Setembro é época de alertar as mulheres de todas as idades sobre a importância da prevenção ao câncer ginecológico. Os tumores malignos podem afetar além do útero , outras partes que compõem o aparelho reprodutivo, como ovário, vagina e vulva. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), os cânceres ginecológicos são responsáveis por 19% dos diagnósticos da condição no mundo a cada ano.
O câncer do colo de útero é o terceiro mais comum em mulheres no Brasil, seguido, respectivamente, pelo câncer de ovário e corpo do útero, da vulva e da vagina. Apesar de serem mais comuns em mulheres na terceira idade, os tumores do trato reprodutor também podem acometer mulheres de outras faixas etárias.
“O diagnóstico precoce pode salvar vidas, mas muitas mulheres ainda vêem esse assunto como um tabu e por isso acabam não levando suas queixas para os consultórios”, explica Michelle Samora, oncologista. Para a especialista, a falta de conhecimento faz com que sinais iniciais da doença sejam ignorados, contribuindo para identificação tardia do câncer em órgãos femininos.
Sintomas
Segundo o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer (Ivoc), “como nem todas essas neoplasias apresentam sintomas no início da doença, as mulheres precisam incluir visitas anuais ao ginecologista, realizarem os exames necessários, como por exemplo o Papanicolau, e não esquecer de contar sobre o histórico de câncer em sua família, caso haja algum caso”.
Alguns sinais que podem servir de alerta são: dores pélvicas persistentes, não restritas ao período pré-menstrual, inchaço abdominal, flatulência, dor lombar persistente, sangramento vaginal anormal, febre recorrente, dores de estômago ou alterações intestinais, perda de peso acentuada, anormalidades na vulva ou na vagina e fadiga.
Câncer de colo de útero
Identificado pelo exame de Papanicolau, o câncer de colo de útero tem como principal fator de risco a infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV), que hoje pode ser prevenida com uma vacina e com o uso de preservativos nas relações sexuais.
Além da imunização, a realização de exames preventivos e visitas periódicas ao ginecologista são fundamentais para identificar lesões precursoras do tumor e começar a trata-la ainda em estágio inicial.
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Câncer de ovário
O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum em mulheres, ficando atrás somente do câncer de colo de útero. Trata-se do sétimo tipo de câncer mais comum em mulheres no mundo, com cerca de 314 mil novas pacientes diagnosticadas com a doença por ano. No Brasil, também ocupa a sétima posição entre as neoplasias mais incidentes no sexo feminino (excluídos os tumores de pele não melanoma).
Mais letal que o de mama, o câncer de ovário costuma ser detectado em estágio avançado porque é um tumor silencioso e de difícil rastreio. Não existem exames específicos para detectar a neoplasia que acomete o sistema reprodutor.
“De cada 10 pacientes, apenas duas têm o diagnóstico precoce. Nas demais, a doença é identificada em estágio avançado”, explica Maluf. Entre os fatores de risco que devem ser considerados estão: idade superior a 40 anos, histórico familiar, não ter tido filhos ou ter sido mãe após os 30 anos, além do uso contínuo de anticoncepcionais e reposição hormonal.
Câncer de corpo do útero
Apesar de ser mais comum em mulheres na menopausa, pode incidir em qualquer faixa etária. O câncer de corpo do útero pode aparecer em diferentes partes do órgão, mas o mais comum é o do endométrio – tecido que reveste internamente a parede uterina -, chamado de câncer do endométrio.
Câncer de vagina e vulva
Raros, os cânceres de vagina e de vulva são responsáveis por 7% dos tumores ginecológicos. O controle desses tumores é mais fácil quando a doença é localizada, ou seja, não se disseminou para outras partes do organismo. As causas do câncer de vagina são ainda desconhecidas, mas a infecção por HPV aparece como fator de risco. Já o câncer de vulva ocorre predominantemente em mulheres de 65 a 70 anos, e geralmente se apresenta como uma úlcera ou placa.
Prevenção
A vacina do HPV e uso de preservativo nas relações sexuais são duas das principais formas de proteção. “O HPV é o principal fator relacionado ao câncer do colo uterino, de vagina e de vulva. Quando tomamos conhecimento do agente causador do câncer do colo de útero, os dados são alarmantes, pois 90% das mulheres acometidas com câncer de colo do útero têm o vírus”, comenta Michelle.
Tratamentos
Apesar de o câncer de ovário ser preocupante, a medicina tem evoluído. Segundo Maluf, a primeira linha de tratamento do câncer de ovário, em geral, inclui cirurgia para a retirada do tumor, seguida por quimioterapia, mas é possível contar hoje com medicamentos, chamados de inibidores de PARP – enzima que atua no mecanismo de reparo do DNA das células cancerosas. Indicado para pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticadas ou quando a doença reincide, e que fizeram quimioterapia à base de platina e tiveram resposta completa ou parcial a esta terapia.