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Médicos sem Fronteiras reforça ações de combate à Covid-19 em presídio de Corumbá


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De forma humanitária e com ênfase no oferecimento de atenção médica devida, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) está recebendo o apoio da equipe da organização internacional Médicos sem Fronteiras (MSF). A parceria inédita tem como foco a assistência aos reeducandos do Estabelecimento Penal de Corumbá (EPC).

A demanda surgiu a partir do aumento dos casos por Covid-19 entre os internos do presídio. Primeiramente, foi realizada uma avaliação do estado de saúde dos internos, bem como, análise dos riscos de contaminação dos servidores que atuam no local.

O trabalho visa o tratamento, cuidados preventivos para casos suspeitos e atende o pedido da Secretaria de Estado de Saúde (SES), reforçando as ações da equipe dos infectologistas Júlio Croda, Mariana Croda e Maurício Pompílio, que realiza atendimento constante dentro das unidades penais do estado, com foco no combate à proliferação do coronavírus.

Conforme Mariana Croda, a parceria foi buscada com o intuito de sanar as deficiências da assistência em relação ao Covid-19 para as populações vulneráveis, após a experiência junto à população indígena, foi solicitado o atendimento ao sistema prisional.

“Considerando a falta de equipe de saúde especializada para atuar no presídio de Corumbá, assim como, o aumento dos casos notificados, colocamos o município como área de maior fragilidade, uma vez que também apresenta a maior letalidade do Covid-19 em MS. Após uma visita de campo, fomos prontamente atendidos pela organização”, explica a especialista.

Com início este mês, as atividades também consistem no gerenciamento do fluxo de pessoas, levando orientação médica, assim como primeiros socorros psicológicos, recomendações relacionadas à água e saneamento, além de implementação de medidas de prevenção e controle de infecções.

Palestra sobre prevenção à Covid-19 foi ministrada aos reeducandos pela equipe de Médicos sem Fronteiras

Os cuidados médicos oferecidos por MSF em todos os seus projetos em mais de 70 países são gratuitos, de maneira que toda a logística e insumos é por conta da organização. Em Corumbá, os trabalhos estão sendo desenvolvidos por um médico, um enfermeiro e um técnico de enfermagem, que também estão monitorando os casos mais graves, de forma a impedir que o vírus se espalhe para fora da prisão.

De acordo com a coordenadora do Médicos sem Fronteiras realizado em Corumbá, Irene Huertas Martín, a previsão é que os trabalhos aconteçam até o dia 10 de outubro.

“Somos uma organização humanitária de emergência, nossa atuação é frequentemente pontual em um momento de crise. Vamos continuar avaliando as necessidades do sistema prisional do estado e a possibilidade de atender outras unidades penais, de acordo com os recursos disponíveis”, informou Irene, ressaltando que o projeto integra a Missão da Covid-19 no Brasil realizada pelo Médicos sem Fronteiras.

Atualmente, a organização também vem atuando em aldeias indígenas do município de Aquidauana, assim como, no Hospital Regional da cidade.

O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, ressalta que o apoio recebido das instituições tem sido essencial para o enfrentamento à pandemia no sistema prisional do estado, principalmente pelo fato de o ambiente de encarceramento e o grande volume de pessoas no mesmo espaço ser um desafio a mais a ser enfrentado. “Esse reforço dos Médicos sem Fronteiras, aliado aos protocolos de prevenção já adotados, vai garantir um atendimento mais especializado aos reeducandos, priorizando a não proliferação do vírus”, complementa.

A Agepen realiza o acompanhamento sistêmico da evolução da doença em casos detectados, bem como, toma todas as providências necessárias para contenção e prevenção de novos casos. Para isso conta com ação conjunta entre a Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio da Divisão de Saúde e Trabalho Prisional; Secretaria Estadual e municipais de Saúde.

Dados do Comitê de Gestão e Acompanhamento das Medidas de Enfrentamento à Covid-19 nas unidades prisionais do estado, instituído pela agência penitenciária, apontam que no momento 154 custodiados seguem em tratamento para a doença no Estabelecimento Penal de Corumbá e outros 255 já estão curados. Em todo o Estado foram 1.647 registros positivos entre internos do sistema prisional, dos quais mais de 82% já recuperados.

Para o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, a contribuição dos Médicos sem Fronteiras está sendo muito importante para Mato Grosso do Sul, no apoio à população carcerária no município de Corumbá. “Essa organização humanitária tem feito um trabalho elogiável, principalmente, em Corumbá. Certamente, a história saberá reconhecer a participação dos Médicos sem Fronteiras no enfrentamento à Covid-19. Quero manifestar a minha gratidão, uma vez, que eles já nos atendem em outros municípios como em Aquidauana e Sidrolândia, colocando toda a sua estrutura com objetivo de evitar óbitos das populações mais vulneráveis”.

Quanto à parceria com a Agepen, Geraldo destaca que o Sistema Prisional de Mato Grosso do Sul tem sido um exemplo. “Somos o Estado que melhor fez o enfrentamento da Covid-19 no Sistema Prisional. O Estado, percentualmente, é um dos que tem a maior população carcerária do país, para tanto, essa parceria entre o sistema de saúde da Agepen com o sistema da Secretaria de Estado de Saúde e com os municípios, fez com que a gente pudesse ter uma boa performance no enfrentamento à Covid-19. Então, quero enaltecer essa parceria entre as duas equipes”.

Médicos sem Fronteiras

Considerada uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica.

Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos.

Os profissionais passam por rigoroso recrutamento e todo o atendimento é custeado pela organização

Com serviços sempre gratuitos, MSF realiza um rigoroso recrutamento dos profissionais e todo o atendimento é custeado pela organização. Além disso, vem seguindo a evolução da pandemia no país desde seu início, com foco na atenção a populações vulneráveis. Os trabalhos iniciaram no Brasil no início de abril, com a população em situação de rua em São Paulo. Posteriormente, foram realizadas atividades no Rio de Janeiro e no Amazonas.

Atualmente, além do Mato Grosso do Sul, são mantidos projetos em atividade nos estados de São Paulo e Roraima. E treinamentos com foco na prevenção e controle de infecções já estão sendo realizados para atender os municípios de Goiás.

Tatyane Santinoni e Keila Oliveira – Agepen

 

Fonte: Governo MS

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