Merendeiras celebram profissão com amor, dedicação e afeto nas escolas municipais de Salvador

Publicado em: 28/10/2025 13:33

Reportagem: Priscila Machado/ Secom PMS

Na próxima quinta-feira (30), é comemorado o Dia da Merendeira Escolar, data que reconhece o trabalho de profissionais cuja rotina é marcada por afeto, zelo e compromisso com a alimentação saudável dos estudantes. Em Salvador, mais de 1 mil merendeiras atuam diariamente nas cozinhas das escolas municipais, garantindo que as crianças comecem o dia bem alimentadas e prontas para aprender.

“Eu me sinto feliz porque é algo que eu faço com amor. Dou a minha vida por essa área, principalmente porque eu trabalho com criança. Não tem nada melhor que oferecer um alimento diariamente e esperar um aluno devolver o prato e dizer: ‘Tia, eu comi tudo’. Eu ganho o mundo com isso”, revela Dejanira de Souza, merendeira há 22 anos da Escola Municipal de Ilha de Maré.

Foi graças à dedicação com que prepara as refeições na escola que ela já venceu quatro prêmios e viajou para lugares como o Chile, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, ora disputando prêmio, ora atuando como júri e até mesmo apresentando a sua receita a autoridades nacionais.

Em 2016, por exemplo, Dejanira foi vencedora do concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar, realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC). A escolha da receita foi feita entre 2,4 mil merendeiras de todo o país.

Já em 2017, a profissional apresentou o abará de aipim com carne moída no Palácio do Planalto e, no ano seguinte, foi a vencedora do reality show Super Merendeiras, exibido na TV Escola e apresentado por Eri Johnson. Mais recentemente, Dejanira foi campeã do especial Merendeiras, do programa televisivo Panela de Bairro.

“Eu nunca imaginei que a versão do abará nutritivo que eu criei com aipim e carne moída fosse fazer tanto sucesso. As merendas que as crianças mais gostam são a feijoada e o abará. O que eu mais gosto na minha profissão, além de preparar esses pratos diferentes, é de poder ensinar aos pequenos que o alimento é fundamental e que eles precisam se alimentar bem para crescer. Se a gente fizer apenas o que a criança come em casa, eles não iriam conhecer outras opções ricas em vitaminas e nutritivas. Gosto muito de passar esse ensinamento para eles”, explicou.

Para Niracy Menezes, de 56 anos, e merendeira também há 22 anos, mas da Escola Municipal de Bananeira, também em Ilha de Maré, a maior felicidade é ver os netos de consideração se alimentando.

“Eu acordo todos os dias às 5h para estar na escola às 7h. Quando eu chego ao meu local de trabalho, preparo um dejejum para as crianças. Muitas vêm sem ter feito a alimentação em casa. Quando elas chegam e veem a opção, ficam numa alegria tão grande, e eu, mais alegre ainda”, conta.

No dejejum, o cardápio varia entre mingau, biscoito, cuscuz de tapioca, cuscuz de milho com banana, ovos, batata cozida, banana da terra cozida, leite ou chocolate quente. “É uma alimentação que nós preparamos com amor e com carinho, mas sempre saudável. Não colocamos óleo, tempero pronto. A nutricionista é muito cuidadosa e nos orienta para que seja tudo muito saudável”, diz Niracy.

A profissão de merendeira, diz, não se reduz ao preparo, mas também o ensinamento. “Eu sempre uso frases de incentivo. Eu ensino as crianças a gostar, a dizer que está bom e que está gostoso, e quando vejo que elas comeram com satisfação, fico feliz e realizada. Eu me tornei merendeira justamente para fazer a diferença. Espero me aposentar nessa profissão, que é muito gratificante”.

E o que aquece o coração de Niracy são, justamente, os gestos de carinho dos pequenos: “Eles me chamam de vó. Eu só tenho um neto de sangue, mas tenho mais de 100 da escola. Quando eles chegam, vão direto para a cozinha me abraçar e me presenteiam com um sorriso. Não existe gesto melhor, nos faz esquecer qualquer problema. Então, a verdade é que a gente também aprende com eles, e, quando não tem aula, sinto muita falta”, ressalta.

Capacitações – Atualmente, a rede municipal de alimentação escolar conta com um total de 1.055 merendeiras, distribuídas nas unidades educacionais e atuando diariamente no preparo das refeições dos estudantes. O trabalho é realizado com a orientação dos nutricionistas da rede. Além disso, frequentemente essas profissionais passam por cursos de aperfeiçoamento e capacitação.

“Eu já fiz várias capacitações. Da primeira vez que eu tomei o curso, eu achava que já sabia de tudo, mas ao chegar lá, eu vi que ainda tinha muito a aprender. Cada dia é um momento para novos aprendizados. Aqui na escola, por exemplo, a gente faz o cachorro-quente vegano, que foi algo que eu aprendi no curso, e é uma delícia. Fazemos também o arroz temperado com brócolis e cenoura. Grande parte do aprendizado que nós tivemos nas capacitações, e a partir da orientação das nutricionistas, nós adotamos também na nossa alimentação em casa, o que tem nos proporcionado mais saúde”, descreve Niracy.

Memória afetiva – Segundo a nutricionista responsável pela alimentação da rede municipal de ensino, Juliana Garcia, o trabalho das merendeiras vai muito além da nutrição do corpo e da parte técnica e operacional da produção de uma alimentação segura e nutritiva.

“Essa profissão tem algo que eu considero muito importante, que é a memória afetiva que elas trazem para o aluno. Por toda a vida, os estudantes conseguem sentir o cheiro da comida na escola, lembrar do sorriso da merendeira, então cada prato que elas oferecem é uma maneira de, além de nutrir o corpo de cada uma criança e adolescente, aquecer o coração. E tudo isso influencia positivamente no aprendizado e no bem-estar de cada aluno dentro da escola. É um trabalho que faz muita diferença na vida deles”, avalia.

Juliana acrescenta, ainda, que o preparo da alimentação exige amor, carinho e dedicação: “Por isso, são profissionais que merecem ser lembradas, respeitadas e são muito queridas dentro das escolas”.

Fonte: Agência de Notícias do Estado da BA

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