Um prato simples ou especial. Cozinhar é divertido, traz boas lembranças e memórias afetivas, como aquele cheirinho do bolo da avó. Muitas prosas e histórias se passam ao redor de uma mesa. O preparo dos alimentos também exige concentração, disciplina, movimentos físicos, “ingredientes” que podem servir como terapia.
Para estimular essa prática, especialmente durante a pandemia, o Governo de Goiás e a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) oferecem a Cozinha Terapêutica nas unidades de apoio à terceira idade.
A atividade, que antes era realizada em grupo, teve de ser adaptada para evitar a contaminação pelo coronavírus. Agora é feita nas casas-lares dos moradores, com acompanhamento de colaboradoras que vão devidamente paramentadas e seguem todos os protocolos sanitários.
A psicóloga Andréia Redaelli, uma das profissionais envolvidas na oficina do Centro de Idosos Vila Vida, pontua que a adaptação da Cozinha Terapêutica foi uma forma de trabalhar a mente e o corpo neste período em que os idosos não podem fazer todas as atividades oferecidas pela unidade.
“Antes, eles faziam hidroginástica, treinamento funcional dança, interagiam bastante. Com a pandemia, tivemos que motivá-los de alguma forma. E a culinária foi a melhor maneira, porque melhora a coordenação motora, a confiança em si próprios. E enquanto preparam os alimentos, conversam, resgatam histórias e aliviam o estresse provocado pelo isolamento social”, explica.
Segundo Andréia, as receitas são escolhidas de forma criteriosa, os profissionais procuram saber se o idoso tem alguma restrição alimentar e seguem orientações da equipe de nutrição. “Sugerimos uma receita fácil e saudável, checamos se o idoso não tem problemas, como hipertensão, diabetes, por exemplo, até para escolhermos os ingredientes. Dessa forma, os incentivamos a buscarem uma alimentação mais nutritiva.”
Motivação e boas lembranças
Moradora do Centro de Idosos Vila Vida, Isabel Maria de Oliveira esbanja vitalidade aos 80 anos. Ela se empolga ao cortar as frutas para fazer uma vitamina com a ajuda da cozinheira Marina Lúcia.
“É bom ter companhia. As meninas são atenciosas, ficam alegres em ouvir minhas histórias. O tempo passa mais rápido”, conta, ao lembrar da época em que morava na fazenda e observava a mãe cozinhar para dezenas de peões. “Naquele tempo era tudo mais difícil. Tinha que trabalhar pesado, cozinhar no fogão caipira. A gente aprendia a fazer tudo em casa muito cedo”.
Francisco Luiz Domingos, 72 anos, também morador da Vila Vida, diz que sente falta de fazer um bom almoço para receber os seus vizinhos no fim de semana. Mas garante que tem se adaptado à nova realidade. “Essa pandemia nos obrigou a afastar dos nossos amigos e parentes, dá uma certa tristeza, e, na oficina a gente conversa com as instrutoras e aprende coisas novas. Tem sido uma experiência boa”, garante.
A Cozinha Terapêutica também faz parte das atividades oferecidas pelo Centro de Idosos Sagrada Família (Jardim Bela Vista), Espaço Bem Viver I (Setor Cândida de Morais) e Espaço Bem Viver II (Setor Norte Ferroviário), na capital. Os dois últimos são centros de convivência e tiveram as atividades presenciais suspensas por conta da pandemia. Os frequentadores estão recebendo conteúdos on-line.
Mais qualidade de vida
A diretora-geral da OVG, Adryanna Melo Caiado, ressalta que desde o início da pandemia, a Organização passou a adotar uma série de protocolos de segurança na Sede e nas unidades, mas sempre garantindo a qualidade dos serviços oferecidos.
“Procuramos adaptar essa nova realidade oferecendo atividades que contribuam para o bem-estar de dos nossos usuários. Na Cozinha Terapêutica, por exemplo, os idosos estão interagindo com as colaboradoras, se movimentando, relembrando as coisas boas do passado. É uma atividade completa que os deixam mais dispostos e felizes.”
A presidente de honra da OVG e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais, primeira-dama Gracinha Caiado, afirma que ações de amparo e proteção a idosos têm sido priorizadas pelo Governo de Goiás.
“Tivemos, recentemente, o reconhecimento do Governo Federal das ações de prevenção promovidas pelo Estado contra o coronavírus. Apresentamos o menor número de mortes por Covid-19 em instituições de longa permanência durante a pandemia. Estamos levando melhorias e reformando as unidades da OVG que atendem a terceira idade para proporcionar mais qualidade nos atendimentos. Nossos idosos são prioridade e precisam de nosso carinho e cuidado”, pontuou Gracinha.
Foto: Aline Cabral
Comunicação OVG