InícioMULHERAções qualificam e empoderam mulheres para o mercado de trabalho

Ações qualificam e empoderam mulheres para o mercado de trabalho

Acervo pessoal

Alunas da {reprograma}

O mercado de trabalho para as mulheres e pessoas LGBT+ continua sendo um cenário desigual, mesmo com avanços. Uma pesquisa feita pela Korn Ferry, empresa global de consultoria organizacional com 250 empresas no país, em diversos setores, mostrou que somente 37% das empresas possuem orçamento voltado para diversidade e inclusão. Deste total, 49,9% dizem que ocorreu uma evolução no cenário empresarial do ponto de vista da diversidade durante o último ano.

Além disso, o estudo Diversidade, Representatividade & Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós também mostra como as mulheres e a população LGBT+ segue sub-representada dentro do mercado de trabalho.

O estudo contou com a participação de 26.619 respondentes (Líderes, Não Líderes, Aprendizes e Estagiários) de diversas empresas.

Os dados mostram uma hegemonia de Homens (68%) , Brancos (64%) , Heterossexuais (94,6%) , Cisgênero (99,6%) e Sem Deficiência (97,3%) . Já quando pesquisados os grupos minorizados, os dados obtidos apontam: Mulheres (32%) , Mulheres Negras (8,9%) , Negros (33%), Indígenas (0,9%), Amarelos (2,5%), Lésbicas, Gays e Bissexuais (LGB) com 6%, Transgênero (T) com 0,4%, Pessoas com Deficiência (2,7%) e Pessoas com 50 anos ou mais (5,2%).

Estes levantamentos evidenciam o quanto determinadas parcelas da população ainda possuem dificuldade de se colocarem no mercado de trabalho.

Entretanto, como forma de superar essa desigualdade de gênero, há iniciativas que nascem com esse objetivo, como a {reprograma} e a mentoria de Gisele Miranda .

Nascido em 2021, a {reprograma} é uma iniciativa de impacto social que foca em ensinar programação para mulheres. O curso “Todas em Tech” tem uma duração de dois anos, que objetiva capacitar 400 mulheres de todo o Brasil nas áreas de programação front e back-end.

Ele conta com parceria do BID Lab, laboratório de inovação do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e mais 5 empresas da área de tecnologia: Accenture, Creditas, iFood, Meta e Nubank.

Uma pesquisa realizada pela consultoria global de tecnologia Thoughtworks, levantou dados sobre os perfis dos profissionais de tecnologia do Brasil.

Os dados mostram que os homem são 68% dos profissionais, enquanto mulheres 31,7%, e pessoas intersexo apenas 0,3%. Dentro das organizações, em 64,9% dos casos, as mulheres representam no máximo 20% das equipes de trabalho em tecnologia.

“O Todas em Tech surgiu para ensinar programação gratuitamente e dar a oportunidade de um futuro melhor por meio da tecnologia para mulheres em situações de vulnerabilidade social, econômica e de gênero, priorizando negras, trans e travestis de todo o Brasil”, explica a Silvia Follador, Gerente de Projetos.

“Além da capacitação em front-end e back-end, o projeto auxilia no aprimoramento de competências comportamentais (soft skills) e no desenvolvimento do portfólio das alunas, para conectá-las ao mercado de trabalho”, adiciona Follador.

Para fechar o ciclo de formação, a {reprograma} também conecta as alunas ao mercado de trabalho, por meio da plataforma elaborada com fundos do projeto para promover a conexão entre empregadores e programadoras.

“Nosso foco agora é possibilitar e consolidar a entrada dessas mulheres na área de tecnologia. Estamos estruturando um programa para apoiá-las para além do curso inicial e também elaborando novos cursos que beneficiem a progressão de suas carreiras”, argumenta a gerente.

A Software Engineer na Nubank e professora de programação na {reprograma}, Lilit Bandeira, foi ex-aluna do projeto e conta que a experiência de aprender somente com mulheres mudou muito sua perspectiva de vida, das possibilidades que existiam para ela, enquanto uma travesti periférica do interior do nordeste. “Pude desfazer tantas barreiras que construí ao longo da vida em ambientes predominantemente masculinos, onde eu não tinha voz, ou por não ter energia o suficiente para enfrentar todos”, relembra.

“A {reprograma} ainda me trouxe a certeza de que posso e desejo ser responsável por trazer mais pessoas que tiveram seu acesso historicamente negado ao espaço de trabalho da tecnologia. Atuar na área tem sido a realização de um sonho da adolescência, que por diversos motivos me foram negados e desviados”, finaliza Lilit Bandeira.

Gisele Miranda, Mentora de Carreira e Liderança, autora e palestrante, também busca ajudar mulheres e LGBT+, como forma de atenuar as desigualdades no ambiente corporativo.

“Estou há 25 anos auxiliando mulheres a despertarem 100% de seu potencial na carreira e na vida pessoal, fazendo com que elas se tornem protagonistas de sua própria história. A minha principal missão é fomentar e empoderar as lideranças femininas nas organizações, guiando mulheres e empresas rumo ao sucesso, e mais recentemente a população LGBT”, explica.

Para ela, o objetivo é não apenas auxiliar esses profissionais, mas também promover cada vez mais a diversidade nas empresas.

Ao longo de sua trajetória, ela já ajudou mais de 5 mil mulheres e, dessas, uma média de 4% é trans. “O número ainda é baixo, mas vem aumentando gradativamente. Há dois ou três anos, as trans eram cerca de 2%”, recorda.

Nos últimos cinco anos, a atuação feminina nas áreas de tecnologia aumentou 60%, saltando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil em 2019, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

“A área de TI e Tecnologia em geral se destaca entre as que as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço, junto com o Marketing Digital, em funções como Gestão de Tráfego e Design. Mas, sem dúvida, ainda é preciso abrir muito mais oportunidades para elas, por isso, qualificar as mulheres é fundamental”, avalia a especialista.

Últimas Notícias

MAIS LIDAS DA SEMANA