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Linda Brasil ressalta reunião na Delegacia de Crimes Cibernéticos

Publicado em: 04/11/2025 13:55

Uma reunião na Delegacia de Crimes cibernéticos com a finalidade de detalhar investigações sobre ataques de cunho transfóbico, foi tema de discurso na Tribuna da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) durante a Sessão Plenária desta quarta-feira (4) pelo deputada Linda Brasil (Psol). 

“Antes de vir para a Alese, eu participei de uma reunião com os delegados André Baronto e Érico Xavier, que conduziram as investigações de três pessoas que foram indiciadas pela Polícia Civil do estado de Sergipe por ataques de cunho transfóbico. Essas pessoas foram identificadas e um caso foi denunciado pelo Ministério Público de Sergipe. Parabenizo a todos que fazem a Polícia Civil e, principalmente, a Delegacia de Crimes Cibernéticos, pois essa ação manda um recado muito claro: a Internet não é uma terra sem lei”, observa.

Linda Brasil alertou que quem comete crimes nas redes sociais escondido atrás de um tela será encontrado, investigado e responsabilizado. “O racismo transfóbico, que é o ódio contra a nossa existência enquanto pessoas trans, é um crime e a justiça será feita. Infelizmente, desde quando eu fui eleita democraticamente, venho sendo vítima de vários ataques desse tipo. Que esse tipo de ação e ataques de violência virtual, seja contra mim ou qualquer pessoa, não fique impune, pois a lei vale para o mundo real e para o mundo digital. O delegado Baronto me disse que no caso virtual, há uma potencialização nas penas porque acaba sendo propagado para outras pessoas. Seguiremos lutando por um ambiente seguro sem ódio e sem perseguição e discriminação. Fico muito feliz de saber que as investigações estão andando e foram iniciadas a partir de várias ameaças que eu sofri há dois meses quando alguns parlamentares distorceram minha fala dizendo que eu estava na escola fazendo ideologia. Recentemente fui ameaçada novamente de morte. Já são nove ameaças, mas as investigações estão continuando”, destaca.

Operação da PF

A deputada destacou a Operação Nuremberg, desenvolvida pela Polícia Federal para apurar a veiculação de símbolos racistas associados ao nazismo por meio de perfil anônimo em rede social. “A operação foi deflagrada pela Polícia Federal com apoio das polícias civil e militar de Sergipe, além do Ministério Público Estadual prestando suporte institucional, tendo como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão contra integrantes do grupo neonazista com atuação aqui em nossa capital. É um absurdo que em pleno século XXI ainda há pessoas se organizando para defender ideias que nasceram no nazismo, um regime responsável  pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus e de milhões de pessoas negras, ciganas, pessoas com deficiência, homossexuais, comunistas e dissidentes políticos. O neonazismo é tentativa de reviver e atualizar essas ideologias genocidas, que se alimentam do racismo, do ódio às mulheres, da LGBTfobia, do capacitismo e do autoritarismo. Esse grupo prega a supremacia branca e a eliminação de quem consideram inferior. É o retorno de um modelo de sociedade que nega humanidade e grande parte das pessoas. Quando um grupo desses se organiza aqui em Sergipe, não é um caso isolado, é um alerta grave de que o discurso de ódio está se transformando em ação política e criminosa”, entende. 

Consciência Negra

A parlamentar também falou sobre as celebrações alusivas ao mês da Consciência Negra. “Nesse momento, é tempo de reafirmar compromisso, olhar para o passado e agir no presente para transformar o nosso futuro. A Consciência Negra é antes de tudo consciência política; é reconhecer que o Brasil foi construído com trabalho escravizado e a resistência do povo negro. O racismo estrutural continua negando oportunidades e silenciando vozes negras, ceifando vidas. Ainda vivemos em um país onde à cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado e as mulheres negras são as que mais sofrem com o desemprego, a violência doméstica e a falta de acesso à saúde. O racismo religioso, a violência policial e a desigualdade social continuam a atingir de forma brutal as comunidades negras, quilombolas e periféricas”, enfatiza.

A parlamentar lembrou que novembro é um mês de resistência e denúncias, mas também de esperança e mobilização. “É um momento de lembrar Zumbi dos Palmares, Dandara, Luiza Bairros. Mariele Franco e tantas outras lideranças que abriram caminho de luta e dignidade. Como mulher parlamentar, reitero aqui o meu compromisso com essa luta, pois não existe democracia verdadeira enquanto o racismo estrutural continua determinando quem vive e quem morre; quem tem voz e quem é silenciado. Peço que a Mesa Diretora da Alese paute nesse mês, os diversos projetos relacionados à pauta do movimento, a exemplo de dois projetos voltados para beneficiar as marisqueiras, que também são mulheres negras”, complementa Linda Brasil.

Foto: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese

Fonte: Agência de Notícias do Estado de SE

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