Um ano marcado pela pandemia da Covid-19, mas com importantes conquistas para Goiás, foi o panorama apresentado pelo titular da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, na audiência pública para prestação de contas relativas ao segundo quadrimestre de 2020 na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego).
Ismael Alexandrino participou presencialmente da audiência, o que foi destacado pelo presidente da Comissão de Tributação, Finanças e Orçamento, o deputado Karlos Cabral (PDT). Todos os protocolos de segurança foram respeitados.
Alexandrino resumiu, em números, gráficos e agradecimentos o resultado do planejamento, empenho e recursos investidos pelo Governo de Goiás, por meio da SES, e da colaboração da Alego, da sociedade e, sobretudo, dos trabalhadores da saúde.
Entre os destaques, citou a criação dos Hospitais de Campanha (HCamps) em Goiânia e interior, com a ampliação dos leitos de UTIs, o aumento do número de transplantes realizados pela SES e a redução da mortalidade infantil.
Alexandrino lembrou que, enquanto o País vive uma queda nos números de transplantes, Goiás realizou no período 138 transplantes renais e 8 de fígado, com 141 órgãos captados e 41 doadores efetivados. Ressaltou que, enquanto na média brasileira os pacientes esperam três anos por um transplante de rins, em Goiás 77,2% aguardam menos de um ano. Outros 57,9%, menos de seis menos.
Combate à Covid-19
“Impossível prestarmos conta sem mencionar a Covid-19”, disse, ao falar do Painel da Covid-19, onde estão registrados mais de 200 mil casos de contaminados e de 5 mil óbitos. “Faço referência a cada óbito, com profundo respeito e pesar às famílias”, lamentou.
Por outro lado, lembrou os 95% de pessoas recuperadas da doença. “Isso nos motiva e traz alento”, ponderou, citando ainda outros dados do painel, como doenças associadas, perfil de pacientes, quadro específico de profissionais de saúde contaminados e índice de letalidade, outro ponto positivo para Goiás, que registra 2,2%, contra 3,3% do País.
Alexandrino destacou a estratégia do investimento em testes RT-PCR e não os testes rápidos. “Não tinham a precisão diagnóstica de que precisávamos”, justificou, ao citar os quase 500 mil testes padrão-ouro realizados no Estado. Sobre os leitos para Covid-19, que são dinâmicos no painel, conforme o horário, lembrou que são hoje 363 em UTIs e 676 de enfermaria implantados em 16 hospitais – nem todos de campanha. “Mesmo nas unidades que já existiam, ampliamos (os leitos) em hospitais como o de Anápolis, que recebeu mais 18 UTIs para prover a assistência à população, superando mil leitos de Covid-19 implantados”, disse.
Apontado como emblemático, um gráfico mostrou o que o secretário considera o retrato da gestão do governador Ronaldo Caiado na pandemia. Em resumo, as linhas do gráfico destacaram que até 23 de março a ocupação de UTIs na rede estava em quase 90%. “Se não tivéssemos ampliado (os leitos), o sistema teria colapsado no dia 17 de maio. Felizmente, a população nunca ficou desassistida por falta de leitos”, comemorou.
Legado
“Sempre preocupamos em deixar um legado para o Estado de Goiás”, disse, ao explicar que, com exceção ao Hcamp de Águas Lindas, os demais hospitais manterão as estruturas e os leitos de UTI. “Uma rede que antes estava quase saturada, na pós-pandemia terá a capacidade muito aumentada, o que tornará possível a realização de muitas cirurgias eletivas e ampliar atendimento em todas as macrorregiões do Estado (…), diminuindo a necessidade de se percorrer grandes distância em busca de atendimento”, destacou Alexandrino.
Ainda como conquistas, o titular da SES citou como muito significativa a taxa de cobertura na atenção primária de 70,9% no Estado, acima dos 70% preconizados como ideal. Para se ter uma ideia, São Paulo registra 56%. “Isso é estruturante e reflete em um de nossos grandes desafios, que foi tirar a taxa de mortalidade de 13,8% de mil nascidos vivos para a taxa de 9,9% — a taxa brasileira é de 12,5%”. Os indicadores de internações por condições sensíveis na atenção básica, por sua vez, chegaram a 23,4% em Goiás. Quanto menor de 26%, melhor. Assim, não é necessária a internação.
Dengue e mamografias
Embora com ressalvas, citou também a queda nos casos de dengue, de 42%. “Este ano, além de mais quente, os sintomas podem ser confundidos com a Covid-19”. Em relação a mamografias, que também registraram ampliação no atendimento, citou a Policlínica de Posse, que dispõe de uma carreta com mamógrafo ambulante e outro fixo. E, para marcar o Outubro Rosa, anunciou: “No dia 16, entregaremos um mamógrafo digital novo no HGG, porque estamos começando as atividades eletivas naquela unidade.”
Como fontes de custeio dessas e outras conquistas, destacou, no gráfico, os R$ 255 milhões em verbas federais ‘carimbadas’ de outros projetos, do Estado e municípios, que estavam parados desde 2008 e que seriam devolvidos. “Apresentamos ao Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e ao Ministério da Saúde (MS) projeto para que pudessem ser liberados para Covid”, contou. “Mesmo diante da pandemia, nos preocupamos em contribuir com a economia do Estado”, completou.
O secretário também agradeceu à Alego pela destinação de R$ 10 milhões. “Toda empenhada e liquidada”, avisou, citando o HCamp de Goiânia como um dos destinatários do recurso, juntamente com o Hcamp de Porangatu. O secretário reconheceu ainda a importância a Casa pela aprovação da descentralização de R$ 1 milhão para a Goiás turismo, o que possibilitou ao órgão a contratualização de leitos na rede hoteleira para que profissionais de saúde permaneçam em quarentena.
E abriu um parêntese para agradecer aos trabalhadores da saúde que, mesmo com a insegurança diante de um inimigo perigoso, realizaram grandes serviços à população. “Muitos se contaminaram e alguns tiveram as vidas ceifadas. A todos, nosso reconhecimento, agradecimento e gratidão”.
Cronograma de obras
Antes de responder às perguntas dos deputados, Alexandrino garantiu que o cronograma de obras em outras áreas da saúde não está parado. Isso vale para as Policlínicas e para o Hospital de Uruaçu. “Temos de 100 a 130 homens trabalhando diariamente lá, e ele será concluído este ano, para entrar em operação no primeiro semestre de 2021 em operação”, adiantou.
Apelidado pelo secretário de Gigante do Norte, a unidade em Uruaçu tem perfil de hospital geral, maternidade e outras especialidades e contará com 240 leitos. Sobre o hospital de Águas Lindas, anunciou que novo edital de licitação será publicado nos próximos dias – a licitação anterior foi fracassada, em virtude de problemas da empresa vencedora. A unidade também deverá entrar em funcionamento em 2021.
Os pontos apresentados por Ismael Alexandrino contribuíram para que o Estado atingisse a vinculação constitucional de 12% da receita líquida investidos na Saúde, com 11,96% no primeiro quadrimestre e 12,96% já obtidos no segundo quadrimestre. “Cumprimos antes de dezembro”, comemorou. Sobre os repasses do tesouro aos municípios, destacou a regularidade, e citou como principais destinações o Programa de Saúde de Família, as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA), o fortalecimento filantrópico e o Samu.
Outros pontos relatados na prestação de contas à Alego:
Número de internações por Covid – 24.832.
Atendimentos de urgência/emergência – 20.436.
Atendimentos de Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia (SADT) – 278.353.
Convênios (nove unidades em nove regiões de saúde) – 81.191.453,64 ao ano.
Repasses para custeio e contratos com organizações sociais (OS) – Em 2018 foram 129,8 milhões. R$ 120,4 milhões em 2019 e em R$ 123,5 milhões em 2020, sobretudo com a expansão de estruturas como os HCamps de Goiânia e interior.
Produção dos HCamps – 24.832 pacientes-dia, com 5.495 internações, 20.436 atendimentos de urgência e emergência e 278 SADT.
Só o HCamp de Goiânia foi responsável por, respectivamente: 14.325 pacientes-dia, 3.229 internações, 13.609 atendimentos de urgência e emergência e 197.061 de SADT.
Fotos: Iron Braz/Comunicação Setorial da SES-GO