Esta quarta-feira amanheceu com densa fumaça encobrindo toda a região do alto Pantanal de Corumbá, prometendo ser um dos dias mais quentes nesse período de seca e incêndios florestais. Às 6h a temperatura já chegava a 28 graus, com sensação térmica de 30 graus, e umidade relativa do ar em 58%. Um cenário cinza, ambiente silencioso sem as embarcações navegando. Aves circulam sem direção, em busca de abrigo, que foi destruído pelo fogo.
Os bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Paraná se mobilizaram logo cedo, ao amanhecer, para a troca de turma que fará o monitoramento da área com maior intensidade de focos: o vale das baias Mandioré e Taquaral, onde, durante três dias, foi construída uma linha negra (contrafogo) de três quilômetros para conter o fogo que avança em direção à Serra do Amolar. Se esse fogo passasse, poderia se tornar incontrolável e atingir 70 mil hectares de reservas.
“A estratégia deu certo, o fogo chegou na linha e extinguiu-se”, informou a tenente bombeiro paranaense Luisiana Guimarães. Ela esteve à frente da difícil tarefa de controlar os focos numa região sensível ambientalmente e refúgio de pequenos e grandes animais, como a onça-pintada e o tatu-canastra (ameaçado de extinção). O difícil acesso, a partir da base montada na sede da RPPN Eliezer Batista, foi um dos desafios: são 8 km, grande parte de caminhada.
A coordenação da Operação Pantanal II definirá, em reunião na Marinha, em Ladário, as próximas etapas de prevenção e combate aos focos de calor em Corumbá. As guarnições dos bombeiros de MS e do PR que atuam na região do Amolar por mais de uma semana estão sendo desmobilizadas, reassumindo as equipes que estão chegando de Santa Catarina e do Distrito Federal. O fogo, nesse momento, avança em direção à Baía Vermelha, fronteira com a Bolívia.
No meio da manhã, foi descartado o combate aéreo, devido a falta de visibilidade. O helicóptero do Ibama realizaria lançamentos de água nesta manhã, mas a operação foi abortada devido a densa fumaça que ainda encobre toda a região. Mesmo nestas condições climáticas, muitos barcos-hotéis circulam pelo Amolar, até a divisa do Estado com Mato Grosso, com centenas de pescadores esportivos. Mas o rio não está para peixe…
Texto e fotos: Sílvio de Andrade