Acostumado a uma rotina de exigências, força, resistência, precisão e muito controle emocional, o subtenente Adenilson Lopes (52 anos) ficou sem ação e sem palavras, em seu último dia de trabalho no Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar.
Não era para menos! A homenagem surpresa que recebeu na sexta-feira (23.10) levou ao quartel do Bope, em Cuiabá, quatro ex-comandantes da unidade, incluindo o atual comandante geral da Polícia Militar, coronel Jonildo José de Assis, e reuniu a tropa de operações especiais em sua continência.
Com 30 anos e 7 meses de serviços prestados como policial militar, o subtenente Adenilson, ou simplesmente ‘Sub Popaye’, como é conhecido, acaba de passar para a reserva remunerada, o que no meio civil é a aposentadoria. Ele ainda não sabe o que vai fazer a partir de agora, mas disse que, com certeza, parado não vai ficar.
‘Cateano 04’, o que significa o quarto policial a fazer o Curso de Ações Táticas Especiais (Cate) em Mato Grosso, ‘Sub Popaye’ também fez o mesmo curso no Rio Grande do Norte, onde é o ‘cateano 12’. E nesses anos todos de Operações Especiais não atuou somente por terra e água, também fez parte da equipe de operações especiais do grupamento aéreo (Graer), hoje Ciopaer.
Homem de poucas palavras, como costuma dizer, o subtenente ouviu muito sobre si mesmo durante a homenagem surpresa. O comandante do Bope, tenente-coronel Ronaldo Roque da Silva, destacou, entre outras qualidades do policial, a capacidade técnica, disposição, honestidade, empenho e carisma. “Um policial exemplar que contagia a todos”, completou.
E como exemplo das ações de repressão a criminalidades da qual o ‘Sub Popaye’ participou, Roque citou uma operação de buscas a assaltantes de bancos que se estendeu por 35 dias em área de mata fechada no interior do estado.
O ex-comandante coronel RR Altair Balieiro fez uma lista de qualidades do subtenente: valente, corajoso, destemido, capaz, competente. “Um policial que orgulha a Polícia Militar e em que a tropa deve se espelhar”, citou.
O comandante geral, coronel Assis, disse ser grato à convivência e ao aprendizado que adquiriu com o ‘Sub Popaye’. Primeiro, em seu primeiro curso de operações especiais como oficial em início da carreira, e depois comandante do Bope. “Parabéns pela carreira, por sua trajetória e tudo que representa para a Polícia e nós, policiais militares”, completou.
Os outros dois ex-comandantes do Bope que participaram da homenagem são os coronéis Zaqueu Barbosa e Celmo Fernandes. Também participou das homenagens o coronel Carlos Eduardo Pinheiro, comandante do Cesp (Comando Especializado), divisão da PMMT que reúne os batalhões especializados -Bope, Rotam, Cavalaria, Ambiental e Trânsito.
História
‘Popaye’ apelido que recebeu quando ingressou na PM, ainda durante o curso de formação soldado, o hoje subtenente acredita que foi inspirado em seu porte físico, no gosto pelos treinos e a semelhança com o personagem Popaye do desenho animado. Desde então, só é Adenilson Lopes nos documentos e momentos formais.
‘Popaye’ é um ‘cateano’ com formação, entre outras, de paraquedista e atirador em combate. Também e instrutor em cursos e já representou Mato Grosso nas operações especiais servindo por quase dois anos na Força Nacional de Segurança.
Fora do quartel, orgulha-se como pai da Alecianne, Denison, Denisson, Paulo Ricardo e João Pedro e avô do Kauan e Miguel. E marido de Adriana Oliveira. Demonstra mais orgulho ainda ao dizer que, inspirado nele, os filhos querem ser policiais militares.
Homenagem
O ‘Sub Popaye’ recebeu do comandante geral, coronel Assis, uma moeda comemorativa dos 185 anos, trás de um lado o brasão de armas da PMMT e o desenho do Quartel do Comando Geral. Do Bope, um texto de agradecimento escrito sobre o tecido da farda de patrulhamento rural usada pelo subtenente e uma camiseta com a foto dele e nome Popaye.
Emocionando, ‘Subtenente Popaye’ disse que estava agradecido não só por esse dia, as homenagens, mas por todo o tempo de permanência na instituição. “Agradecido por essa conquista, entrar de cabeça erguida e estar saindo de cabeça erguida, pela porta da frente”, concluiu.