Jaqueline Lima, tem 32 anos, mãe, esposa, fisioterapeuta e fisioterapeuta tântrica. Além disso, é praticante do BDSM há mais de 10 anos, sendo uma submissa, que é conhecida no meio como Lola Steinhot.
Em entrevista ao Delas, ela explica que muitos ainda têm uma visão muito errada sobre a submissão. Muitos ainda acham este fetiche se resume a se submeter às ordens de outra pessoa. Na prática, porém, vai muito além disso.
“A submissão para mim é algo que você se entrega, entrega toda sua dedicação, ou todo seu carinho, seu amor a uma pessoa”, conta.
A fisioterapeuta conta que nunca que imaginaria que faria isso quando era mais jovem, pois, tinha planos de ser freira na juventude. Mas, conforme foi ficando mais velha, descobriu na biblioteca comunitária onde trabalhava uma sessão de livros com o teor adulto. A partir de então ela começou a se interessar.
Quando fez 18 anos, Jaqueline começou a trabalhar em uma boate gótica, onde teve seu primeiro contato com o universo BDSM. “Quando meu chefe na época falou que seria uma festa BDSM, eu falei assim eu não tinha nem roupa para isso, nem fazia ideia do que era direito”, lembra.
Ela conta que nessa festa conheceu um dominante. “Ele falou que eu tinha muito conhecimento teórico, mas nenhum prático. Ele me perguntou se eu queria que ele me ensinasse. Basicamente assim que minha submissão começou, por curiosidade de entender como funcionava”, diz.
A seguir Lola conta quatro curiosidades sobre o fetiche de submissão e alguns mitos sobre ser submissa.
1. A submissa que escolhe
Escolher alguém para se submeter, não é algo que você deixa ou faz com qualquer um. Segundo Lola, esse é um engano que algumas pessoas que vêem de fora podem ter. Na verdade, a submissa que tem o total direito de escolha. Ela que escolhe o que e com quem vai acontecer, ela dá esse poder para a outra pessoa, porque confia nela.
“Eu estar me submetendo alguém é o meu direito de escolher, não o contrário. Quem escolhe a pessoa que vai dominar e vai tomar as rédeas de todas tudo da sessão é o submisso, não é o dominante. Se eu quiser entregar a minha coleira para aquela pessoa, é eu que vou escolher.”
2. Regra do São, Seguro e Consensual
A regra universal para qualquer praticante do BDSM é o SSC (são, seguro e consensual). Basicamente, serve para que toda a relação seja consentida e prazerosa para todos os envolvidos. Serve também para traçar uma linha em algo que pode ser abusivo e pode deixar sequelas em alguém por meses ou anos, uma regra que, segundo Lola não deveria ser só para o BDSM, mas para a vida.
“Em todo relacionamento ele tem que haver consentimento. Toda e qualquer prática que for realizada eu tenho que estar ciente de como será feito, o que é isso para comigo e com meu corpo, que tipo de objetos serão utilizadas… Assim eu consigo sentir que seja daquela forma, que seja utilizado esse objeto”. Lola acrescenta que também é preciso se assegurar para que as práticas não causarão nenhum dano físico, psicológico ou emocional.
3. Erros e acertos de filmes que “abordam” o que é ser submissa
Você já deve ter visto filmes como “50 Tons de Cinza” ou “365 DNI” , onde a relação do protagonista pode aparenta ser uma relação da submissa com o dominador. Contudo, segundo Lola, apesar desses filmes serem bons para trazer o debate do BDSM à tona, eles não correspondem à realidade da prática. Nesses filmes parece que a mulher foi forçada a estar ali, quando na verdade, nunca que uma submissa é obrigada a fazer nada, muito menos à força.
“Em 50 Tons, ela não teve controle da vida dela, porque ele foi invasivo em vários aspectos ele deu notebook, um carro e sim, algumas pessoas que forem entrar no BDSM, podem achar que vão ganhar também. Elas até podem, mas é uma realidade que não é para todos. Nesses filmes parece que a submissa tem que se submeter à servidão para conquistar essas coisas e não é assim”, esclarece.
4.Visão errada do que é ser submissa
Lola explica que não existe um manual de regras de como é se submeter a um dominador, que cada um faz suas próprias regras. A única coisa que existe é o respeito ao dominador ou dominatrix.
“Ela tem que ter tudo e mais um pouco que ela puder do dominador, não foi ele, ela que escolheu, que ela o chicote na mão dele o poder. Então os direitos que dela é de ser muito bem cuidada.”
Além disso, ela acrescenta que está cansada de ouvir que “nossa, a pessoa é submissa ou submisso porque quer deixar alguém bater, que horror!”, quando na realidade, ela não se submete para alguém bater nela.
“A verdade que eu estou dando o poder para ela a me bater e me dar prazer, então as pessoas ainda enxergam o quesito da submissão de uma maneira muito negativa, mas existe muito amor por trás da submissão”, encerra.