Cena inusitada em uma unidade da rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES) lembrou um filme de ficção científica, com tecnologia avançada a favor da assistência em saúde. Internado na UTI Geral 1 do Hospital Dr. Carlos Macieira, o lavrador Jessé Chaves, de 57 anos, mergulhou em uma experiência sensorial singular.
Através dos óculos de realidade virtual, José Chaves revisitou um pedaço da sua memória, observando cenas virtuais de uma praia. Para Jessé, que também trabalhou como pescador, foi mais do que um simples vídeo, e, sim, uma janela para uma vida vivida entre as marés.
Jessé foi internado no hospital e faz tratamento de sepse por infecção de partes moles. Ele encontrou na equipe do hospital um acolhimento que ia além das limitações físicas impostas pela enfermidade. “Os profissionais cuidam muito bem de mim. Queria dar nota dez”, comentou ele, emocionado.
A tecnologia, aliada ao carinho do cuidado humano, ofereceu ao paciente um breve escape da realidade dura de uma UTI.
Tecnologia
A terapeuta ocupacional Adriane Fonseca explicou que o uso dos óculos de realidade virtual é parte de uma abordagem mais ampla de cuidado humanizado, um princípio norteador do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de uma curadoria criteriosa, vídeos e imagens são selecionados para cada paciente, buscando resgatar suas memórias e preferências.
“Podem ser tanto imagens de paisagens naturais ou ambientes com mais adrenalina, como um passeio numa montanha-russa”, conta Adriane.
A tecnologia ajuda a minimizar os impactos psicológicos da internação, oferecendo experiências que evocam sensações de conforto e familiaridade.
Além de proporcionar um alívio emocional, os óculos de realidade virtual têm efeitos terapêuticos comprovados, incluindo a diminuição do uso de sedativos e a melhora na mobilização passiva dos pacientes, frequentemente acompanhada de fisioterapia.
“Ele auxilia na parte da mobilização passiva, junto com a fisioterapia. A gente pode estar utilizando com o ciclo ergométrico e simular que o paciente está fazendo pedal e utilizando óculos. Ajuda na melhora da dor, significativamente”, detalha Adriane.
A médica intensivista Rosimarie Salazar, coordenadora da UTI com mais de 25 anos de experiência, ressalta que a tecnologia é um complemento essencial ao atendimento psicossocial que o hospital se compromete a oferecer. “Nosso cuidado não é só biológico, ele é psicossocial. As políticas de humanização do SUS incluem justamente isso, olhar o doente como um todo, trazendo pra cá, pra dentro, todos os seus valores, a sua rotina e sua história de vida”, enfatiza.
Ao lado da tecnologia, a UTI Geral 1 também se dedica a manter o vínculo dos pacientes com suas famílias, permitindo acompanhamento 24 horas e suporte contínuo de psicologia e assistência social. “A família tem um papel muito importante na assistência”, acrescenta Rosimarie. “A gente precisa também acolher essa família, não somente o paciente”, completa.
Outras práticas, como passeios terapêuticos no jardim do hospital e caminhadas na orla, se somam ao esforço de humanização. “É muito bom saber a evolução que a medicina já nos trouxe. Saber que os maranhenses, todo o povo maranhense, consegue ter esse cuidado, tanto tecnológico quanto humanizado. Então, é o melhor cuidado que a gente tem oferecido ao povo do Maranhão”, finalizou Rosimarie.
O Hospital Dr. Carlos Macieira é referência no atendimento multiprofissional de alta complexidade, e oferece mais de 37 especialidades, além de contar com uma infraestrutura moderna e completa. A unidade da rede estadual é gerenciada pelo Instituto Acqua.
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