora.
Natalia diz ainda que é importante não ter medo de testar os produtos antes de comprar. Ela diz ainda que é importante esperar o produto secar e oxidar para verificar se o tom vai ficar de acordo com o rosto.
Por que é importante que marcas se atentem ao subtom de pele em seus produtos?
Natalia conta que quando começou a maquiar, em 2015, só encontrava bases para pele preta em marcas internacionais, seja de tonalidades que vão da clara à retinta. “Eu tenho pele preta clara e mesmo assim não tinha base para mim no Brasil, falavam que para mim era bege médio. Por muito tempo tive que misturar bases para alcançar um tom próximo ao meu . Para ter base para todo mundo eu precisava importar”, narra.
Na visão dela, o mercado evoluiu muito nos últimos tempos e tem começado a se voltar para a diversidade de tons de pele. “Antigamente as marcas afirmavam que não produziam tons mais escuros porque não vendiam. A indústria de cosméticos predefiniu que a população preta não tinha poder aquisitivo para consumir esse produto e, por isso, não lançavam”, diz.
Ela indica a MAC e as linhas das blogueiras Bruna Tavares, Nina Secrets e Bianca Andrade como exemplo de marcas que buscam ampliar seus catálogos, alcançando dos tons mais translúcidos aos mais retintos. Além disso, contribui para esse movimento a cobrança de mulheres negras e brancas por diversidade nos produtos. “Acredito que estamos no caminho e que vamos chegar no ideal. “, diz.